sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

aprendi hoje
que dá pra produzir
na alegria
que dá pra trajar
sapato novo
ou até mesmo,
pés descalços.
que nem sempre
andar no chão machuca o pé.
 
aprendi
que poeta
finge tristeza
pulsa alegria
inventa palavras

aprendi
que nem só de tristeza se faz palavra

e descobri
feito criança comendo doce novo
o sabor de fazer arte sem ser na dor.

''O sofrimento não tem nada haver com a gente'' disse o homem que trajava tristeza no paletó camursa, camisa branca suada gotejando cansaço e sapatos surrados das calçadas paulistanas.  O sofrimento não tem nada haver com a gente. É. Ele arranca o paletó, a camisa branca, os sapatos. Ele arranca o laço passado. E cada enrrosco. De fato, ele não tem nada haver com nós, meu amor. Não tem nada haver com a brancura das estrelas que perfuram o coração. E sim com as estrelas noturnas do interior, onde o céu se forra para nós. Tem haver com os girassóis dos campos altinos que enchem de amarelo a paisagem do quadro recem pintado, onde a tinta fresca solta-se da tela e encharca-nos de vida. Tem haver com sorrisos. E abraço. Sexo. Pulsando em cada fibra do corpo que vive. Tem haver com amor. Com clichês dos mais sinceros. Sem paletó que se esconde e finge-se otimista. Sem risadas forçadas. Sem personagens que dizem palavras vãs sobre sofrimento e sobre o amor. Pois dizem por aí, que só quem já amou de verdade, sabe o que é sofrer. Dizem muito por aí. Eu digo muito também, assumo. Assumo que encanto-me cada vez mais com tuas linhas, teu beijo e cada sensação púrpura que passa aqui dentro. Obrigada por não trajar paletó-camursa-tristeza, nem camisa-branca-cansada, muito menos sapatos-surrados. Obrigada por trajar alegria.
O sofrimento definitivamente, não tem nada haver com a gente. Sabe por que? Porque somos como colinas, esverdeadas e cheirando a terra nova. Onde brotam flores, correm passáros e pulsa amor.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Batiam dentro de mim, todas elas, sucumbidas pela vontade de dizer. Sempre tantas. Das variadas. Sobre dor. Sobre amor. Sobre luzes natalinas que piscavam na praça ao lado, sentada ali, pensei no quanto o natal era frutífero ao sistema, no quanto não gostava daquela redoma escarnecida por falácias de fim-de-ano. Gostava das luzes, mas não de pensar que em alguns cantos, elas não estavam pra iluminar. Ou pra trazer boa sensação por serem pequeninas e bonitas. Pensemos então sobre o lado bom das luzes, sobre os abraços sinceros e os presentes que vem de dentro. Sobre os beijos, sexo, dias de amor e clichês e palavras que pulsam por todo canto. Sobre as grandes luzes que nos contornam diariamente. Quem disse que clichês não são bonitos? Tá cheio deles aqui. Talvez porque eu não tenha medo das luzes honestas que piscam dentro de cada um. Já doeu demais, 
mas eu sempre gostei de amar.
de comer gente, comer vida, comer cor
encher os pulmões de palavra
e arriscar
arriscar da forma mais escancarada possível.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ares
arde
ainda arde um pouco
as lágrimas antigas
dos beijos passados

arde
mas
mais ares
ocupando corpo
voz cabelo vida
ares novos
respiro
respiro pela primeira vez
engulo o ar agarro o vento
encontro paz
sem pontos de exclamação
sem pontos finais repentinos
sem fluidez
sólido.
seguro.
amável.

plumas sobressaem
e perpassam cada parte do meu ser
e abraçam-me junto à luz do sol
de fim de tarde
de começo do dia
sol
solar
só lar

sim, me sinto em casa.
como se eu soubesse onde piso
sem muita onda
como casa de veraneio
nas férias pós-ano-agitado.

sábado, 14 de dezembro de 2013

So(corro)
de você
dos teus olhos
da tua boca
da saudade despedaçada
esfarrapada por sua pessoa.
do choro engasgado engolido e
Não me venha dizer de otimismo!
Você arrancou com toda força,
absolutamente cada parte do meu coração
e aniquilou qualquer pitada de amor.
Tô saindo, pra bem longe
do teu suposto otimismo e do sorriso
que finge que deseja viver.

Um dia,
não escreverei mais sobre ti.

Honestamente?

Eu quero ser feliz.
E eu tô indo.
Pra bem longe da tua
tristeza trajada de felicidade,
da tua não vontade te ter ficado.

pra onde a água é limpa
purifica o coração
afaga o cabelo
contorna o corpo.
-acalento. cuidado. segurança.-

explosão de paz que vem,
fica.
e tem compartilhado amor.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

isso também vai passar
pra longe da conjuntura criada entre nós.
vai passar por uma frincha que se abriu
e cedeu espaço pra novas vidas
honestas
sem medo
sem fim.

minto.
com fim.
mas fim distante.
e se for fim,
não será por medo.
nem por falta de coragem.

porque depois que você passou
e levou um bocado do meu amor
eu aprendi
que não quero mais amores
de passagem
que
agarram
abraçam

despem minhas roupas
arrancam minhas tristezas
conjuram meus poemas
me enchem de paixão

e
um segundo depois

desistem.
Vejo o ponto em que nos esbararemos pelos corredores e seremos desconhecidos. Não haverá noite nem beijos incontáveis que resguardem alguma vontade de sermos. Não haverá sorrisos intermináveis, nem tesão pulsante, nem corpo que no silêncio acalenta e cuida. Nem mensagens de bom dia. Nem saudades absurdas. Não há. Não haverá. Só houve. Ouve o que eu tô te dizendo:
Eu tentei. Tentei ficar. Tentei cuidar até onde coube. Mas não há mais espaço. Você se trancafiou nessa redoma de certezas e medos e tristezas concretas que não deixam o amor entrar.
E não.
Não haverá Regina que diga pra gente que vai durar.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

vou me embora pra pasárgada
onde não existe nós
nem cama a dois
nem dias acumulados de saudade.

vou me embora pra onde as conversas se expandem e não têm medo de entregar-se à prosa sincera da tentativa de compartilhar
um tiquinho
uma pitada
de resquício
do afeto.

vou me embora, pra bem longe de você
e do teu sorriso mal feito
das tuas angústias
do teu medo de amar.

vou me embora.
eu, minhas malas acumuladas do teu corpo
e minhas doces tentativas de estar
perto de ti.
não sabia mais o que escrever
nem por onde começar
nem o que
nem como

não.

não sabia de mais nada.
desde que você se foi
a única pergunta que se passava na mente de Olívia era: Por que?...
Por que a vida segue sempre o rumo do deixar?
Por que diabos o coração quase explode?
Por que lágrimas escorrem e o rasgo no peito e toda a montanha de palavras que gostariam de sair
e tudo isso, por quê?
nunca iria compreender
da onde vinha tanta dor
e palavras rarefeitas
jogadas
partidas.

e foi só um mês

quase nada
tão pouco
tão rápido
tão
tão certeiro.
tão vivido, ao menos por Olívia, foi.
Foi inteiro.
Foi saborosamente bom.

Olívia nunca deixaria de sentir e entregar-se a qualquer conexão bonita que pudesse ser feita. Olívia, pediu pra eu
dizer pro mundo

que ela
faria de tudo

por amor.
Escrevo pra botar a dor pra fora. Farei isso ao menos por trinta dias, dias correspondentes ao motivo da dor. Trinta dias foram necessários pra eu me sentir completamente feliz. Trinta dias mais um pra eu perceber que era completamente louca por você. Trinta dias contando com uma semana distante, um dia após a uma semana: Fim. Pergunto-me então quantas horas e dias e anos e escritos serão necessários para abortar essa dor que você cravou em mim? Quantas junções de segundos pra eu esquecer dos nossos beijos que duravam horas? Quantas palavras serão necessárias pra desafogar tamanha saudade que tenho de cada parte do teu corpo, do teu jeito, do teu sorriso, das nossas conversas e mais um milhão de coisas que me fizeram acreditar e me tirar um sorriso absurdo quando você disse: "Obrigada por hoje e pelos próximos anos." É. Acho que eu acredito demais nas palavras.

domingo, 1 de dezembro de 2013

loucura
loucura
le monde
la vie
conforme
lhe come
lhe corre
lhe vê
lhe agarra

ei vida
sacode
acode!
um grito
que paira

aqui.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Cuspe em palavra.

Tintilar de assovios na praça do lado esquerdo do peito, onde os pássaros corriam e levavam um pouco do sulco pulsante que havia ali. Se alimentavam daquele sangue e esfomeados, levavam tudo que havia dentro daquele corpo, que no momento, estava tão entupido, tão engasgado que quando os pássaros chegaram, ela deixou, deixou que eles comessem seu corpo v i v o, seu corpo que pulsa e agarra tudo com a maior intensidade que se pode ter. Que sente, explode de tanto sentir! Vorazmente as asas sucumbiam-lhe a alma e comiam-lhe o lado esquerdo do peito. Comeram-lhe os sorrisos. Tomaram seu sangue. E quando subitamente ela abriu os olhos, viu que não era mais corpo, era pena, penúria, pássaro-menina-passando 
na vida.

domingo, 24 de novembro de 2013

Saudade, saudosamente suspira sabendo que sintetizará todas as sílabas pronunciadas e sentirá cada parte do seu sútil jeito de ser. Que completará cada lembrança e me agarrará num abraço que chora. E me esfolará a pele, arrancando cada pedacinho de luz. Do brilho que tenho aqui dentro. E ofuscará as tardes gostosas, as saias coloridas do maracatu, os ensaios do teatro, os sorrisos dos amigos. E preencherá todo o vazio que você tem me trazido. Ah. A saudade tem sido a única palavra concreta que sibila a minha dor.
Enchemo-nos então do vocabulário que não há
das palavras que não são
das idas nebulosas
onde nascem os clarões
e explodem
dentro da gente
da nossa boca
que tanto quer
que tanto fala
e nada diz

-e se beijam com voluptuosa vontade-

Enchemo-nos então do amor que nem brotou
das árvores que não subimos
das voltas cuidadosas
e mimosas
doces
onde crescem
a esperança
e acrescem
aquecem
o interior de minhas mãos
as veias fatigas
do samba passado
da dança pulsante
do dia corrido
da vida labuta
de mim
de você
e de cada segundo
que estivemos
vivemos andamos
caímos
saímos
do nó
das tardes insossas
dos dias calados


pois tinha voz
corpo
som
carinho
sorriso
e vontade absoluta de viver.
Essas conversas mal preenchidas andam piores que conversa de boteco. Vazias. Espaço completamente aberto, escancarado às interpéries do mundo. Corpo frio. Corpos distantes. Me diz, como pôde se distanciar de tudo? Engula então suas verdades e afogue-se nessa vida de espasmos. Afaste-se. Mas o faça direito, assuma cada pitada da sua covardia para com a vida. E não tente mais. Não tente mais tapar nossas conversas com sutis tentativas de perdão. Não há mais espaço pra tentativas. Eu sinceramente, tentei estar por perto. Mas não insisto em gente que recusa qualquer tipo de afeto. Desfaleça sozinho. Mas não leve-me junto, que meu peito já anda vazio demais. Por gentileza, leve embora minhas lágrimas diárias, minhas lembranças, meus pequenos momentos de achar que ia durar por muito tempo, os dias juntos, os sorrisos, as piadas, o toque, o corpo. Leve-se embora de mim.

sábado, 23 de novembro de 2013

Escarlate. Minha dor era escarlate rebuscada. Era cheia de detalhes. Cheia de cansaço. De claro espaço ocupado. Daquelas que estão intrínsecas e vazadas, que escorrem bem do nada, assim, no meio do dia quando estou num lugar que me lembra você. Os lugares sempre estiveram ali e sempre vão estar. As músicas vão ser sempre ouvidas. A parede de trás do ponto de ônibus, vai ser sempre a mesma. Os cantos do metrô, também. Mas a minha dor, não. Minha dor vai ser sempre pulsante, enquanto você ainda ocupar uma parte de tudo que sempre foi o mesmo, e por pouco tempo, havia deixado de ser.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

As traças comeram minhas roupas, levaram meus desejos, roeram minhas cartas, calaram meus sorrisos. As traças, traçaram tudo. Desde o dia em que os traços se desfizeram e seguiram rumos completamente distantes. Levaram absolutamente tudo. E nua de calor, despi minhas tristezas no papel. Mas as traças também roeram ele. E engoliram cada tentativa de dizer. Não tinha palavra. Nem roupa. Nem eu. Nem você. E das sobras de tudo o que elas comeram, só restaram minhas lágrimas certeiras. Escancaradamente doloridas.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013


Sentada num banco de ônibus, encarava cada assento alheio. Os olhos de Olívia não davam pra um capítulo Eram tão curiosos quanto os de Capitu, aqueles olhos de ressaca de menina que queria descobrir o mundo. Pensava no que se passava na mente de cada uma daquelas pessoas, em quantas paixões já tiveram em quantas tristezas e com toda certeza, quanta alegria. Mas, essa última... Bom, na verdade não sei sobre nenhuma das quantidades. Não dava pra saber. Eram como mundos escondidos e separados por assentos constituintes do transporte (coletivo). Equidade que talvez perpassasse aqueles corações ambulantes. O coração? Tá posto no varal. Olívia havia posto ele pra secar desde que ele se encharcou de lágrimas. Secava. E tornava a chorar. Quantas lágrimas será que possuí o coração dessa gente?  Gente, cêis prometem pra mim que buscam o coração de Olívia no varal? E aí, lavem ele. Alimentem. Ponham no sol, por favor. Peço encarecidamente que o façam, se puderem. E quando ele estiver completamente restituído, vocês o levem ao ônibus , encarem aqueles olhos curiosamente belos, entreguem a ela e lhe digam que uma hora, o calor volta a cuida-lo a ponto de não existirem mais espaços pras lágrimas. que coração: é pra ficar dentro da gente. 

-mas por favor,
façam-na acreditar-

domingo, 17 de novembro de 2013


''Hold me close, cause I need you to guide me to safety''

Pra quando for. Pra quando dor. Pra quando ir. Pra quando lembrar. Pra quando? Até quando sentirei desfalecido meu coração? Até quando as lembranças tornarão-se cada vez mais intensas? Até quando sentirei a dor de não poder ter o que se teve. Até. A saudade passar. E ela passa? Porque ultimamente ela só tem girado e cortado e arrancado cada espaço de felicidade. Exposto lágrimas e gotejo de rasgos e distância de tudo que eu sempre tive de mais bonito dentro de mim.
Oh, o anseio de ser algo, que seja amiga, que seja qualquer coisa que não seja o nada. Não, moço, o nada não. Lhe peço encarecidamente que entenda, que eu nunca vou desistir de você. Ou ao menos, de poder te abraçar e dizer que o mundo não é tão ruim assim.
Vinte e nove minutos. Vinte e nove é o tempo suficiente pra eu entender o tamanho da minha saudade. Vinte e nove minutos de espera pra preencher. Minutos. É como se o tempo passasse e eu estivesse prevendo a hora em que nos tornaremos desconhecidos. Não haverá mais o que dizer. E a saudade, essa gigantesca que tem me agarrado: ela vai continuar aqui. Até que depois de muitos vinte e nove minutos passados, eu não lembrarei mais dela e teu rosto vai ser só uma memória saudosamente bonita.

"Os Três Mal-Amados", João Cabral de Melo Neto

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


Com sono. Sem sono. Com sono. Sem sono. Tudo isso parava com uma velocidade absurda em minha cabeça. Já não sabia mais o que me levava a escrever sobre minha saudade. Nunca soube. Saudade é um negócio do caralho. Daqueles que entra na gente e: Merda. É. Eu tava vendo o cursor balançando e procurando uma forma de me esquivar de mim mesma. De se esconder do meu amor e de cada parte do que dizem que há de bonito em mim. Cheia de cor e mais umas coisas honestas que às vezes a gente ouve. Mas nessa noite não houve espaço pra isso. Era só eu, meu peito que não sabia adormecer e a minha saudade.
O Tibete deve ser feito de montanha de palavras. Montanha de palavras soltas com neve neblina solzin de fim de tarde e altas - montanhas altas! E as palavras soltas sem receio sem sufoco sem ponto vírgula ou normatividade. Todas elas explodindo bem alto bem grande , tão grande que não cabe no papel o alívio que daria. Talvez, quando eu digo que quero fugir prum lugar que eu nem conheço, como é o caso do Tibete eu só esteja querendo dizer que eu quero conseguir soltar as palavras em paz.
Queria que as palavras -essas sorrateiras poderosas- que sempre saem de mim explodindo, queria que elas, por vezes, pudessem se tornar vida. Imagina só! Daria pra escrever: Passou. E a dor já teria acabado. Em seis letras. Seis letras pra curar uma dor. Quantas será que serão necessárias pra aliviar dessa vez? Da última, deu vinte e duas folhas de textos, frente e verso. Ah. As palavras. Sempre acabam curando a gente, apesar de não serem reais como meu corpo ou como a nuvem, também sabem correr pular e expurgar tudo pra fora. E respiram dentro de mim arrancando cada pedacinho da dor -junto a algumas lágrimas que caem no papel- Por isso, meus leitores, peço perdão: mas todos têm necessidades.
Perdão. Pelas tentativas de dizer. Pelas palavras sinceras. Pelo gostar de ti. Perdão. Pelos males que nem sei quais foram. Pela saudade do beijo. Pela saudade do riso. Do corpo. Do jeito. Perdão pela saudade! Perdão pela tentativa de te fazer feliz. Ou por querer te abraçar e dizer: "Cuida da vida moço, que a morte é certa!" Perdão por não saber mais dizer. Você levou embora parte do meu riso e das minhas palavras. Um dia, aprenderei novamente a escrever. Quanto ao riso, já não sei mais.

sábado, 16 de novembro de 2013

Quando ouço uma música alta, lembro-me de todas as danças que já vivi. Dos frutos colhidos, deixados, atados. Amados. Sim, lembro de cada sorriso, de cada pessoa, de cada amor. O primeiro. O segundo. O terceiro. Onde estarão nossas caixas de lembranças futuras? Onde se escondem as mágoas e os não-ditos? Pra onde foram as cartas não entregues? E os abraços quebrados. E a vida num ritmo calado.
Não.
Aqui as coisas nunca foram assim.
As cartas sempre foram entregues, os ditos: falados. Os dias, inteiros. A forma, concreta. E tudo, absolutamente tudo foi sentido. Da boca até o último fio de cabelo. Da dor até o amor absoluto. Da presença até a saudade. Do sorriso até o choro de agora. E puta que pariu, quanto choro eu já tive, quanto sorriso, quantos ditos, quantas noites, quantas cores, odores, cafés, conversas, banhos, dias. Quantos dias você já viveu? Quantos dias você está mais perto da morte? Diga-me, diga-me sobre quantas foram as vezes em que você se permitiu ser sincero com a própria vida e arrancar dela cada fibra do sentir. E deixa-la correr por entre as veias, juntando-se ao sangue que pulsa dentro de nós. E deixar que tudo corra capilarmente entre cada caso contraído distraído, acabado. E permitir que mesmo no acabado, aja recomeço. E no recomeço, aja fim. E no fim aja começo. E que tudo se junte num balaio só, e grite, exprima, expresse e que seja exímio e torto. Que seja de tudo um pouco.
Que seja amor. 
E inteiramente vida.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

-meio torto. meio grande. sincero.-


das flores vermelhas que eu gostaria que estivessem no meu cabelo quando eu morresse. dos meus cadernos de escritos que eu queria que estivessem sob uma mesa. das músicas. dos doces, café e chá. tudo isso em meu velório. dos meus planos pra morte. dos meus planos pra vida. das dores. dos amores. dos acasos. laços. da saudade. da saudade imensa. dos membros corpóreos passados colados atados. dos atos. dos casos. dos beijos. dos dias. das cores. da vida! da falta de vírgula. da falta de preocupação em dizer de forma bonita. da falta. de tudo, de tudo e mais um pouco, do mundo, e de qualquer coisa a mais. eu. eu só queria poder te abraçar. bem forte. bem grande. bem nosso.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

sem catracas

As catracas de metrô sempre vão trazer inúmeras lembranças, dos encontros às sextas ou do atraso do domingo, do término de sábado a noite ou do começo da quarta a tarde. Pelo direito de ir e vir. Que as lembranças dos (des)encontros, sejam lembranças de encontros sem catracas.  Livres. Inteiros e livres.
"Ei, as 15h00 nas catracas da consolação, certo?''
Relógio. Passos. Acasos.
Próxima estação: Paulista. Desembarque pelo lado esquerdo do trem.
Descem várias pessoas,  cada qual com seu itinerário, mas sempre. Eu disse: sempre. Vão ter corações acelerados e gente com borboletas na barriga. Encontros. Beijos. Amassos. Transas. Dias. Tempo. São Paulo e suas estações que levam as pessoas proutros cantos, pulsando vida e calor, como um novelo de lã colorida -uma hora há encontro entre os fios- que se enroscam, se enrolam, se juntam.

Olha o relógio. Exita. Manda torpedo. Espera. Vê. Dança. Anda. Corre.

Passa.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ao lusco-fusco do dia de hoje pensei no que dizer ao mundo. Pensei em cada pedaço de letra que poderia ser juntada. Mentira. Não pensei em nada, ao lusco-fusco que se enebria e vem de fora pra dentro e de dentro pra fora, exatamente na transição do dia-noite, no ponto exato em que escureceu: não pensei em nada.
Não havia muita coisa em minha mente, nem concretude pra preencher meu corpo. Tava tudo um tanto vazio. Como se o dia e a noite fossem um só: mimetizados com a minha saudade.
Como se ao me deparar com a quantidade de letras e palavras que existem no mundo, nenhuma, nenhuma conseguisse expressar com exatidão qualquer coisa do que se passa aqui dentro. Porque todos nós, somos um buraco bem profundo, uma estrela bem distante, uma constelação enorme enorme enorme, que chega a explodir!
As palavras, essas todas explodem dentro de mim, e caem dos meus dedos , da minha boca, dos meus seios, do meu ventre e rasgam meu corpo que ferve de tanta água salgada dentro dele.
Que chora.
Já viu corpo chorar?
Eu sinceramente não sei mais sobre o dia, nem sobre a noite. 
Nunca soube muito sobre o amor e sempre amei demais.

domingo, 10 de novembro de 2013

Passando mal. Passando mal. Passando mal. Passando mal de saudade. Passasse então o dia. Passou-se então o dia cheio de sol, cujos raios reintegravam minhas fibras corpóreas que tem sentido feito flor. E minha raiz, essa que deveria estar inteiramente nos eixos, bom, ela tem corroído como quem precisa de um copo d'água. Despi minhas pétalas coloridas desde que você desisitiu de nós. E cada pedacinho da meninaflor foi se esvaindo e gritando no meio de uma selva de asfalto, e as pessoas, estavam ali seguindo seus caminhos. Eu: era apenas uma flor com raiz arrancada. Arrancou. Você arrancou boa parte da minha felicidade. E levou embora, como pétalas ao vento que não voltam mais. Despedaçada.
Nunca mais. Nunca mais dormirei como a flor do regato que bem ali a beira se ilumina com as frinchas de sol ou a luz das estrelas, e adormece. Fecha tuas pétalas até que um vento a faça acordar. Nunca mais conseguirei arrancar a saudade para que apenas o barulho do riacho baste ao pé dos meus ouvidos. Ou a cálida dança que eu fazia junto às outras flores que vinham me visitar. Ou qualquer uma dessas sensações vívidas que temos quando se ama. Nunca mais. Ou pelo menos, por um bom tempo não irei do regato à cachoeira, nem dormirei em paz com minhas pétalas a sorrir.

sábado, 9 de novembro de 2013

dias felizes, sempre virão no meio de pitadas gigantescas de saudade, ou de choro nobre provindo do amor, da preocupação com o outro, ou abraço que não vem, e saudade que não vai... Ainda bem, que existem as doces pequenas felicidades pra nos acalmar em noites tortuosas de dias de vazio.
Corpo exaustivo, corpo saudade, corpo dor, corpo ontem, corpo amanhã, corpo sem saber pra onde ir.
Corpo que vira e revira cada sensação interna, desde o frenesi sentido na primeira vez que te vi até a saudade que arranca pedaços dentro da gente e corta cada fibra da ternura e da felicidade momentânea que retira o sorriso de quando olhamos um pro outro e nos abraçamos como se aquilo bastasse, como se fosse suficiente em meio a tanta coisa que esse mundo carrega nas costas. Aquilo era suficiente pra mim. Era como um banho de mar noturno, nua de qualquer preocupação. Aquilo era o que eu mais precisava diante de tanta saudade que ainda havia da história de janeiro. Aquilo era como uma esperança a qual eu me agarrei em meio a uma montanha de dor que foi cultivada durante um ano. E quando me libertei, você surgiu. Não sei se você ajudou a me libertar ou se no momento que chegou o espaço já estava aberto pra algo novo.
Não sei quando passou.
Não faço ideia.
Mas eu sei, que quando você chegou
toda a bagunça
toda as coisas antigas
toda a angústia se foi se foi pra tão longe que eu nem enxergava mais pitada de tristeza ou qualquer resquício da confusão passada.
Passado. Havia passado absolutamente tudo. E eu me sentia completamente em paz e inteira novamente e fui cultivando cada pedacinho da minha nova felicidade. E tudo estava tão bem, tão nosso. Tão junto...
até que
até

fim.

terça-feira, 5 de novembro de 2013


Encarei as letras a minha frente e pensei em como junta-las a ponto de formar algo a ser dito. Algo a ser dito? Há algo a ser dito?
Bom, penso que se parei para encarar essas palavras é porque há. Sempre há. Corpo de poeta pro(pulsa) palavra. Ultimamente a palavra que tem perpassado mais vezes meu corpo, inteiro, como cacos de vidros perfurando cada parte e arrancando pedaços de pele e sangrando sem parar, estancado: meu corpo tava estancado de saudade de você.
Acordava todos os dias pensando se você estava bem. Dormia pensando se você estava bem. Vivia pensando se você estava bem.
Bem. Eu sempre te quis tão bem.
Sinto-me impotente, se eu pudesse iria correndo até você e diria: Moço, acorda, tem gente querendo te abraçar!
E te abraçaria e te beijaria e me enroscaria em ti como todas as vezes passadas.

Passadas. Passado a dor como ficaremos? Seremos desconhecidos?
Uma hora moço, uma hora infelizmente, eu vou cansar. 
E aí, eu já terei ido, pra longe dos cacos que perfuram.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

-um choro 
caiu

Tintilando como em dias de festas que as pessoas brindam com sorrisos no rosto e corações partidos. Tintilando como taças de ano novo, novo ano, ano novo e é sempre a mesma esperança de novo.
Novamente me pego escrevendo sobre você.
Vocês.
Sempre foram meus fantasmas literários.
Vocês que me despiram a roupa e me deixaram sem palavras, vocês que arrancaram todos os suspiros e delírios - lírios em dias quaisquer 
Vocês que trazem saudade e lembranças bonitas.
Vocês todos que souberam um dia ser apenas

meu

você.

aperto no peito.


com todo respeito
eu quero te amar
sem falta nem choro
nem medo
nem nada dessas coisas

com todo respeito
permite?

só um pouco
bem de perto
bem de longe
bem
bem
eu te quero tanto bem, moço
que cê nem sabe
dói meu peito ao saber
que tem dor perto de ocê.

dói demais
dói tanto
que eu tive que fazer
poema mal feito
pra dizer

que eu quero poder te amar.
pare
de recusar amor

porque no fundo

cê tem tanto amor quanto eu.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Montanha de palavras querendo sair.

pra ouvir ao ler: http://www.youtube.com/watch?v=uEdC4PwWihQ [ouça junto, ou não leia. É importante. A música, faz parte do texto.]

Eu sempre gostei de escrever, de juntar cada pedacinho de letra e colar numa sentença, de mimetiza-las em papel e mimetizar papel em sentimento. Eu sempre gostei de sentir. Hoje, uma moça bonita, disse pra mim que gosta da forma como sou livre, da quantidade de cor que eu tenho na minha vida e de quantas histórias eu terei pra contar pros meus filhos. Filhos, será que terei filhos? Às vezes eu paro pra pensar, nessa coisa de casar, família e todo o mais. Gosto da ideia. Mas tenho tantos planos que se desencontram a esse. Sonho em dar aula de francês em alguns lugares da África que falam essa língua que eu tanto gosto. Sonho em fazer um mochilão pela América Latina com o moço que é anjo da minha vida. Sonho em escrever um livro antes dos 20. Sonho em montar uma trupe de teatro e ficar um mês passando em cidadezinhas que não tem muita arte e levar a minha -mesmo que desajeitada- a minha arte pra eles. Sonho em tanta coisa.
Sonhava que a gente ainda tivesse juntinho. Gostaria que não tivesse sido somente uma noite. Uma noite. Um mês. Trinta dias, foi aproximadamente isso não é? Ah, só pra constar, foi a primeira vez que eu dormi junto com alguém. Alguém assim, que eu tava gostando. Foi a primeira vez que eu me senti acolhida. Que eu sorri e vi sorriso de volta. Das outras vezes eram sorrisos confusos e cheios de vontade de entender. Dessa vez, foi como meus sonhos, foi honesto. Não precisava entender, bastava estar ali e sorrir e gostar. Gostar da companhia era suficiente. E por que não foi suficiente pra durar? Me diz moço! Me diz por que você desistiu da gente? E das nossas conversas bacanas e dos nossos carinhos, de compartilhar mensagens de boa noite e ir dormir um pouco mais feliz. De passar horas sentindo nossos corpos juntos. De não querer largar. 
Me explica me explica porque eu tô sentindo
tanta saudade
me explica porque você foi embora
me explica
me explica
me explica porque as palavras tão rasgando-me o peito e gritando gritando de saudade de você! e das noites que não vivemos e de cada instante do que existiu, do que teve e não teve.
de quando tomamos sorvete com paçoca 
pintamos focas em ateliê
banho juntos 
-e todas essas coisas que eram saborosamente boas-
esquecer que estávamos na rua
quando nossos corpos se entrelaçavam
beijos no metrô
e da regina
da regina 

que falou pra gente, que devíamos aproveitar. 

Eu lembro que naquele dia você disse: ''Ela só tá falando a verdade. Que somos um casal bonito.''


um dia depois, eu escrevi no meu caderninho de escritos:

Regina estava certa.
Ultimamente tenho me pego escrevendo sobre flor. Deve ser porque elas são as únicas nas quais eu acredito. Elas ficam, mesmo murchas, elas ficam guardadas no meio do caderno e secam e anos após a gente vê como elas tão bonitas. Elas chegam num vaso e enfeitam a sala. Elas aparecem no meio da rua e pintam as árvores para nós. E são tantas, tantas cores, tantos tipos. Sempre achei algumas pessoas meio flores. Olhos de girasol e boca de tulipa. Corpo de rosa, talvez. Nunca me senti tão próxima de alguém , como delas, essas pétalas que despetalam-se e ainda assim permanecem. Acho que é por isso que eu gosto tanto dos corposflores que existem nesse mundo.

sábado, 26 de outubro de 2013

Pela manhã.

[11 de dezembro de 2012]


Hoje eu tomei um café numa mesa de bar. Não tinha floreios nem falas maquiadas. Não era sujo nem limpo. Era aquilo e ponto. Era real. 
- Por favor, quanto é o café?
- Um e vinte.
Pensei: "Na mulher ali da banquinha da esquina é um real" 
Oh vinte centavos. Vai mesmo fazer tanta diferença?
-Vê um por favor.
-Com leite?
-Não. Puro.

Ele me serviu, num copo de vidro que já perpassara várias bocas e mãos matinais. Que fora lavado e recolocado. Lavado e re... Consecutivamente. 
Agradeci. Ele perguntou:
-Só isso moça?
Respondi:
-Só.
- Um cafézin, só pra acordar , né?
Sorri, meio de lado e disse:
-É. Pra acordar. Isso mesmo.
Ele sorriu, nem tão de lado.
Pensei que era pra acordar mesmo, pra acordar ao lado daqueles raios que batiam no vidro que tapava os salgados fresquinhos. Comecei a tomar, o copo tava bem quente, senti o calor nos meus dedos. Engoli um pequeno gole, tava bem doce e fresco. Observava aquele local, só tinha eu, o balcão, uma moça com olhos um tanto envelhecidos e transeuntes à porta. Coloquei uma música e apreciei os dois ao mesmo tempo. O café com música e a música com café. E eu com os dois. 
Tava tudo bem doce pela manhã. Bem vivo. Sorri e nem sei se tinha motivo. Escrevi isso e talvez o motivo seja mais oculto ainda. 
Foi um bom dia.

-Obrigada moço, bom trabalho.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Vem. Prometo que cuido do teu medo.

explosão
clarão de dizeres
piano desafinado
agudo
falado

explosão
clarins de amor
tambor batendo
crendo
sendo

explosão
tim tim por tim tim
cada pedacinho de mim
de ti
de nós

cada pedacinho de dor -amor-
cada pedacinho de cor
cada pedacinho da gente
colados da forma mais bonita
que o mundo deixar!

recortes cotidianos
que falam, retratam, explodem

expelem

sem medo

com cor

-só colam-

e formam

nós dois.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

dos dias que foram

[pra ouvir ao ler: http://www.youtube.com/watch?v=H2-1u8xvk54


Nunca pude entender suas palavras. Nunca pude entender suas verdades e nem a forma como não consegue usar a vírgula. Ainda assim, gostei tanto do que li! Tanto que cê nem imagina, é. Talvez você não imagine muita coisa sobre o quanto eu gosto de você.
Nunca consegui entender como pode não ligar pra banhos de rio e pés descalços em jardins cheios de terra com chuva fresca.
-Comer amora em dias de sol faz bem , meu amor.-
Não gostar de viagens. Ou não gostar de fazer alguma coisa que liberte. Trinta dias talvez não sejam suficientes pra te entender. Não, infelizmente não nos conhecemos. Infelizmente não houve tempo suficiente pra eu terminar o dicionário que estava fazendo pra ti e entregar-te junto a um beijo. Não houve tempo pra irmos até a minha tia que mora no interior e passarmos um tempo juntos apreciando os dias fora de São Paulo. Não houve tempo pra tu vir em casa assistir Almodóvar comendo muito brigadeiro. Nem pra roubarmos um carro e ir fazer um mochilão pela América Latina, ou ir pro Tibete -mesmo você não gostando de subir montanhas- Nem tempo preu te levar na praça, sim, aquela mesma.

Houve tempo do sorriso e do corpo que sempre soube que queria estar por perto. Sim, ele sempre provou pra nós dois, que queria estar o mais perto possível um do outro. Esquentando cada parte de nós. E costurando as doçuras vãs das quais eu falei naquele poema. E as verdades que não são verdades. E as mentiras que não são mentiras. O sempre querer um pouco mais. E mais. E mais. Até que o mundo postulasse o fim -mas até aí, tinha tanta coisa pra vi(vermos) sermos!-
foi bom. Sempre gostei de corpos comigo. Sempre gostei de viver. Conhecer. Permitir. Sempre gostei de ti. Desde o dia em que te vi pela primeira vez. Sempre gostei do teu sorriso e da forma como falou comigo da primeira vez. Esse jeito tão seu. Tão encantador. Do teu beijo. Do teu abraço e de cada partezinha de você.

Não, moço bonito, eu nunca vou entender essa coisa de desistir

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Por um instante. Deixei de ser Iaiá.

Batia minhas mãos ao som da música que eu ando usando pra escrever. E perdi meu escrito. Tive que começa-lo novamente. Odeio perder palavras, ter que retoma-las depois de já te-las conjugado.
Arte. Pessoas. Amor. Viagens. Comida. Tesão. Prazer. Risos. Amor. Filmes. Músicas. Meus escritos. Dias de sol. Dias de chuva. Nada. Absolutamente nada disso fazia mais sentido. Nem um pedacinho do amor que eu já doei ou recebi. Nem a minha amizade mais profunda fazia sentido. Apenas minha irmãzinha, talvez, por ela representar o oposto do que eu sentia. Apenas ela é o que havia restado de importante no meio daquela montanha de dor. Aquela pequena do sorriso grande. Olhos parecidos com o meu. Aquela pequena que um dia, virou e disse: Fica com quem te fizer chorar menos.
Ontem saiu tanta água salgada do meu rosto que eu achei que eu ia morrer afogada. Era água que misturava com fogo. Queimava tudo dentro de mim. Três semanas depois de ter fodido com meu coração eu me permiti. Eu realmente me permiti. Eu realmente acreditei. E você conseguiu me ceder esperança, um tiquinho de esperança depois de um ano de confusão pulsante dentro de mim. Um ano que acabou. E eu pensava que poderia viver uns bons anos contigo. Umas boas risadas, como as que surgiram quando nos conhecemos. As coisas bonitas, é você sabe. Essas coisas bonitas e gostosas que aconteceram, quando você ainda tava disposto a se permitir.
Ponto.
Ponto.
Ponto.
Como prosseguir?
Você arrancou de mim cada gotinha de esperança. Cada gotinha da imensidão de coisa nova boa que eu tava sentindo. Todos diziam ''Oh Iaiá, como você tá feliz!''.
Felic(idade)
Idade da pausa. Idade da falta.
Eu nunca me senti nessa idade. Nunca. Nunca senti que nada tinha valido a pena. 
Você me ensinou a desistir. Desistir de tudo de mais bonito que eu já havia vivido. Desistir, porque é mais fácil, é um caminho mais fácil.
Você arrancou de mim o que eu tenho de 
mais bonito
mais Iaiá
mais real
mais latente

você conseguiu
como nunca nada tinha havido antes

me arrancar amor
e trancafia-lo
e fazer-me acreditar
que ele -e mais a mil e uma coisas que ele proporciona-

não valiam de nada.

e isso
eu te digo

que nunca tinha doido assim.

- Continuarei sendo estupidamente: Arte. -

Sempre fui palavra. Sempre. Desde que parei de pintar. Sempre gostei de escrever e tentar organizar as coisas assim. Não se assuste se um dia eu te fizer um texto dizendo tamanho afeto que tenho por ti. Não se assuste se eu disser.
Porque eu nunca
nunca tive medo das palavras.

elas não precisam fazer sentido pra serem válidas
não preciso deixa-las porque acho que são besteiras
-será mesmo besteira expor o que se sente?-
vocês sempre trouxeram um tico de sabedoria pra mim
e um tico de alivio
com clarins 
e sons gostosos ao pé do ouvido
e foi por causa de vocês que eu me livrei dos meus fantasmas literários, daqueles que sempre perpassavam meus escritos e me faziam mal. Vocês mimetizaram tanta coisa!
e foram vocês que me entenderam em dias ruins
e foram vocês que exerceram papel fundamental na minha escolha de graduação
foram vocês, letras que andarilham minha boca

sempre foram vocês

que cuidaram de mim.

sábado, 19 de outubro de 2013

Porque eu sempre colhia flores no jardim, e colava elas na parede. Achava que assim, elas iam ficar pra sempre comigo. É exatamente aí o ponto em que trato da minha parte mais menina: Sempre achei que as coisas não fossem perecíveis. 

Acho que é por isso que chorei tanto, quando ela morreu de câncer.
Metástase. Das bravas.

Aquele dia eu aprendi,
que 

-crenças a parte-

nada é pra sempre

Rabisc(ando)


um dia eu acordei
e o Otávio tinha ido embora.
tava doendo pra caralho
rasgo no peito
e todo o mais que só quem se apaixona sabe.
(foi pós-um-ano. sim, doeu)

aí eu resolvi seguir
porque o tempo não para né
o tempo vai indo
e levando a gente.

três semanas depois
conheci outro Otávio
bem diferente do primeiro
-porém, com dilemas semelhantes-

gostava do jeito que ele sorria
um jeito engraçadin
era sorriso que com toda certeza
tirava sorriso do outro

gostava da forma como ele me fez rir
gostava de pensar que dava pra preencher
o vazio que outro Otávio deixou.

a forma como ele me tocava
ou o jeito inóspito como nos conhecemos
ou horas horas horas de beijos
e corpo
e segurança
que foi chegando
de fininho

-em algumas semanas, eu já nem pensava mais no outro Otávio! Tava tudo tão bonito!-

Gostei dele.
Ele gostou de mim.

-e eu achava que isso ia bastar , pra ele não ir embora, que nem o primeiro Otávio.-

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

-mal escrito. foi só pra falar dos meus castelos quebrados.-


porque às vezes a gente cansa
de construir castelos
e vir uma ventania maluca
levando ele embora
ou a maré que passa por cima

porque é cansativo
catar cada grãozinho
que nem se junta mais
pois estão todos
todos molhados de choro
misturado com o sal da maré
e com as pitadas de vento

e despejam
correm feito riacho
encontram dores passadas
se aglutinam dentro de nós
e gritamos: cansaço!

-espaço-

e com calma e muito ardor
você vai juntando, cada pedacinho de areia
cada partezinha do quebradiço
da caixinha de música que para de tocar
e você começa a cantarolar
e quando voz não há mais
você chama sabiá pra vir junto
e quando ele cansa
você arranja outra forma de arte

e você continua
sempre
você sempre continua

a construir novos castelos.

-é visceral, é inteiro, é tão grande dentro de mim, que às vezes penso que vou explodir-


Com toda a certeza é absolutamente confuso como as palavras perpassam em meu coração. Como se elas fossem parte de mim, parte de cada pedaço do meu corpo. Esse corpo dramático, que mergulha em absolutamente tudo que sente. Esse corpo que sintomaticamente tenta passar amor. Sintomas. Será mesmo sintomático? Não. Não falamos de doença. Há quem diga que o amor é doença crônica. Pois bem. Não sei sobre o amor. Nunca soube amar direito. Não sei sobre tanta coisa. Mas sei que já senti. Que sinto todos os dias quando abraço um amigo querido ou quando deixo minha irmã na perua e vejo ela da janela me acenando tchau com um sorriso enorme de sete anos. Ou daquela vez, que achei que ia morrer depois que terminamos e eu me vi te magoando. Ou quando fui no parque e ensinei um grande amigo a girar o mais rápido que conseguisse, cair na grama e olhar pro céu. Ou quando tantas coisas! São tantas! Às vezes me pego lendo os meus textos e vejo que falo tanto sobre amar. Cheguei a intuição de que talvez eu fale tanto disso, justamente, porque quando leio minhas palavras, o entendo melhor. Entendo melhor toda essa montanha de dizeres que existe dentro de mim. Gosto do mundo. Apesar dos pesares, sim, sempre gostei de cada cantinho que ele tem a oferecer. A gente sabe, que é um balaio bom.

Nunca saberei estar pela metade. Dizer meias palavras, te abraçar pensando no fim. Porque no fundo,

bem no fundo

eu sempre acreditei no amor.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

-confluências de dizeres-


tava precisando escrever
botá a boca no trombone
te dizer que eu cuido do teu medo
que eu cuido das tuas dores
que eu cuido de você, moço
me deixa fazer parte
me deixa fazer parte
mesmo que a gente sinta que tudo
tudo nessa vida segue um rumo
mais pro fim que pro começo

tava precisando escrever
pra ver se assim me entendo
compreendo meus anseios
meus receios pós-dor-passada
meu medo bem menina
de pisar em campo novo
e colher fruto recente

eu nunca soube amar direito
nunca soube ser vazia
ir com calma
ir deixando

eu nunca soube amar direito
nunca soube ser metade
ir na beira
ir distante

sempre soube
ser inteira
(intensa)
clara
exatamente iaiá
do jeito mais enroscado
cheio de prosa
cheio de cor
de cuidado
-mas não, eu nunca soube cuidar de mim-

cheia de vida
pra dar , receber
pra ver
e engolir cada pedaço de algodão
e doçura
que cola na boca e fica
e dizeres piegas
que dizem mais que muita coisa

Não. Eu nunca tive medo de falar.

-me perdoa moço bonito? por ser tão iaiá!-

por ser assim
bem assim
bem iaiá

ligeiramente amante da vida.
engraçado como sou menina da prosa
e ultimamente tenho tentando fazer poesia,
talvez, essa tentativa venha do fato de que as palavras tão meio cortadas dentro de mim, digo, tão empilhadas feito prosa, mas só conseguem sair poesia. Porque pra quem escreve desde os 14 anos, as palavras vivem se modificando e sabendo sair de outras formas. É curioso, como essas sorrateiras sempre me puxam e acabam saindo da minha boca da forma mais sincera possível. Elas são só palavras, sim
mas são grandes
tão grandes como qualquer outra forma de arte.
são absurdas
são sentimento
são vontade de gritar
girar e clarear toda a forma de dizer.

sempre soube
que pra escrever
não precisava de diploma.
o amor no tempo de cólera
amor no tempo da pressa
amor no tempo da dança
amor no tempo do estar
amor no tempo da saudade

ah, o amor!
esse que deu literatura
deu pintura
e samba a dois
deu vontade de viver
deu querer e não querer

ah, o amor!
saudoso moço
que amarra as pessoas
ou nem moço
é sem sexo
é amor
é de todos

-ele adora puxar cada um de nós- safado!

talvez
seja uma das únicas coisas
que não se precisa mendigar
ele brota
como amora em pé novo
ou criança aprendendo a andar
como preencher o vazio
de todos os dias
dias preenchidos por tanto tanto
dias que se enquadram ao sistema
e se enroscam cada vez mais
nas convenções diárias
e eternas
e catárticas.

e no fim
o amor
nos escapa pelas mãos
porque ele adora ir e vir
mas ele sempre
sempre
estará
em
cada
pedacinho
de nós.

-desculpem-me os pessimistas, mas não tem como fugir.-
tô precisando do interior
de água fresca pra entrar na boca
cachoeira pra molhar cachola
gente nova pra dançar um maraca
dias de revolução interna (talvez)
dias de pintura , como quando tinha 12 anos
dias de enebriar a alma

tô precisando fugir
pra conseguir chorar
e botar pra fora
cada pedacinho de saudade
cada pedacinho do passado
cada pedacinho mal concertado
que sempre assola a gente
quando as coisas estão
um pouco desarrumadas

tô precisando de você aqui
pra me abraçar
e eu fingir que
vai
ser
por
um
bom
tempo.

-prefiro acreditar
no lugar de fingir-

permite-me?

sábado, 12 de outubro de 2013

Temos um corpo: E ele somos nós da maneira mais real e orgânica possível. Diria que eu sou corpo amor. Tem muito amor e muito corpo por aí, até mesmo, na vertigem do dizer.
E isso é preci(o)samente válido.
não consigo
cuspir pra fora
as dores
que me amarram
simplesmente
porque

é coisa demais.
tava borbulhando por dentro
a raiva daquela moça
que só sabia zumbir e xingar
botar pra fora o monte de merda
que ela guardava dentro daquele corpo que só sabia gritar

tava borbulhando de tristeza
dentro de mim
que ouvia e ouvia e ouvia
dia a dia
palavras de dor

tava tudo borbulhado
defecado
café passado
ponto errado
vida cheia
moça
que
era
pra
me
amar
-e eu amar de volta-

Ei guri, deixa ser.



Me disseram uma vez que coisas boas nascem em pé de árvore, como eu gosto de amora, digo que elas nascem em pé de amora, num dia qualquer. Me disseram uma vez que coisas boas nascem em qualquer espaço de tempo em qualquer lugar com qualquer pessoa por mais corrido que seja tudo isso.
Diria que a parte em que o mundo cênico que vivemos se desfaz, é exatamente no ponto em que as histórias de vida se entrelaçam, em que as escolhas -a única e exata- se esbarram por aí. E quando uma escolha coincide com a do outro? E quando a arte causa explosões de sentidos dentro de cada um?
O mundo não é tão ruim assim.
As coisas não são tão ruins assim.
Pois em meio a determinação de tudo, ao não-falar do sujeito, ao quão engasgado somos todos nós. Em meio a tudo isso existem as doces sensações que nos puxam pelos braços e levam-nos embora. E eu não me importo, se esses, esses sentimentos venham determinados pela minha história de vida. Porque eu gosto dela. Eu gosto da minha história de vida, eu amo exatamente o ponto em que ela se entrelaça com mil e umas outras e a gente conhece e permite e vive no meio do chão de ladrilhos que perfuram os pés. E esses, por vezes, se tornam pitadas de cânfora com algodão, e aí, nem é tão dificil de pisar.
É normal dar errado.
É normal dar certo.
É tudo bem normal, e nós, sempre nos achamos no direito de prever.
Pois dane-se. Que seja anormal, normal, claro, escuro, roxo, azul, vermelho, que seja determinado que seja caos que seja chuva que seja sol cor amor.
Que seja.
E basta.
Basta que seja. 
Bem pertinho.

sábado, 5 de outubro de 2013

- Godot, chega logo! - *¹


Puta que pariu
tô cansada dessa vida farrapo
que é dada a todos
dessa vida que resume-se
em: ter.
onde o ser fica de lado
a dor fica de lado
olhar fica de lado

e só resta: a sórdida vontade de
ter
ter
ter
ter

Puta que pariu
tô cansada dessa coisa louca
de trabalhar pra ganhar
e ganhar pra gastar
e gastar pra ganhar o quê?

Cansada dessa andança sem rumo
dessas esquinas sem casa
dessas casas vazias
cheias de corações famintos
e de pessoas morrendo
feito bichos jogados
no chão chamuscado por concreto

massas e mais massas
que juntam-se e reverberam
a indignação interna
porque tem tanta coisa explodindo dentro de nós
tanta coisa borbulhando
sobre nossas faces que estapeiam umas as outras
e querem sempre sobrepor-se
em meio a um nada
uma espera
insana
discreta
que acorrenta
cada mão
cada braço
cada passo
de cada ser.

---------
*¹ Esperando Godot é uma conhecida peça do teatro do absurdo publicada em 1952 por Samuel Beckett. Seu título era usado como expressão para indicar ''uma espera infrutífera''.

-meu amigo disse que o amor é um negócio meio zoado-


Sei não amigo meu,
essa coisa de amor
é cheia de revirado
parece feijão com arroz
em dia de fome
que cê come com toda voracidade
essa coisa de amor
é muito pra cabeça
tem nem palavra não
pra descrever essa coisa maluca
que revira o estômago
e deixa a gente de cabeça pra baixo
dá brabuletas na barriga
sorriso estampado na cara
olhar olhando o outro
e chamando pra perto
essa coisa de amor
é pra quem tem força
e quem tem garra
de ficar
doer
voltar
pedir
ceder

abraçar em dias de chuva
colar no corpo
sentir a pele
a boca
e cada partezinha do corpo alheio
essa coisa de amor vai e vem
pula e corre

-imensidão de tesão que pulsa dentro da gente-

mas sempre
essa coisa de amor
sempre pairou por aqui
me puxa pelos cabelos
me vira o corpo inteiro
e fica.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

-(poema) de um verso grande.-


passarinho
sai do cárcere privado
que acorrenta alma
abre asa pro aberto
abre as penas pro voar
porque nesse mundo
por mais maluco que ele seja
por mais sozinho que estejamos
no meio de tanta gente
de tanta voz
de tanta luta
por mais!

passarinho
vem pra cá
vem comigo
vem voar de mansinho
sentir as cálidas e minimas doçuras vãs que permeiam essa vida cheia de coisas e verbos e pessoas e tristeza e vazio

(respiro)

vem preencher vem
as verdades que não são verdades
as mentiras que não são mentiras
os ditos
que são simplesmente proferidos
e acabam
mais duram
na lembrança.

e eu leria tudo isso aqui num ritmo sem verso
num verso sem ritmo
que só sabe dizer
que quer
um pouco
muito
mais

sábado, 28 de setembro de 2013

Me ensina a juntar grãos de areia molhada e acreditar que eles podem fazer castelo.

-por favor-

choro guardado
choro escorrido
choro que bate dentro da gente
e fica
e traz choro antigo
e junta todas as lágrimas num pote só.

choro de medo
de medo da dor
da dor que perfura e cobre o corpo
e o corpo, deixa de ser.

choro que vem e vai
e anda e fica
e
oh choro, saia de mim!
saia de uma vez
e permita-me que seja feliz
na verdade, a todo instante que penso na felicidade
meu corpo se arrepia todo
porque eu lembro de uma vez
que eu fui muito muito muito feliz
e aí
foi embora
passou
se foi
assim
como um zumbido que corre nos ouvidos e some.

Como uma caixinha de música quebrada, que para de tocar.

Mundo, ensina pra mim, ensina pra mim mesma
a aprender
a acreditar nas coisas
e não chorar
de medo da felicidade.

escrito meio rabiscado, mas é sincero

Esses dias eu fui assediada, na verdade esses muitos dias eu fui assediada e mais que a metade das mulheres também o foram. 
Um dia desses, eu precisava de espaço, e esse espaço não foi me dado, mesmo eu tendo solicitado ele e dizendo à pessoa que não estava na ''vibe de ficar com ela'', ela insistiu corporalmente, eu repeti que tinha acabado de terminar um vínculo bem importante pra mim e que tava num momento em que não queria pegar nem me relacionar com ninguém. Enfim, por que precisei me justificar tanto? Não é NÃO. A pessoa continuou insistindo, acabei cedendo, por pressão. Agora não me venha com seu argumento de ''Oh, mas você estava se fazendo de dificil'' ''Oh, mas se você não queria, não teria ficado''; não precisam me atar as mãos e me estuprar pra eu me sentir pressionada a fazer algo, pressão psicológica e emocional existem SIM, aliás, existe toda uma persuasão que lhe deixa de mãos atadas, e você acaba cedendo. Nesse dia cheguei a ouvir um ''mas se eu não tentasse isso Iaiá, ia voltar frustado pra casa'', eu pensei ''nossa que ótimo, só minha companhia e um dia agradável deixaria a pessoa frustada''. Tô cansada de não poder sair com um cara simplesmente porque o acho bacana. Mas eu aprendi, desde desse dia, eu aprendi que não preciso ser bem educada com pessoas assim, naquele dia eu pensei em dizer um ''não porra, não, entendeu? NÃO quero.'' depois até do fato deu ter exposto pra pessoa que me senti ''invadida'' e ela ter insistido em me beijar novamente.
Mas essa foi a última vez, a última vez que ficarei com alguém porque me senti obrigada a fazer isso por toda uma questão de pressão por parte do outro.

Esses dias, eu mudei de lado na calçada porque eu tava vestindo uma roupa bonita, daquelas com as quais eu me sentia bem, ela um shorts jeans e uma regata. Mudei porque tinham vários caras sentados na hora de almoço e já me encaravam de longe, pensei: ''Vão mexer comigo, melhor eu mudar de lado da rua''.
Também foi a última vez, não vou mais mudar o meu trajeto porque não posso caminhar em paz na cidade sem ser assediada verbalmente.

Esses dias fui assediada no ônibus, mas essa história fica pra próxima

porque é tanto tanto, que oh.

Esses dias, eu ouvi relatos de mulheres que sofrem tanto o machismo escancarado como o machismo velado socialmente, TODOS OS DIAS. Esses dias, eu vivi isso na pele.

E eu Cansei.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

pintaga
pintaguei
some vai
já deu de pitanga
respingando no meu quintal
aqui não tem mais espaço
pra pitanga que não deu fruto
que caiu
espatifou
e alguém pisou em cima.

sábado, 21 de setembro de 2013

Eu mesma, quero ser eu mesma quando crescer.
Da ponta dos pés até o último fio de cabelo.
Das experiências contidas dentro do arcabouço chamado coração. Da vida corrida que aperta e revira. Da vida calma que aparece de vez em quando.
Da vida.
Sabe, quero ser eu mesma, quando crescer.
Das sapatilhas da infância até as caixinhas de lembranças onde guardo memória. Das crises contidas, expostas como balões de ar que estouram.
Das conversas com minha irmã mais nova e das idas ao parque.
Do primeiro. Do segundo. Do terceiro.
Da caixinha de música que instiga aquele cheiro e do cheiro que instiga aquela cor e da cor que instiga aquela voz e da voz que instiga

oh
que instiga tudo de uma vez só.

Quero ser eu mesma, quando eu crescer.
Onde tudo revira, desvira
encalça
entra no buraco mais profundo
da nudez que despi a tristeza
enrolada as amarguras
passadas,
amarra
desfaz
desajusta
e ajusta o desajustado

escorre
feito liquido que púrpura face a face
nos transeuntes da vida labuta

cai suor
cai tristeza
cai as fitas enlaçadas numa esquina que começou em janeiro

vira-tempo
vira-dor
vira-amor
vira que vira revira o revirado que jaz aqui dentro
de mim de você de cada um de nós

e assim, costurado na roldana da vida
a gente segue
respira
e vai
pra onde der
pra onde quer
que vier e tiver

pra viver.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

-caiu
lágrima-

Da flor do regato nasceu o lírio, das doces e cálidas palavras da garota, nasceu o amor. Da nova ida reconstruída no meio dos cascalhos, nasceu a dor. Da dor antiga com a dor recente, tudo encaixotava-se e dava em algo que nem a própria menina sabia consumar. Diríamos que Olívia escolheu deixar Otávio. Diríamos que Otávio escolheu deixar Olívia. Diríamos que deixar faz parte do ter tido. Teriam tido então, um final mais feliz caso houvessem escolhas diferentes em meio daquele mistifório de sensações que rasgavam a pele de tempos em tempos? Teriam tido então outra escolha, se apesar de tudo a dor era maior? Li uma vez que num universo de ambiguidade, esse tipo de certeza vem uma única vez, e nunca mais, não importa quantas vidas você atravesse. Mas creio que num universo de ambiguidade, existam vários tipos de certeza, e têm umas que ficam


e outras que vão. 


-Lágrima encaixotada.-

acabou chororô
de iaiá e de ioiô

iaiá tirou as lágrimas e pendurou no varal,
enquanto ioiô engavetou todas dentro dele.

iaiá preocupava-se com coração de ioiô
comé será que ele tá?
comé será que vai ficá?

ô ioiô, amo tanto ocê
que cê nem sabe!

iaiá chorou demais
pra uma guria só.
chorou tanto
que encheu seus baldes de melancolia.
rasgou a blusa usada no dia
e torceu o resto de lágrimas
dentro um caixote antigo que estava largado lá no canto do quarto;
ainda tinha umas gotas borbulhando dentro dela
(acho que vai ter pra sempre)

de ioiô, ela num sabia mais não
foi-se embora
desde o dia em que as lágrimas escaparam-lhe pelas mãos
e pelos braços
e abraços

iaiá
só sabia
que não tinha mais
como arrancar seu coração

-e no meio dos rasgos feitos-

da-lo pra ioiô.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

para ouvir ao ler: http://www.youtube.com/watch?v=CBEAaKcnNRg

''É como esquecer a letra da sua música favorita.''

-

Olívia pela primeira vez lidou com a falta, porque ela de fato existia. E nas andanças corridas da vida dessa menina cheia de amor, pela primeira vez, ela de fato consumou o Adeus.
Estava sentada com aquela montanha de folhas -todas suas produções artísticas que faziam parte do período desde a paixão até a dor, especificamente: de janeiro a setembro- e esperava ele chegar. Haviam combinado às catorze horas. ''Mas ele sempre atrasa'' , pensava ela. E voltava a folhear todos aqueles papeis. Era uma e meia, horário em que Otávio chegou; Olívia mesmo que bastante surpresa com seu adiantamento cumprimentou-o naturalmente. Tudo borbulhava dentro dela, não sabia como contar o que consumaria o fim. Estava estudando tragédia grega na semana do término, e pensava com seus botões o quão trágico seria aquela situação. Encarava aquela boca que tanto lhe pertencerá, aquele corpo, aqueles olhos... Ah, aqueles olhos!
Olívia sentia-se perdida, tinha vontade de abrir um buraco e se enfiar e sumir e ir pra bem longe. E.
Ele olhou para ela e disse: - Oi. Bem? Hmm, conte-me o que tem para me contar.
Olívia disse que sentiria-se melhor se eles conversassem sobre como andavam as coisas para cada um e que preferia dizer o motivo pelo qual estava ali na hora deles irem embora. Otávio começou a falar sobre seu preparatório para o maldito vestibular. Olívia falou sobre sua vida frenética da universidade e mais trocentas outras coisas que lhe faziam esquivar-se do motivo real que a levou até ali; doía por dentro só de pensar em como enunciaria todas as palavras que romperiam com qualquer coisa posterior. 
Foram palavras atrás de palavras e sorrisos. 
Até que o moço virou e disse: -Conta.
Pegou a caneta que estava na mesa e começou a riscar a garota. Fizeram algumas brincadeiras e sempre que havia alguma pausa ele soltava um: Conta. Conta. Conta.
Olívia virou-se e perguntou: -Você não faz ideia do que seja?
Otávio sorriu e disse: -Ah, eu imagino, mas prefiro não chutar nada. -O sorriso denunciava que se ele imaginava alguma coisa, com toda certeza, não era o que a garota tinha para contar-

Olívia respirou fundo e desabou, desaglutinou sentenças e desfez a angústia, mas ao mesmo tempo concretizou a tristeza. Foi falando e falando e a cada palavra pronunciada, uma lágrima se escondia dentro de Otávio.Talvez não esteja em minhas mãos contar o que Olívia disse, mas eu vos digo: Ela tinha um fato para contar e o faria por sinceridade consigo mesma, e talvez, inconscientemente por vingança à quantidades de dores que Otávio lhe fez passar em um ano. O ponto é que esse texto mal feito não é para tratar do que Olívia disse e sim do resultado de sua ação.

- Estou puto com todos. Inclusive, com ele. Mas infelizmente, minha Olívia, não consigo me magoar contigo. Na verdade, eu nunca sei bem o que te falar. E nossa, eu...

Olívia não sabia o que dizer, queria que ele a odiasse por ter feito aquilo e estar te contando.

-Você o achava bacana?

- Er, um pouco. -hesitou Olívia- Na verdade, bastante.

Otávio com a maior feição de indignação proferiu um: - Ele é um saco. E não, ele não é maduro. E...

Um. Dois. Suspiros.

Calaram-se, ficaram em torno de vinte minutos encarando um ao outro, Olívia enfiou a cabeça na mesa sobre os braços cruzados e engoliu todo o choro. Otávio abraçou-a bem forte. Catarse. Foi exatamente isso que a garota sentiu: Catarse.

Três. Suspiros.

-Vou embora.

-O que?

-Minha cabeça estava doendo muito antes de vir pra cá , tinha passado, mas agora ela voltou a doer absurdamente. A melhor coisa que faço é ir para casa.

Otávio abraçou Olívia e ficaram ali por um bom tempo. Ela pegou o envelope com vinte e duas folhas de escritos, e entregou pra ele. Na capa do envelope marrom havia escrito com letras meio tortas:

''Quando não tenho mais nada para dar pra alguém,
dou palavras.

Feliz aniversário.
2013

Olivia.''

Nesse dia Olívia roubou uma foto 3x4 de Otávio, para guardar na caixinha de lembranças dela, e colocando-a ali, simbolicamente guardaria teu amor passado. Nesse dia Otávio levou teus escritos e tuas falas. Nesse dia uma montanha de lágrimas se consumou dentro daquele (casal). Nesse dia, ele continuou engavetando o que sentia e Oli continuou seu percurso pelos ladrilhos cheio de amor -cortantes, mas que lhe cediam energia- 

Nesse dia, depois de um ano de andanças e confusões, eles não precisaram dizer nada para enunciar o ponto final, porque eles sabiam que o que Oli tinha lhe dito naquele dia era suficiente para 


Fim.
Queria fazer um conto, mas não tenho paciência nem estilo pra isso no momento. Acho que é por isso que nunca escrevo contos, porque meus escritos acabam se tornando desabafos momentâneos do que se sente e se pensa.
Cansei sabe.
Daquele homem trajado de bebida.
Cansei sabe.
Faz 18 anos. 18 anos de muita andança, e muita luta. Agrura latente, de lábios familiares, que se cansaram com o tempo. Cansaram de dizer.
Essa sua bebida de merda que só trazem problemas dia pós dia.
Já não basta a quantidade de coisas que temos para acertar?
E aí me vem, mais esse problema, que parece que estagnou e não largou mais de ti. Admiro-te, mas não sob efeito do álcool. 
Não vejo mais nada além dos meros ditos pútridos que saem de tua boca.
Não é mais homem.
É carniça e robusta falta de ser.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

uma foto minha,


Tudo Novo de Novo



"Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim

Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim

É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos

Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou

E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou

Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos"

por Paulinho Moska.

Fim

s.m. O que termina; extremidade no tempo e no espaço: o fim do ano; o fim de um livro. / Cessação: o fim de uma luta. / Morte, desaparecimento: sentir chegar o fim. / Termo, objetivo para o qual se tende; intenção: alcançar seus fins. / Destino: o fim do homem. // Pôr fim a, terminar, concluir. // &151; loc. prep. A fim de, com a intenção de, para. // &151; loc. adv. Por fim, finalmente.

-
Hoje acabou. Não há palavra pra pronunciar. Postulamos o fim, sem ao menos dizer: Acabou.
Sabíamos, que sim, acabaria, qualquer resquício de qualquer coisa que nos tornasse dois. 
E veja só, findou-se. Findou-se! 
Estou sem palavras. 

Não há nada dentro de mim.

Vazio preenchido por catarse. Catarse preenchida de vazio.

Espero que tenhamos de fato, vivido tudo que havia para viver.


lidarei com meu amor ou umas cositas mais... E terei o aval de que corações me acalentarão nessa coisa de prosseguir diante do fim. E cuidarão de mim. E me ajudarão, porque é isso que os amigos fazem. Cuida de ti, moço, cuida de ti, porque não poderei mais fazer isso e olha , ah, essas palavras voltando novamente...

Sinto muito, moço. Por nós.

e até mesmo, pelos fins de meus leitores.

Por Este Rio


Uma linda música! Que vale a pena escutar, hm.

''Aqui estamos presos por este rio
Você e eu, abaixo do céu
Que sempre cai, cai cai
Sempre cai

Ao longo do dia como em um oceano
Esperando aqui, sempre deixando de lembrar
Porque nós voltamos, voltamos, voltamos
Eu me pergunto por que nós voltamos

Você fala comigo como se estivesse longe
E eu te respondo com a impressões escolhidas
De outro tempo, tempo, tempo
De outro tempo.''
"As pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra”.

Caio Fernando Abreu 
em Morangos Mofados .

sábado, 7 de setembro de 2013

besteirol , ou não.

Eu desativei o facebook e foi ai que me tomei conta de como a nossa geração é uma geração cibernética. 
Ai eu comecei a reler e-mails antigos e nossa, que nostalgia!
Não sei como me sinto e sei que embora esse blog não seja um diário (aliás, não tenho paciência pra diários, rs), mas esse blog com 285 postagens é quase um reflexo da minha vida, nossa, tem tanta coisa aqui! Tanto tanto! É quase um livro, que conta a história da Iaiá. E acho que é isso que me levou a escrever hoje, não tô aqui pra escrever um texto bonito, ou falar sobre o que penso de forma poética, eu só precisava de um espaço pra conversar com o mundo. Tenho me sentido perdida, desde que você foi embora.
Mas acontece.
A gente anda e perde e continua. 
Até aparecer algo novo pra acalentar o coração.

Provavelmente esse blog já se tornou mais que um espaço de textos literários e sim um espaço de desabafo com o mundo. Mas entre contos, e poemas, e textos líricos , entre tudo isso, espero que eu tenha um espaço, mesmo que pequenino

pra escrever besteiras.
como esse aqui.

Diria que esse blog que às vezes me traz a sensação de vulnerabilidade , têm textos sobre todos meus amores, sobre meu passado, sobre isso sobre aquilo. Sobre uma vida que precisa de palavras para continuar.

Obrigada. Obrigada aos leitores (se é que tenho algum, rs) por acreditarem nas palavras. Por acreditarem nas demasiadas formas de arte que nos escapam pelas mãos.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um texto a uma pequena moça criança.


para ouvir lendo: http://letras.mus.br/cicero/1934000/

''Ainda não fazem pessoas de algodão
Ainda não fazem pessoas que enxuguem
Suas próprias
Mágoas''

Ainda não fazem rodas gigantes que nos leve até o céu. Ainda não fazem moços e moças que se dão bem pra sempre. Ainda não fazem purpurina de graça. Ainda não fazem a máquina do tempo. Ainda não fazem alegria a toda hora. Ainda não fazem problemas sumirem com apenas um sinal de cansaço. Ainda não fazem.
Ah , ainda não fazem!

Mas fazem certezas em meio ao incerto. Fazem pessoas boas, fazem felicidades em meio a tristezas, fazem caretas e cores. Fazem um mundo maluco e fazem pessoas e nessas pessoas se faz muito amor. E nesse amor se faz alegria. Energia que enebria a alma.
Se faz criança, dona Mah.
Que tem muita coisa pra se ver! Pra viver.
Se faz criança, porque és, és na flor da nova idade, onde quase tudo pode-se fazer. Desde rir, até crescer.
Faz feliz.
Faz cidade.
Faz sorriso.
Faz desenho.
Faz de tudo, uma nova ida.

Faz de tudo, que lhe der no coração!

E que se possa fazer comigo. Contar comigo.
Sempre que eu puder

fazer algo, por ti.
Quero me chamar Olívia.
Quero ir pra Olinda.
Quero saber poetizar.
Quero esquecer Otávio.

Quero viver de flores
quero dançar amores
quero afastar-me da dor
ou viver a dor
e lidar com a dor

Quero querer menos
E viver mais.

Quero aprender a me achar
no meio da frenética e pulsante
dança em que me arranjo
todos os dias.

Olívia, vem cá.
Vem fazer de mim nova moça.
Vem fazer parte do pseudônimo
criado
pra
tentar
dizer.

Olívia, vem.
Vem fazer parte de Iaiá.
Vem cantar os clarins de todas as manhãs.
E vem apagar as dores passadas que Otávio causou.

Olívia, digo que sou você
e você diz que sou eu
e seremos uma só
mimetizadas em palavras

e as palavras
ah, as palavras!
um dias essas lindas sorrateiras
palavras

tomaram conta de nós.