sábado, 5 de julho de 2014

Os hospitais respiram o ar noturno enquanto os pacientes dormem o sono putrefaço de dias infinitos. Não se sabe quando sairão dali. E eu passando por entre as janelas acessas, porque lá, não há noite, nem sono real. Luzes artificiais brilham o tempo todo por sobre a face daqueles corpos que um dia dançaram e sorriram. Eles ali. Eu aqui. Vendo, de fora, o corpo que se desfalece, que escorre e desfaz. Já dizia um velho amigo: viva, porque a morte é certa.
E ele tinha razão. Estamos morrendo a cada segundo que passa. Mas podemos estar vivendo a cada segundo que passa, vivendo morrendo soa bem melhor que só morrendo.
Somos tão imensos e quando essa imensidão esbarra com a imensidão do outro, é um choque tão bonito. Dois universos, que se enxergam, que se sentem, que se amam. Ou nem precisam amar. Bastar ser corpo e entender que o outro é corpo também, corpo que pensa e possui características únicas.
Parece que as pessoas não estão mais acostumadas a receber afeto.
Eu não consigo. Não dá. Tem muito amor dentro de mim. E eu preciso canalizar ele nos universos que existem ao meu redor, nos meus textos rabiscados, nos meus passeios, encontros e desencontros.
Eu. Tô viva. E você também.
Então que possamos sentir as veias pulsando, o ar entrando nos pulmões, 
os beijos
abraços

prosa e poesia

os lábios dizendo 
as mãos tocando
os pés correndo
o sexo gozando
a vida cabendo
em nós.

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