quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Cuspe em palavra.

Tintilar de assovios na praça do lado esquerdo do peito, onde os pássaros corriam e levavam um pouco do sulco pulsante que havia ali. Se alimentavam daquele sangue e esfomeados, levavam tudo que havia dentro daquele corpo, que no momento, estava tão entupido, tão engasgado que quando os pássaros chegaram, ela deixou, deixou que eles comessem seu corpo v i v o, seu corpo que pulsa e agarra tudo com a maior intensidade que se pode ter. Que sente, explode de tanto sentir! Vorazmente as asas sucumbiam-lhe a alma e comiam-lhe o lado esquerdo do peito. Comeram-lhe os sorrisos. Tomaram seu sangue. E quando subitamente ela abriu os olhos, viu que não era mais corpo, era pena, penúria, pássaro-menina-passando 
na vida.

domingo, 24 de novembro de 2013

Saudade, saudosamente suspira sabendo que sintetizará todas as sílabas pronunciadas e sentirá cada parte do seu sútil jeito de ser. Que completará cada lembrança e me agarrará num abraço que chora. E me esfolará a pele, arrancando cada pedacinho de luz. Do brilho que tenho aqui dentro. E ofuscará as tardes gostosas, as saias coloridas do maracatu, os ensaios do teatro, os sorrisos dos amigos. E preencherá todo o vazio que você tem me trazido. Ah. A saudade tem sido a única palavra concreta que sibila a minha dor.
Enchemo-nos então do vocabulário que não há
das palavras que não são
das idas nebulosas
onde nascem os clarões
e explodem
dentro da gente
da nossa boca
que tanto quer
que tanto fala
e nada diz

-e se beijam com voluptuosa vontade-

Enchemo-nos então do amor que nem brotou
das árvores que não subimos
das voltas cuidadosas
e mimosas
doces
onde crescem
a esperança
e acrescem
aquecem
o interior de minhas mãos
as veias fatigas
do samba passado
da dança pulsante
do dia corrido
da vida labuta
de mim
de você
e de cada segundo
que estivemos
vivemos andamos
caímos
saímos
do nó
das tardes insossas
dos dias calados


pois tinha voz
corpo
som
carinho
sorriso
e vontade absoluta de viver.
Essas conversas mal preenchidas andam piores que conversa de boteco. Vazias. Espaço completamente aberto, escancarado às interpéries do mundo. Corpo frio. Corpos distantes. Me diz, como pôde se distanciar de tudo? Engula então suas verdades e afogue-se nessa vida de espasmos. Afaste-se. Mas o faça direito, assuma cada pitada da sua covardia para com a vida. E não tente mais. Não tente mais tapar nossas conversas com sutis tentativas de perdão. Não há mais espaço pra tentativas. Eu sinceramente, tentei estar por perto. Mas não insisto em gente que recusa qualquer tipo de afeto. Desfaleça sozinho. Mas não leve-me junto, que meu peito já anda vazio demais. Por gentileza, leve embora minhas lágrimas diárias, minhas lembranças, meus pequenos momentos de achar que ia durar por muito tempo, os dias juntos, os sorrisos, as piadas, o toque, o corpo. Leve-se embora de mim.

sábado, 23 de novembro de 2013

Escarlate. Minha dor era escarlate rebuscada. Era cheia de detalhes. Cheia de cansaço. De claro espaço ocupado. Daquelas que estão intrínsecas e vazadas, que escorrem bem do nada, assim, no meio do dia quando estou num lugar que me lembra você. Os lugares sempre estiveram ali e sempre vão estar. As músicas vão ser sempre ouvidas. A parede de trás do ponto de ônibus, vai ser sempre a mesma. Os cantos do metrô, também. Mas a minha dor, não. Minha dor vai ser sempre pulsante, enquanto você ainda ocupar uma parte de tudo que sempre foi o mesmo, e por pouco tempo, havia deixado de ser.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

As traças comeram minhas roupas, levaram meus desejos, roeram minhas cartas, calaram meus sorrisos. As traças, traçaram tudo. Desde o dia em que os traços se desfizeram e seguiram rumos completamente distantes. Levaram absolutamente tudo. E nua de calor, despi minhas tristezas no papel. Mas as traças também roeram ele. E engoliram cada tentativa de dizer. Não tinha palavra. Nem roupa. Nem eu. Nem você. E das sobras de tudo o que elas comeram, só restaram minhas lágrimas certeiras. Escancaradamente doloridas.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013


Sentada num banco de ônibus, encarava cada assento alheio. Os olhos de Olívia não davam pra um capítulo Eram tão curiosos quanto os de Capitu, aqueles olhos de ressaca de menina que queria descobrir o mundo. Pensava no que se passava na mente de cada uma daquelas pessoas, em quantas paixões já tiveram em quantas tristezas e com toda certeza, quanta alegria. Mas, essa última... Bom, na verdade não sei sobre nenhuma das quantidades. Não dava pra saber. Eram como mundos escondidos e separados por assentos constituintes do transporte (coletivo). Equidade que talvez perpassasse aqueles corações ambulantes. O coração? Tá posto no varal. Olívia havia posto ele pra secar desde que ele se encharcou de lágrimas. Secava. E tornava a chorar. Quantas lágrimas será que possuí o coração dessa gente?  Gente, cêis prometem pra mim que buscam o coração de Olívia no varal? E aí, lavem ele. Alimentem. Ponham no sol, por favor. Peço encarecidamente que o façam, se puderem. E quando ele estiver completamente restituído, vocês o levem ao ônibus , encarem aqueles olhos curiosamente belos, entreguem a ela e lhe digam que uma hora, o calor volta a cuida-lo a ponto de não existirem mais espaços pras lágrimas. que coração: é pra ficar dentro da gente. 

-mas por favor,
façam-na acreditar-

domingo, 17 de novembro de 2013


''Hold me close, cause I need you to guide me to safety''

Pra quando for. Pra quando dor. Pra quando ir. Pra quando lembrar. Pra quando? Até quando sentirei desfalecido meu coração? Até quando as lembranças tornarão-se cada vez mais intensas? Até quando sentirei a dor de não poder ter o que se teve. Até. A saudade passar. E ela passa? Porque ultimamente ela só tem girado e cortado e arrancado cada espaço de felicidade. Exposto lágrimas e gotejo de rasgos e distância de tudo que eu sempre tive de mais bonito dentro de mim.
Oh, o anseio de ser algo, que seja amiga, que seja qualquer coisa que não seja o nada. Não, moço, o nada não. Lhe peço encarecidamente que entenda, que eu nunca vou desistir de você. Ou ao menos, de poder te abraçar e dizer que o mundo não é tão ruim assim.
Vinte e nove minutos. Vinte e nove é o tempo suficiente pra eu entender o tamanho da minha saudade. Vinte e nove minutos de espera pra preencher. Minutos. É como se o tempo passasse e eu estivesse prevendo a hora em que nos tornaremos desconhecidos. Não haverá mais o que dizer. E a saudade, essa gigantesca que tem me agarrado: ela vai continuar aqui. Até que depois de muitos vinte e nove minutos passados, eu não lembrarei mais dela e teu rosto vai ser só uma memória saudosamente bonita.

"Os Três Mal-Amados", João Cabral de Melo Neto

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


Com sono. Sem sono. Com sono. Sem sono. Tudo isso parava com uma velocidade absurda em minha cabeça. Já não sabia mais o que me levava a escrever sobre minha saudade. Nunca soube. Saudade é um negócio do caralho. Daqueles que entra na gente e: Merda. É. Eu tava vendo o cursor balançando e procurando uma forma de me esquivar de mim mesma. De se esconder do meu amor e de cada parte do que dizem que há de bonito em mim. Cheia de cor e mais umas coisas honestas que às vezes a gente ouve. Mas nessa noite não houve espaço pra isso. Era só eu, meu peito que não sabia adormecer e a minha saudade.
O Tibete deve ser feito de montanha de palavras. Montanha de palavras soltas com neve neblina solzin de fim de tarde e altas - montanhas altas! E as palavras soltas sem receio sem sufoco sem ponto vírgula ou normatividade. Todas elas explodindo bem alto bem grande , tão grande que não cabe no papel o alívio que daria. Talvez, quando eu digo que quero fugir prum lugar que eu nem conheço, como é o caso do Tibete eu só esteja querendo dizer que eu quero conseguir soltar as palavras em paz.
Queria que as palavras -essas sorrateiras poderosas- que sempre saem de mim explodindo, queria que elas, por vezes, pudessem se tornar vida. Imagina só! Daria pra escrever: Passou. E a dor já teria acabado. Em seis letras. Seis letras pra curar uma dor. Quantas será que serão necessárias pra aliviar dessa vez? Da última, deu vinte e duas folhas de textos, frente e verso. Ah. As palavras. Sempre acabam curando a gente, apesar de não serem reais como meu corpo ou como a nuvem, também sabem correr pular e expurgar tudo pra fora. E respiram dentro de mim arrancando cada pedacinho da dor -junto a algumas lágrimas que caem no papel- Por isso, meus leitores, peço perdão: mas todos têm necessidades.
Perdão. Pelas tentativas de dizer. Pelas palavras sinceras. Pelo gostar de ti. Perdão. Pelos males que nem sei quais foram. Pela saudade do beijo. Pela saudade do riso. Do corpo. Do jeito. Perdão pela saudade! Perdão pela tentativa de te fazer feliz. Ou por querer te abraçar e dizer: "Cuida da vida moço, que a morte é certa!" Perdão por não saber mais dizer. Você levou embora parte do meu riso e das minhas palavras. Um dia, aprenderei novamente a escrever. Quanto ao riso, já não sei mais.

sábado, 16 de novembro de 2013

Quando ouço uma música alta, lembro-me de todas as danças que já vivi. Dos frutos colhidos, deixados, atados. Amados. Sim, lembro de cada sorriso, de cada pessoa, de cada amor. O primeiro. O segundo. O terceiro. Onde estarão nossas caixas de lembranças futuras? Onde se escondem as mágoas e os não-ditos? Pra onde foram as cartas não entregues? E os abraços quebrados. E a vida num ritmo calado.
Não.
Aqui as coisas nunca foram assim.
As cartas sempre foram entregues, os ditos: falados. Os dias, inteiros. A forma, concreta. E tudo, absolutamente tudo foi sentido. Da boca até o último fio de cabelo. Da dor até o amor absoluto. Da presença até a saudade. Do sorriso até o choro de agora. E puta que pariu, quanto choro eu já tive, quanto sorriso, quantos ditos, quantas noites, quantas cores, odores, cafés, conversas, banhos, dias. Quantos dias você já viveu? Quantos dias você está mais perto da morte? Diga-me, diga-me sobre quantas foram as vezes em que você se permitiu ser sincero com a própria vida e arrancar dela cada fibra do sentir. E deixa-la correr por entre as veias, juntando-se ao sangue que pulsa dentro de nós. E deixar que tudo corra capilarmente entre cada caso contraído distraído, acabado. E permitir que mesmo no acabado, aja recomeço. E no recomeço, aja fim. E no fim aja começo. E que tudo se junte num balaio só, e grite, exprima, expresse e que seja exímio e torto. Que seja de tudo um pouco.
Que seja amor. 
E inteiramente vida.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

-meio torto. meio grande. sincero.-


das flores vermelhas que eu gostaria que estivessem no meu cabelo quando eu morresse. dos meus cadernos de escritos que eu queria que estivessem sob uma mesa. das músicas. dos doces, café e chá. tudo isso em meu velório. dos meus planos pra morte. dos meus planos pra vida. das dores. dos amores. dos acasos. laços. da saudade. da saudade imensa. dos membros corpóreos passados colados atados. dos atos. dos casos. dos beijos. dos dias. das cores. da vida! da falta de vírgula. da falta de preocupação em dizer de forma bonita. da falta. de tudo, de tudo e mais um pouco, do mundo, e de qualquer coisa a mais. eu. eu só queria poder te abraçar. bem forte. bem grande. bem nosso.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

sem catracas

As catracas de metrô sempre vão trazer inúmeras lembranças, dos encontros às sextas ou do atraso do domingo, do término de sábado a noite ou do começo da quarta a tarde. Pelo direito de ir e vir. Que as lembranças dos (des)encontros, sejam lembranças de encontros sem catracas.  Livres. Inteiros e livres.
"Ei, as 15h00 nas catracas da consolação, certo?''
Relógio. Passos. Acasos.
Próxima estação: Paulista. Desembarque pelo lado esquerdo do trem.
Descem várias pessoas,  cada qual com seu itinerário, mas sempre. Eu disse: sempre. Vão ter corações acelerados e gente com borboletas na barriga. Encontros. Beijos. Amassos. Transas. Dias. Tempo. São Paulo e suas estações que levam as pessoas proutros cantos, pulsando vida e calor, como um novelo de lã colorida -uma hora há encontro entre os fios- que se enroscam, se enrolam, se juntam.

Olha o relógio. Exita. Manda torpedo. Espera. Vê. Dança. Anda. Corre.

Passa.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ao lusco-fusco do dia de hoje pensei no que dizer ao mundo. Pensei em cada pedaço de letra que poderia ser juntada. Mentira. Não pensei em nada, ao lusco-fusco que se enebria e vem de fora pra dentro e de dentro pra fora, exatamente na transição do dia-noite, no ponto exato em que escureceu: não pensei em nada.
Não havia muita coisa em minha mente, nem concretude pra preencher meu corpo. Tava tudo um tanto vazio. Como se o dia e a noite fossem um só: mimetizados com a minha saudade.
Como se ao me deparar com a quantidade de letras e palavras que existem no mundo, nenhuma, nenhuma conseguisse expressar com exatidão qualquer coisa do que se passa aqui dentro. Porque todos nós, somos um buraco bem profundo, uma estrela bem distante, uma constelação enorme enorme enorme, que chega a explodir!
As palavras, essas todas explodem dentro de mim, e caem dos meus dedos , da minha boca, dos meus seios, do meu ventre e rasgam meu corpo que ferve de tanta água salgada dentro dele.
Que chora.
Já viu corpo chorar?
Eu sinceramente não sei mais sobre o dia, nem sobre a noite. 
Nunca soube muito sobre o amor e sempre amei demais.

domingo, 10 de novembro de 2013

Passando mal. Passando mal. Passando mal. Passando mal de saudade. Passasse então o dia. Passou-se então o dia cheio de sol, cujos raios reintegravam minhas fibras corpóreas que tem sentido feito flor. E minha raiz, essa que deveria estar inteiramente nos eixos, bom, ela tem corroído como quem precisa de um copo d'água. Despi minhas pétalas coloridas desde que você desisitiu de nós. E cada pedacinho da meninaflor foi se esvaindo e gritando no meio de uma selva de asfalto, e as pessoas, estavam ali seguindo seus caminhos. Eu: era apenas uma flor com raiz arrancada. Arrancou. Você arrancou boa parte da minha felicidade. E levou embora, como pétalas ao vento que não voltam mais. Despedaçada.
Nunca mais. Nunca mais dormirei como a flor do regato que bem ali a beira se ilumina com as frinchas de sol ou a luz das estrelas, e adormece. Fecha tuas pétalas até que um vento a faça acordar. Nunca mais conseguirei arrancar a saudade para que apenas o barulho do riacho baste ao pé dos meus ouvidos. Ou a cálida dança que eu fazia junto às outras flores que vinham me visitar. Ou qualquer uma dessas sensações vívidas que temos quando se ama. Nunca mais. Ou pelo menos, por um bom tempo não irei do regato à cachoeira, nem dormirei em paz com minhas pétalas a sorrir.

sábado, 9 de novembro de 2013

dias felizes, sempre virão no meio de pitadas gigantescas de saudade, ou de choro nobre provindo do amor, da preocupação com o outro, ou abraço que não vem, e saudade que não vai... Ainda bem, que existem as doces pequenas felicidades pra nos acalmar em noites tortuosas de dias de vazio.
Corpo exaustivo, corpo saudade, corpo dor, corpo ontem, corpo amanhã, corpo sem saber pra onde ir.
Corpo que vira e revira cada sensação interna, desde o frenesi sentido na primeira vez que te vi até a saudade que arranca pedaços dentro da gente e corta cada fibra da ternura e da felicidade momentânea que retira o sorriso de quando olhamos um pro outro e nos abraçamos como se aquilo bastasse, como se fosse suficiente em meio a tanta coisa que esse mundo carrega nas costas. Aquilo era suficiente pra mim. Era como um banho de mar noturno, nua de qualquer preocupação. Aquilo era o que eu mais precisava diante de tanta saudade que ainda havia da história de janeiro. Aquilo era como uma esperança a qual eu me agarrei em meio a uma montanha de dor que foi cultivada durante um ano. E quando me libertei, você surgiu. Não sei se você ajudou a me libertar ou se no momento que chegou o espaço já estava aberto pra algo novo.
Não sei quando passou.
Não faço ideia.
Mas eu sei, que quando você chegou
toda a bagunça
toda as coisas antigas
toda a angústia se foi se foi pra tão longe que eu nem enxergava mais pitada de tristeza ou qualquer resquício da confusão passada.
Passado. Havia passado absolutamente tudo. E eu me sentia completamente em paz e inteira novamente e fui cultivando cada pedacinho da minha nova felicidade. E tudo estava tão bem, tão nosso. Tão junto...
até que
até

fim.

terça-feira, 5 de novembro de 2013


Encarei as letras a minha frente e pensei em como junta-las a ponto de formar algo a ser dito. Algo a ser dito? Há algo a ser dito?
Bom, penso que se parei para encarar essas palavras é porque há. Sempre há. Corpo de poeta pro(pulsa) palavra. Ultimamente a palavra que tem perpassado mais vezes meu corpo, inteiro, como cacos de vidros perfurando cada parte e arrancando pedaços de pele e sangrando sem parar, estancado: meu corpo tava estancado de saudade de você.
Acordava todos os dias pensando se você estava bem. Dormia pensando se você estava bem. Vivia pensando se você estava bem.
Bem. Eu sempre te quis tão bem.
Sinto-me impotente, se eu pudesse iria correndo até você e diria: Moço, acorda, tem gente querendo te abraçar!
E te abraçaria e te beijaria e me enroscaria em ti como todas as vezes passadas.

Passadas. Passado a dor como ficaremos? Seremos desconhecidos?
Uma hora moço, uma hora infelizmente, eu vou cansar. 
E aí, eu já terei ido, pra longe dos cacos que perfuram.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

-um choro 
caiu

Tintilando como em dias de festas que as pessoas brindam com sorrisos no rosto e corações partidos. Tintilando como taças de ano novo, novo ano, ano novo e é sempre a mesma esperança de novo.
Novamente me pego escrevendo sobre você.
Vocês.
Sempre foram meus fantasmas literários.
Vocês que me despiram a roupa e me deixaram sem palavras, vocês que arrancaram todos os suspiros e delírios - lírios em dias quaisquer 
Vocês que trazem saudade e lembranças bonitas.
Vocês todos que souberam um dia ser apenas

meu

você.

aperto no peito.


com todo respeito
eu quero te amar
sem falta nem choro
nem medo
nem nada dessas coisas

com todo respeito
permite?

só um pouco
bem de perto
bem de longe
bem
bem
eu te quero tanto bem, moço
que cê nem sabe
dói meu peito ao saber
que tem dor perto de ocê.

dói demais
dói tanto
que eu tive que fazer
poema mal feito
pra dizer

que eu quero poder te amar.
pare
de recusar amor

porque no fundo

cê tem tanto amor quanto eu.