quinta-feira, 28 de março de 2013

Em meio a um suor pútrido, que respinga das axilas que trabalham diariamente, que pegam ônibus lotado, que sentem corpos cansados esbarrarem em si sem ao menos ter a opção de não tê-los ali. Em meio a odores ruins das esquinas, a pedintes de cada farol, a dor de cada um, seja ela dor de fome seja ela dor de amor. Em meio a esse mundo revirado de tristezas, em que ter sobrepõe ser, em que rotula-se tudo e esmaga-se a cada passo, esmaga o próximo, esmaga as sensações internas, porque se tem medo, medo de sorrir, medo de dizer que ama, medo do carinho. Gostaria de pedir-vos então, que me permitam ama-los, em meio a toda essa loucura, loucura que me veio a tona quando parei pra pensar que às vezes, um abraço forte, já ajuda. Não recuse amor.

terça-feira, 26 de março de 2013



Me deparo com um teclado que possui inúmeras letras, pontuações, números. Tenho um universo de possibilidades a minha frente, de possibilidades pra juntar, formar, palavras que voam dentro de mim, tem tantas, que nem sei por onde começar! Oh, me veio amor. Foi a primeira palavra que me veio a mente, ou será que burlei as regras da escrita e a coloquei propositalmente aqui? Regras... Quem diria, se a escrita tivesse regras eu estaria perdida, mais do que já estou. Acho que é por isso que andamos de mãos dadas, eu e as palavras, porque elas são tão fugazes como eu, tão intensas, dizem por si só. Será que sou uma palavra? Uma palavra que canta, que ri, que chora, que ama. Será? Diga-me, leitor, diga-me o que sou. Porque já nem sei mais, não sei do que digo, pra quem digo, por onde dizer...
Sei simplesmente que há um desejo enorme de dizer algo pro mundo, sem até agora saber ao menos por onde começar. Digo que tenho muito amor dentro de mim, tenho tanto amor, que por ora, acho que vou explodir. As palavras me entendem. Porque elas saem assim como meus pensamentos internos, elas correm por aí e quando menos espero, uma palavra me escapa pelas mãos (vulgo: boca). Eu sou uma palavra em meio as trezentas mil que estão em minha mente, sou uma palavra sincera. Junta-se a mim? A minha loucura matinal? Sim? Diga-me moço, diga-me se esta disposto, disposto a me amar, assim como amo as palavras. Mas advirto: Sou daquelas que andam feito verbo, que param feito ponto, que sentem feito todas as classificações gramaticais juntas, que possui reticência no olhar e interrogações nos dizeres.
Sou uma palavra-menina que anda aprendendo a amar.

segunda-feira, 11 de março de 2013

velhos tempos (de amor)


Banhava-me da lua e das estrelas
Não trajava nada, além da concupiscência momentânea
permeada de saudade
de lembranças
de encantos

Banhava-me de lágrimas
que perpassavam-me os seios
e confundiam-se com as sensações primárias
daquela que não sabe ser poeta
daquela que é da prosa e do extenso

extensivamente, sinto.
sinto que devo parar por aqui, até que um dia, talvez, nas profundezas dos meus desejos, você volte e diga uma palavra boa.
como nos velhos tempos
em que conversar noites a dentro, bastava.

sábado, 9 de março de 2013

Meu corpo, é MEU.


''Psiu, ô gatinha''
A um tempo atrás eu ouvia caras falando esse tipo de coisa pra mim na rua e simplesmente ignorava, pensava ''ah, tudo bem, deixa pra lá, é normal existirem pessoas idiotas assim''. Mas não, não é normal. Não é normal sair com um vestido ou um shorts curto porque tá um puta calor ou até mesmo porque você se sente bem e a cada quarteirão receber um comentário pejorativo. NADA disso é normal. Não é normal eu ser reprimida cada vez que uso uma roupa ou uma maquiagem que me agrada. Sem contar que existem várias formas em que isso ocorre, o que me levou a escrever essa postagem foi um ocorrido num sábado de manhã (horário que estava indo para meu curso de francês), estava com uma calça jeans básica e uma camiseta amarela, sentei num banco do lado da janela, o homem que estava do meu lado começou a se encostar em mim , aquilo tava me incomodando, então me esquivei mais ainda pro lado da janela, até que ele começou a fazer desenhos pornográficos com os dedos no banco da frente , sim desenhos ao ar livre. Eu fiquei puta com isso, uma raiva absurda, porque pior que falar um ''ô gostosa'' é um cara que te reprime de uma forma tão discreta que você não pode fazer absolutamente nada. O que eu ia fazer? Dizer pras pessoas que o cara do meu lado estava fazendo desenhos pronográficos? Duvido que iriam acreditar. Duvido que ele não iria dizer algo ''o quê? que menina louca.''
Essa foi a gota d'água. A partir daí eu comecei a revidar verbalmente, esses dias mandei um tomar no cu, ontem eu estava chorando desesperadamente na rua e um cara começou a mexer comigo, eu já estava ligeiramente estressada e magoada e quase dei um murro na cara dele, sim, eu disse quase. Eu apenas mandei ele se foder. Mas vai chegar um dia que vai ocorrer um acúmulo tão grande de raiva que eu vou revidar, vou descontar em alguém tudo o que tenho passado dia-a-dia. Vou revidar e sim, eu sei que um dia vão revidar de volta. Mas eu tô cansada, cansada de ter que andar em alerta na ruas. E eu sei que não sou só eu. Não achem que isso é normal, não achem que pra mulher ouvir um gostosa na rua ou um comentário pejorativo seja agradável.
E outra coisa, praqueles que não mexem com mulheres mas que insistem a ficar com elas e a forçam a isso de alguma forma, mesmo ouvindo um não da guria. Uma coisa: NÃO é NÃO.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Vomito.

As entranhas internas pulsam
pra sair e levarem consigo todas as dores;
mistura-se tudo: dor. amargo. calor. ácido estomacal. 
Mistura-se amor. Postula-se: dor.

As veias pelas quais passam o sangue
estão agitadas e confusas, sem saber pra onde ir
querem expelir sangue, querem jogar pra fora
alguns dias de amor.

A mente pela qual pensamentos correm
está confusa e incerta, sem saber o que fazer
quer expulsar qualquer segundo de lembrança
de uma dança.

Aos mãos que tocaram-lhe o corpo
tocaram outros milhões de corpos
para tentar esquecer apenas um
doce ilusão corpórea, de que isso ia romper com tudo.

A boca procura-te
A mente diz: Não.
As coxas: Saudade.
O corpo cheio de volúpia: Querer.

Eu? Dois pontos. Não sei.
Não sei eu não sei como lidar.