domingo, 16 de novembro de 2014

Enrolados das mãos aos pés. Corpo a corpo. Boca a boca. Palavras insanas escorreram na noite anterior, diálogos eternos , pensamentos subjetivos perpassavam a mente dos dois que oscilavam entre choro e beijo, escorregando nas pronuncias tortas e medrosas da madrugada. Uma volta ao passado e foi suficiente pra que tudo desabasse. Quase. Quase tudo. Porque em meio ao choro, eles ainda permaneciam ali, com todo o amor do mundo. Horas contínuas que ali pareciam infinitas. Até que
-Eu te amo. Você sabe, não é?
-Eu. Eu. Eu acho que sei.
-Acha que sabe?
-Eu não sei se sei. Não sei de nada. Só sei que te amo.

O medo provindo dos cortes passados afincaram no coração da garota com tanta veemência a ponto dela não saber. Só sabia do seu amor pelo moço, que era imenso. Saudável. Doce. Cálido. Paz.
Chorou, pelo medo de conseguir conceber que alguém era capaz de ama-la. Pelo medo de dizer: Eu sei. Eu sinto. Eu vejo.

Aquela madrugada teve tanta lágrima e tanta palavra. Prosa mais profunda dos amantes. Porém, tudo estava bem. Houve choro findo, riso vindo...
corpo sendo, laço a dois que constrói 
o calor em meio a madrugada forte
houve chá
começo de filme
fim de prosa
receio pequeno
medo isento
choro passado.

Amanheceu. Suspiravam brincadeiras e algo sobre: gratidão pelo espaço cedido pra escuta e pra fala.
Gratidão pelo amor. 
Enrolaram-se nas cobertas
descobriram o sorriso
jogaram fora o medo
os olhos fitavam-se e diziam o quanto queriam estar ali.
as mãos tocavam delicadamente
na pele púrpura e viva 
abraços beijos 
quase um corpo só
gemidos
posteriores
prazeres
incansáveis 
orgasmos risonhos escancarados enormes
palavras gritantes afogavam a pequenina confusão
da madrugada...
o verso deles é grande, é prosa e poesia
aperto de mão. intimidade.
Amizade entrelaçada com a paixão
evidenciava que a madrugada
se torna dia
e tudo conjura-se sol
só-lar dos que amam e deixam
o dia chegar.





palavra travada.

O poema chora gotas ácidas de lágrimas, cai por entre o espaço branco do papel e borra cada parte com a tinta que gostaria de ser palavra, porém, não há mais poesia dentro de mim. Não há palavras clichês de amor, muito menos singelas flores que colorem o papel. A luta diária por espaço, cansou.
A luta das palavras dentro de mim, findaram.
Extasiada. 
Da vida. Dos gritos. Das falas. Da parte
de mim
que não consegue dizer
nem o que se passa. Mas está aqui, viva, tentando botar pra fora em forma de rabisco. Junto cada letrinha 
e nada.
vácuo.
espasmos literários espumam da minha boca amarga 
da rotina
que amarra, 
cerca, 
corta-me
as falas claras
o riso frouxo
versos soltos
percorrem
a garganta
que rasga
no engasgo
da parte
palavra
pausada
perdida
em mim.

Primavera





















Arraiguei-me
em teu corpo
e fiz dele
poesia:

do teu colo
eu fiz flor

da tua boca
eu fiz chuva

dos teus olhos
fiz sabor

do teu peito
só doçura

corpos-flores
campos claros
com clamores
curvilíneos
correm
regam
os meus versos
onde escorre
só nós dois.

[desabafo]



despedaçada
pelo mundo que corta feito lâmina das facas enferrujadas da cozinha velha lá de casa, onde brotam angústias pelas quinas dos armários empoeirados. 
cansada
pelo amigo que não escuta e se joga no âmbito da tristeza melancólica que mata.
o mundo não me é mais confortável.
ana cristina césar talvez me entenderia
clarice nem tanto.
se bem que
acho que com palavras tão tortas e mal escritas não há mais pessoas que entendam ou escutem ou... Enxerguem. O olhar ao outro cegou. 
Cegos que vendo, não veem. -já dizia Saramago-
Escuro. Engasgo de palavras cortadas que nadam entre os espasmos fluídos sangue corpóreo 
nojento
pútrido
suado
dos dias que correm
escorrem
controlam
o tempo 
não cedem espaço
nem pro respirar.
Lixo. Tudo isso que escrevo não passa de lixo fonético. Junções de palavras que não conseguem nem mesmo conjurar o tamanho da dor. Lixo feito o morango estragado que apareceu na minha bolsa semana passada. 
Epifanias literárias perpassam meu coração onde há vontade de encontrar algo que cure esse mundo tão insano. Onde tudo corre corre corre corre corre corre corre corre

explodo.
no lixo de palavras que há aqui dentro.
escarro
tudo pra fora.