sábado, 20 de novembro de 2010

O raiar da noite

Era um dia completo. Feliz. Alegre.
Voltava da escola vendo o pôr-do-sol, as nuvens, aquele céu límpido, vivo.
Estava me sentindo tão bem. Fazia uma retrospectiva das palavras ditas por ela, do voto de confiança cedido, da melhor amiga que naquele dia estava comigo, que me entendeu, me ouviu e acima de tudo: Que falou.

Observava as flores, eram vermelhas, pétalas pequeninas, singelas e ao mesmo tempo imponentes. Estava chegando em casa.
Peguei a chave, abri o portão ainda observando o ambiente. Calmamente subi as escadas e foi nesse momento que minha irmã apareceu na janela e disse:
-O pai do nosso papai morreu.

Ouvi? Não.
Senti? Sim.
As palavra romperam. A vos no emergia. Eu apenas senti uma angustia profunda. Perguntei:
-O que?
Ela repetiu:
-O papai do nosso papai morreu.

Atônita respirei fundo e entrei. Vi minha mãe ao telefone, ela estava dando a noticia para alguém. E foi só nesse momento que acredite. Não conseguia chorar. Não conseguia pensar. Sentei na cama, parei por um instante e perguntei a ela:
-É verdade?
Ela disse o que eu não queria aceitar.
Fui até meu quarto e de minha avó, abracei-a fortemente, queria arrancar todo seu sofrimento. Queria que nosso sofrimento mutuo finda-se com aquele abraço.
Soltei ela levemente e peguei o telefone, liguei para aquela que citei a principio, amiga que tinha tornado o meu dia tão especial. Ela me ouviu e as palavras que ecoaram de sua voz foram tão confortantes como um abraço.

Eu não era tão próxima desse meu avô, e não entendia porque doía tanto e foi nesse momento que dos meus olhos fortes e intensos escorreram lágrimas tão frágeis como eu.

Fui ao velório, e nesse momento faltam 10 minutos para ele ser enterrado, estou sem forças, não durmo desde ontem, vejo ele no caixão: Tão sereno, tão calmo...
É a segunda pessoa que perco esse ano. Um bisavô. Um avô.

E eu vos digo, com a maior certeza: Amai a vida. Pois basta estar vivo para a morte bater à sua porta.

Somos Simulacros.

Vivemos pensando no que vestimos e possuimos e não no que somos.
E quando pensamos no que somos, pensamos sempre em sermos superiores e melhores.
E quando nos achamos superiores e melhores nosso ego torna-se grande demais para a aceitar as diferenças e os erros, e é nesse momento que nossa essência esvai-se.
E quando a essência humana esvai-se... Pobre de nós...

Tornamos nossa realidade um simulacro de nós mesmos.
Dói-me saber que nesse momento ela torna-se um espelho.
Melhor dizendo, reflexo de um humano sem alma.

Pois afinal, a essência perdeu-se.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

Clarice Lispector.

domingo, 7 de novembro de 2010

Como uma onda.

Uma onda que vem

Uma onda que vai

Uma onda que fica

Uma se esvai.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Eu não aguento mais.

Eu não aguento mais isso
Não aguento mais nada
Não preciso de amor
Não preciso de flor
Não preciso de dor, de cor

Não preciso de paz
Não preciso de luz
Não preciso de voz

Eu não preciso de nada
Muito menos de você

Porque com você acabou literalmente tudo
Com você não existiu nada

Com você não existiu mundo.







- O poema foi escrito há uma semana atrás, em um momento de raiva e rancor profundo. Em um momento que eu achava que não precisava de você. Mas hoje eu vejo que sim, eu preciso.

Preciso da nossa amizade , para sempre.

Fim

Hoje eu me sinto descalça
Me sinto desamparada
Sinto que tudo acabou.

As lágrimas não para de cair
O mundo continuava girando
Mas o meu mundo havia parado.

O que eu mais desejava de você sei que não poderá me ceder.
Aliás, me deu o suficiente
Me proporcionou tudo que estava ao seu alcançe

Sinto muito por a música ter cessado
Mais ainda por saber que

Nossa dança acabou.