terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Segundos.


A porta abriu. Entrei rápidamente com medo de perder o metrô. Sentei no primeiro banco que vi vazio. Abri o bolso da frente da mochila e peguei o mp4 , coloquei The Calling, sim eu precisava deles naquele momento. Olhei para o lado distraida e logo em seguida para o banco da frente, e vi ele. Normal, completamente normal. Mas era comum demais para não possuir nada além de aquele rosto agradavel. A questão é que era um comum diferente, estranho não? Mas era um comum permeado de mistérios.

Obervei-o, foi quando ele me viu. Olhou-me com intensidade e desviou o olhar. Acho engraçado como as pessoas têm medo de trocar o mais profundo olhar com um desconhecido. Acredito que embora seja só um olhar, e só um desconhecido, isso diz muita coisa. E naquele momento disse. Tentei me concentrar na música, mas era impossível. A todo momento que olhava-o era reciproco. Comecei a bater com os dedos levemente sobre minha mochila, e por algum motivo sorri - de uma maneira singela, completa e graciosa. Ele viu. E deu uma risada como de quem não quer nada, como se ele estivesse viajando pela vida. As perguntas passavam-me pela mente: ''Da onde ele veio? Como será que ele é? Qual seu nome?'' , fitei ele com mais intensidade do que da primeira vez, e nesse momento foi diferente, ele não desviou. Olhou-me, como se aquele ato fosse retirar todas as informações que desejavamos saber. Ouvi um som que me incomodou. Era a próxima estação. Pensei: ''Ele tem que descer aqui. Tem que.'' E sim, ele desceu.

Ele e muitas outras pessoas, loiras, morenos, altos, baixos, magros, gordos, cada qual com suas peculiaridades. Nosso passos foram dados juntos, tentei não perde-lo em meio a tanta gente, mas era impossível. Subi na escada rolante, ele estava do meu lado. Mas que vontade, que vontade imensa de dizer algo, e eu sabia que ele sentia o mesmo. O problema é que somos humanos, e nesse instante eu odiei ser comum, seguir padrões e me esquivar de dizer um simples: Tudo bem? A escada chegou ao fim. Um segundo. Dois segundos. Três. Quatro. Ponto. Perdi-o. Ele virou a esquerda e eu continuei, meus passos eram tão lentos como os dele, olhei para trás e foi a última vez, a última vez que obtive aquele tão sincero olhar. E só nesse momento percebi o que tocava no mp4, era: All you need is love. Peguei um laço vermelho da bolsa, prendi o cabelo e continuei andando, como mais uma transseunte em meio a regras, números, pessoas.. Mas percebi que não , eu não era só uma garota andando em meio ao mundo.
Eu era alguém que deu a importância devida a um olhar, que mesmo desconhecido dizia-me muita coisa.
E isso sim , minha gente, é amor.

2 comentários:

  1. Mas que belo romance inaira, digno de continua-lo e escrever um livro.
    Essa historia (que eu acho que é real)é realmente boa.
    Gostei da leitura.

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  2. Nossa, sinto-me lisonjeada com tudo isso. rs
    Que exagero Kluas. De qualquer forma, obrigado.

    Sim, ela é real.

    Um beijo.

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