sexta-feira, 26 de setembro de 2014

palavras cortadas
presença escassa
conversas
sem tempo
adio
confesso
que sinto
saudades.

beijo anti-rotina


bocas
beijam-se
sendo poesia
na vida labuta
que voltou
corrida
escassa

tão cheia
de gente
que corre
inspira
escorre
trans(pira)

acolha
então
os beijos
que quebram
com o tempo marcado
o gesto calado
a vida corrida
de toda essa gente
de mim
de você

que nos encontramos
no meio de todos
que acelerados
não sabem olhar

mas nós nos olhamos,
nos beijos falamos
sentimos que estamos
aqui pra viver.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

[Carta de uma não-poeta insegura.]

Eu sei que eu não devia pensar nisso. Mas. Fico pensando como é que vai ser te encarar pelos corredores quando não estivermos mais juntos? 
Mesmo curso. Mesmo campus. Mesmo passo, agora, sincronia... Daqui um tempo, eu já nem sei.
E eu já nem sei de muita coisa, por que eu sou tão insegura sabe moço?
Não creio muito nas coisas, porque tantas coisas já passaram por aqui e logo, me perfuraram o peito e conjuraram meus poemas de luto. 
Não seja meu luto futuro, por favor.
Não importa o que for ocorrer. Mas que nenhuma montanha de coisas ruins esconda as coisas lindas que já vivemos, viveremos... Seremos?
Não sei o que seremos amanhã.
Achei que ao definir, eu me sentiria mais segura.
Mas não, namorados não têm garantia de nada. 
Pessoas não têm garantia de nada. A vida é uma compra sem garantia, e quando quebra, a gente tem que juntar os pedacinhos e reconstruir, e olha, fica o aviso: ela quebra demais.
Ainda existem uns resquícios de cacos antigos dentro de mim, talvez sejam eles que me trazem tanta insegurança. Não, o trauma passado não passou completamente. E chamo de trauma, porque você bem sabe o que o machismo foi capaz de causar.
Obrigada por só causar coisas bonitas e mesmo os pequeninos momentos de tensão se amenizarem quando te olho e vejo essa vontade de estar. Seu olhar me abraça e sussurra de mansinho: Calma, Iaiá.
Eu me acalmo, mas aí, passada algumas horas, a calmaria se vai...
Talvez se eu acreditasse mais em mim mesma, seria mais fácil. Mas eu sempre acho que você vai entrar ali, encontrar trocentas gurias bacanas e muito mais bonitas, e aí... Sei lá. Eu não confio muito em mim mesma e tem algo maluco que me fez confiar em nós. Talvez seja você, com esse seu jeito encantador de estar por perto e ceder espaço. 
Antes de tudo, você é um grande parceiro.
Espero que te esbarrar pelos corredores da faculdade não seja um problema depois que acabar.
Se acabar. Quando acabar. Eu insisto em falar do fim antes mesmo dele chegar , não é?
Mas é que. Insegurança.
Ainda assim, ao menos estou segura de que por hora, estamos
e tem sido a coisa mais gostosa do mundo.
aliás, dizem por aí
que encontros de afeto
tendem a durar.
Um passo
e estamos aqui
no doce estado do compartilhar

Dois passos
e estamos ali
na incerteza do por-vir

Três passos
e decidimos
estar juntos

daqui cinco meses?
não faço ideia

amanhã?
não tenho garantias
do futuro

hoje:
estamos
presentes
no abraço
confortável
nas prosas
conjuntas
no laço
saudável
de vida instável
que nos encontrou
e disse pra gente
que pode durar

que nem só de lágrima
se faz o poema
pois juntos estamos
em versos de amor.

sábado, 13 de setembro de 2014

lágrimas são loucas
são tontas
são tantas
são minhas
madrugadas
de palavras
escondidas
nos olhos.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014



Não sei nada sobre nós, além do fato de que existimos. Agora, o que somos, pronde vamos, não sei. Você não me passa segurança alguma de que quer ficar. É tudo tão momentâneo, sabe? Como se agora você quisesse mas talvez amanhã, essa certeza pudesse não estar mais aqui. É claro que viver os instantes presentes é bastante importante. Mas eu não vivo de presentes incertos. Por que é tão difícil se implicar? Achei que noventa dias fossem o suficiente pra conseguir fazer escolhas. Eu sei o que quero, e quando conversamos, só não coloquei minhas certezas... Por medo.
Mas eu acho que não dá mais pra esconder. Que eu quero é só estar contigo mesmo
e mais ninguém.
Ainda assim, assumo que tenho os meus receios e todo o mais. Mas eles são bem menores do que minha vontade de estar perto de ti. Hoje quando eu te abracei algo dentro de mim disse: Sua certeza está aí. Para de esconde-la. Assuma.
Por que temos tanto medo de demonstrar afeto?
Quantas vezes engoli um ''Eu gosto muito de você.'' Quantas vezes guardei o que sinto comigo, lá no fundo, trancadinho à sete chaves.
Mas chega uma hora que não dá mais.
Achei até bonito esses dias, como você tem colocado pra fora. É muito fofo ver você demonstrando afeto. Na real, você sente muito mais do que expressa. Devia mostrar-se mais ao mundo, porque você é incrível.
Ah, e eu amo teu sorriso!
E eu amo seus cachos.
E eu amo sorrir com você.
E eu amo transar com você.
E eu amo dormir de conchinha com você.
E eu amo te zoar infinitamente.
E eu amo tanta coisa.
Eu. Sei lá, eu amo tanto a gente sabe?
E eu tô cansada de esconder esse amor
porque ele é real
e eu não sou uma guria de amores escondidos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

palavra de poeta: 

corre
canta
some
volta
arde
chora
ama
pede:

venha
fique
num poema
feito nós.
não sei mais fazer poesia
nunca soube, na verdade
encaro madrugada adentro
e todas as palavras que sorrateiras
correm por dentro de mim
querendo cair no papel

elas bem sabem, 
que eu não sei fazer poesia.
safadas!
pulam gritam correm giram fogem caem 
escorrem
feito sangue
ou talvez
calda de morango

falam de mim
de nós
sempre a mesma história:
começo. paixão. reciprocidade. dias bonitos. paixão. fim.

aí lá vem elas
gritando: não aguento mais ficar dentro de você!
e logo se jogam pra fora de mim
desse jeito todo torto

hoje elas me lembraram
que o fim ainda tá longe
talvez eu ainda esteja em: reciprocidade.

não sei bem onde estou
da mesma forma
que não sei fazer poesia
mas sempre
logo que penso
ela vem

lá vem ela!
maldita
bendita
palavra
amor.
me encontrei
na poesia diária
do seu sorriso

nos versos cálidos
da tua boca

nas palavras agudas
do teu corpo

no conforto
criado juntos

nos dias debaixo das cobertas
nas prosas absolutas
no riso compartilhado
no abraço que emana amor
na vontade de estar
nisso
naquilo
em nós
a sós
conforme
o tempo
permitir.
nuvens

tu vens

sendo céu

cujo brilho
das estrelas

ilumina
sem medo

pois nosso céu
pelo medo
já passou

teve prosa
confiança,
sendo nossa.

a cada dia
que penso
no medo
lembro
que ele
já sumiu
que o receio
escapuliu
que agora
só tem céu
nuvens
nós
calmaria
feito noite de verão interiorana
toda estrelada.

domingo, 7 de setembro de 2014

Arejado

equilibra
corpo
mente
natureza

emana
amor
dentro de si

recebe
amor
dentro de nós

viajam
corpos
por entre as flores
que sorriem pra eles
que sorriem pra elas
que de tão coloridos
já não se sabe se são corpos
ou se são flores

dançam com o vento
correm sobre a água
caem na areia
riem com prazer
beijam feito flor
ficam sem temor.
a vida é imensa demais
com gente demais
amor demais
tristeza demais
choro demais
riso demais
pra pensarmos
que quando acaba
finda de vez
pra pensarmos
que depois dos fins
não existem começos
e depois dos começos
não existem fins

nesse momento
tô no meio de um começo
que me conforta
me rouba beijos
sorrisos 
reflexões

sinto
que esse começo
mesmo com fim
é um começo tão bonito
que vai ser começo pra sempre.
a vida cabe no mar
maré cheia de seus cabelos encaracolados
cama cheia de suas pernas saborosas
roçando as minhas
afogo-me em teu corpo
que me banha
com água salgada
provinda da boca
e logo depois,
gozo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

maldita sina do poeta:
amar demais
num mundo que ama de menos.




Rabisco das 22hh00

Não quero te magoar. Não quero ser magoada. Não quero que o que sempre acontece, aconteça com nós.
Já não sei mais o que somos. Nunca soube, pra falar a verdade. Mas sempre foi tão bom, que eu nunca me preocupei demais em definir. Estarmos por perto, bastava.
Mas já não sei se ainda basta. Você é um grande amigo, de fato. Mas você bem sabe que eu não quero ser só sua amiga.
E essa coisa de amigos que se beijam sempre foi tranquilo por aqui. Mas. Contigo é diferente, porque eu não te vejo só como um amigo. Na verdade, eu não sei como te vejo. Não sei nem se consigo ver a gente. É tudo tão leve que eu acho que vai voar pra longe, bem longe num instante rápido em que eu piscar os olhos e... Fim. Sumiu. Virou vento escapulido. Sinto nós mas não consigo tocar. Não tô falando de dizer nada ao mundo. Tô falando de dizer à nós. E. Acho que talvez a gente diga de formas muito diferentes... E não tá sendo tão fácil preu me acostumar. Aqui sempre houve tempestades absolutas cheias de intensos sentimentos... E agora, todo esse riacho de água doce, essa leveza, esse vento que sopra fraquinho. O que você quer?
Ou você ainda não sabe?
Ou tem medo de tentar saber?
Eu sei que está se permitindo, e estamos... 
mas me fala, por favor.
mas me fala de um jeitin leve
que nem a gente
me fala alguma coisa
sobre o que se passa aí dentro
sobre os momentos raros e preciosos
em que consigo tocar na gente
e sentir que de fato
existimos
(não só na poesia)

esses momentos
ah
me fazem sorrir.

sabe que hoje
nossa conversa ao telefone
foi a pior que já tivemos desde que nos conhecemos
pior que os momentos de conversas frágeis
pior, porque as conversas frágeis demonstraram 
o quanto estamos dispostos a entender um ao outro
mas hoje...
eu só liguei porque precisava esclarecer
algo que havia sido dito errado
e eu não queria que você fosse dormir pensando coisas erradas.
e eu queria que você dormisse bem...

-menos de um minuto. palavras frias. telefone desligado. tchau.-

foi estranho
porque eu não senti a leveza gostosa que existe em nós, juntos.
juntos?
é incrível como eu não consigo dizer as coisas que penso pra você a não ser através dos meus textos, não é?
perdão. acho que essa é a sina dos que se envolvem com poetas, encontram-se redoma de textos e versos rabiscados madrugadas a dentro. 
Eu queria poder falar essas coisas pra ti, sem ser por aqui. Mas não dá. Porque eu tenho medo, de você se assustar.
Mas isso aqui assusta muito mais, né?
[risos]
minha poesia só sabe assustar mesmo
essa então, toda confusa e rabiscada
só tá tentando dizer que mesmo que tu não saiba o que quer
quero que sabia
que eu quero estar com você.
Me encontra

nos meus olhos
nos meus lábios
na minha nuca
nos meus seios
barriga
cintura
pernas

me lambe
me aperta
me chupa
me vira
reviro
suspiro!

coxas entre-abertas 
que soam debaixo de ti
por cima de ti
e movem-se freneticamente 
no ritmo dos meus suspiros
cheios de tesão

dos seus suspiros
cheios de vontade

dos nossos suspiros
cheios de amor.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Soube que era amor, quando ficar deitados juntinhos debaixo das cobertas,
bastava.

Não deixe passar.

as pessoas passam
os dias passam
os momentos passam
as carícias passam
a vida passa
meus passos passam
e caminham nas escolhas 
de uma travessia que passa
tudo passa
só não me deixe
passar despercebida
diante de nós.

Sobre nós e meu coração bagunçado.


O chão da cozinha era cheio de ladrilhos coloridos. 
Flores sobre a mesa, num jarro de água simples. 
Cheiro de café fresco.
Eu olhava pela janela por onde o vento entrava percorrendo toda a sala e pensava em como é que tudo isso ia acabar.
Nós. 
Fitei o cursor que piscava na tela do computador e não soube prosseguir. Depois de escrever nós, assumo que deu uma pontadinha de dor. Dor ao pensar no fim. E sim, ele existe. Existe com tanta concretude, que às vezes consigo senti-lo sem ao menos ele ter chegado.
Ah, eu tenho pensado em tanta coisa, guri. Na vida, nas escolhas, nos espaços, ocorridos, pessoas... Laços. Acasos. Afeto. Fins.
Escolhas.
Não faço ideia de como fui capaz de escolher viver o que estamos vivendo. Não depois de tanta dor... Opressão. É , você sabe. E aí, você surgiu, do nada! Trazendo essa calmaria e esse jeitin tão doce de estar.
E estamos.
Mas...
Sempre que eu olho pro lado de fora da janela, eu penso que talvez você já esteja indo. Ou eu esteja indo.
Ou na verdade eu só tenha uma mania maldita de boicotar meus próprios relacionamentos.
Eu. Tenho medo de vive-los.
Porque,
tenho medo do fim.
Mas.
Droga.
Eu já te amo.
E eu amo demais tanta coisa nessa vida. 
Tem tanto amor aqui dentro, que eu acho que eu vou explodir.
Por que às vezes cai lágrima dos olhos e a gente não sabe o porquê?
Por que o céu é azul?
Será que eu vou conseguir montar minha trupe de teatro e sair por cidadezinhas do interior me apresentando?
Será que...
Paris já me é tão distante.
E o feminismo que pulsa em mim, onde estou depositando-o?
Tanta coisa.
Reflito.
Esqueço
De tudo

pois penso
em ti.

malditas palavras honestas
que rodeiam viram pulam
mas sempre caem
no que de fato se quer dizer
e eu acho
que eu já nem sei mais
o que quero dizer
porque tá tudo tão embaralhado!
tudo tão cheio de mim
de você
de vida
e tempo demasiado
pra se pensar
e penso
penso
logo
percebo
que tô com medo
porque já te incluí demais nas minhas poesias
e você definitivamente já está fazendo parte delas
e isso
é preocupante...

há afeto demais
certezas de menos

poesia exposta
falando de ti.

a felicidade é um bicho tão gostoso,
que chega a assustar corações que já passaram por muito caos.

meu coração
tem medo de ser feliz.

meu coração
teve caos até não caber mais

logo, se assusta
com essa leveza
tão arejada
e cheia de amor

medo coracional:
quando as veias corpóreas
enchem
de tanta alegria
que chega a dar medo de ter um enfarte.