segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Que?

Eu não quero mais uma máscara.
Eu não desejo um produto
Nem mesmo etiquetas
Não quero o lucro,
Surto.

Que cada nota seja picotada,
Que o sistema afogue-se,
Que o fogo queime
Toda a hipocrisia.

Que ele não exista.
Que ela cure.
Que eu viva.

Que?

Que exista amor.

Onde?

Fino.
Leve.
Forte.

Grilo canta.
Galo dorme.
Eu acordo.

Lua acende.
Árvores ouvem.
Terra sente.

Longe.
Onde?

Em qualquer lugar.

Obrigado.

Um. Dois. Três. Respiro. E agradeço por cada segundo de vida. Observo o mundo a minha volta, a lua cheia, redonda, perfeita e branca, como uma flor copo-de-leite.
Logo ao fundo as nuvens, de um cinza tão agradável, eram várias... E o mais importante: As estrelas. Era uma constelação, brilhavam com tanta vivacidade que é como se olhassem para mim.
O cantar do vento entrava em meus ouvidos como uma melodia de paz.
Eram pequenas luzinhas distantes: Cada qual uma casa. Cada casa uma família. Cada família algumas pessoas. Cada pessoa uma essência.
E é exatamente isso que desejo, passar ao papel a essência desse local.
É tão gratificante acordar e ver logo em frente um sol - junto ao sorriso de alguém.
Ou ir a sorveteria à noite e receber do garoto de cabelos pretos e intensos, dos olhos cor de mel, um : Sinta-se a vontade. - permeado de um sorriso sincero.
Minha alma enxe-se de calor, mas é um calor que difere de todos os outros que já senti. É um calor verdadeiro. Um calor de alegria.
Sinto a água em minha face. Gélida, suave e forte ao mesmo tempo.
Lembro-me de tantas pessoas que eu gostaria que estivessem aqui comigo. Uma para me abraçar, outra que me faria rir, outra que me aguentaria falando por horas e horas sobre como o dia foi bom, e aquela, é... Aquela que tocaria em meus lábios como se fosse a última vez. Aquela que me amasse.
Porém, como não a tenho, me contento com a presença de amigos aposentados, que me ensinam a cada dia algo, é como se eu estivesse cheia de avós e avôs por toda parte. Ah, que saudade.
E é tão bom ouvir-lhes dizendo: "Você é uam grande menina, e acredite, com toda certeza, serás uma grande mulher."
Que os anjos digam amém.
Ou melhor, que eles ouçam agora o meu suspirar e perdebam que esse sim é um suspirar que diz:
Obrigado.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Eu caminho para o oceano. Nado com tubarões e águas-vivas.
Eu posso nunca ter essa chance novamente.
É por isso que se você quer beijar, você deve beijar.
Se quiser chorar, você deve chorar, e,
Se você quer viver, você deve viver". - R.Ross

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Segundos.


A porta abriu. Entrei rápidamente com medo de perder o metrô. Sentei no primeiro banco que vi vazio. Abri o bolso da frente da mochila e peguei o mp4 , coloquei The Calling, sim eu precisava deles naquele momento. Olhei para o lado distraida e logo em seguida para o banco da frente, e vi ele. Normal, completamente normal. Mas era comum demais para não possuir nada além de aquele rosto agradavel. A questão é que era um comum diferente, estranho não? Mas era um comum permeado de mistérios.

Obervei-o, foi quando ele me viu. Olhou-me com intensidade e desviou o olhar. Acho engraçado como as pessoas têm medo de trocar o mais profundo olhar com um desconhecido. Acredito que embora seja só um olhar, e só um desconhecido, isso diz muita coisa. E naquele momento disse. Tentei me concentrar na música, mas era impossível. A todo momento que olhava-o era reciproco. Comecei a bater com os dedos levemente sobre minha mochila, e por algum motivo sorri - de uma maneira singela, completa e graciosa. Ele viu. E deu uma risada como de quem não quer nada, como se ele estivesse viajando pela vida. As perguntas passavam-me pela mente: ''Da onde ele veio? Como será que ele é? Qual seu nome?'' , fitei ele com mais intensidade do que da primeira vez, e nesse momento foi diferente, ele não desviou. Olhou-me, como se aquele ato fosse retirar todas as informações que desejavamos saber. Ouvi um som que me incomodou. Era a próxima estação. Pensei: ''Ele tem que descer aqui. Tem que.'' E sim, ele desceu.

Ele e muitas outras pessoas, loiras, morenos, altos, baixos, magros, gordos, cada qual com suas peculiaridades. Nosso passos foram dados juntos, tentei não perde-lo em meio a tanta gente, mas era impossível. Subi na escada rolante, ele estava do meu lado. Mas que vontade, que vontade imensa de dizer algo, e eu sabia que ele sentia o mesmo. O problema é que somos humanos, e nesse instante eu odiei ser comum, seguir padrões e me esquivar de dizer um simples: Tudo bem? A escada chegou ao fim. Um segundo. Dois segundos. Três. Quatro. Ponto. Perdi-o. Ele virou a esquerda e eu continuei, meus passos eram tão lentos como os dele, olhei para trás e foi a última vez, a última vez que obtive aquele tão sincero olhar. E só nesse momento percebi o que tocava no mp4, era: All you need is love. Peguei um laço vermelho da bolsa, prendi o cabelo e continuei andando, como mais uma transseunte em meio a regras, números, pessoas.. Mas percebi que não , eu não era só uma garota andando em meio ao mundo.
Eu era alguém que deu a importância devida a um olhar, que mesmo desconhecido dizia-me muita coisa.
E isso sim , minha gente, é amor.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Tudo.

Olhe-me
Exergue-me


Beije-me
Toque-me
Abrace-me

Viva-me
Esteja-me
Consiga-me

Proteja-me
Clareie-me
Toma-me

Sem superficialidade.
Porfavor, preencha minha alma.

E arranque de mim o que desejar.

Sugue.

Eu quero jogar tudo para fora, longe, quero enviar uma carta e colocar dentro do envelope todas as minhas angustias, perguntas, falhas. E assinar como anônimo. Não quero que saibam disso, quero sentir o ar puro das folhas, os pés roçando a grama e o sol tocando minha face. Quero me banhar com as cores e estar longe dos espinhos. Longe de você. Quero enterrado seu número de telefone, que seu suspirar nunca mais toque minha face, que suas palavras sejam enterradas em um túmulo escrito: Aqui jás o que aprendi com ela.
Quero sentir outro alguém comigo, quero estar por inteira e não pela metade. Quero chorar por quem valha a pena, quero sofrer por algo melhor.
Quero tudo, menos você.
As palavras só estão sendo jogadas aqui. Sepulte-as.
E que elas sejam como o meu sangue escorrendo em cima de ti , que sinta-os em sua pele.
E que eles lhe mostrem tudo, tudo o que minha alma tenta expressar agora.
Sugue isso, como se fosse o único copo de água de sua vida inteira, porque será a última gota do meu ser que você possuirá.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Tarde de dezembro.


Era uma tarde de dezembro. A vida corria como um relógio pulsante, o mundo girava e as flores brotavam. Peguei um café forte, abri um jornal e comecei a folheá-lo, via os horrores que aconteciam no mundo, cada morte e cada assassinato, era cruel e frio ver tudo aquilo.
Abri em uma página sobre um acidente de carro, em que o único sobrevivente foi uma criancinha de 4 anos. Fiquei estática, paralisada, a angustia era tanta que não conseguia falar, observei bem a imagem da criança, meu olhos de um negro intenso estavam semicerrados e nem as lagrimas conseguiam sair. Era uma criança linda, de cabelos escuros cacheados, pele branca como uma flor de hibisco, graciosamente menina. Meu coração pulsava aceleradamente, e foi nesse instante que vi a foto do lado direito da página, dos pais da criança. Eles eram meus. Meus pais. E a sobrevivente minha irmã. Fechei o jornal e vomitei sem parar, meu estomago doía demais. Dei um grito extremamente alto e rasguei o jornal com tamanha voracidade.
A campainha tocou, eu não atendi. Depois de um segundo, resolvi abrir a porta.

Um novo jornal acabará de chegar. Olhei o relógio e vi que já era o do dia seguinte.