domingo, 26 de janeiro de 2014

[para ouvir ao ler: http://www.youtube.com/watch?v=c1QrNfCuEpc]

rodopiou
pirou
nas redes conexões
tão esmeras
virtuais.

rodopiou
gritou
nas palavras trocentas
que passavam dentro dela

e paravam
arrancavam cada suspiro noturno

-deleite humano-

sempre foram
as palavras.

só elas
sabiam rodopiar de forma grata
bonita e claramente distante
do artifício de expor
por regalia egoísta.

somente elas
indecentes
pululavam
como notas dançantes
que exalam
perfuram

mas dizem
gritam

e expõem todo meu medo
todo meu amor
todo o mundo
menos virtual
e mais
tátil

ao meu pensar
a minha boca

a minha vida
que engole
e profere
ruídos noturnos

sobre ser poesia

onde não há.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

o sono que arrasta os corações pensantes a escrevinhar palavras tortas de madrugada, sem ao menos saber o que dizer. dizer. estreitamente tentamos pronunciar milhões de palavras diárias, explicar milhões de sentimentos pulsantes, cavucar dores antigas, rever fotos rasgadas. alguém me explica, por que diabos existe essa vontade absoluta de não ir? de ter um resquício se quer da amizade. se é que ela existia. se é que sabemos palpavelmente o que é existir. não. nada está palpável hoje. nem minhas minhas palavras cortadas, nem seu sono acumulado de semanas. por favor. só quero paz ao falar. ao ouvir. ao tentar dolorosamente
ser algo na sua vida.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

fragmento calado

até me dói o peito
um enjoo interno
diante de tanta palavra
que ouço
e que não saem de mim.

dói pensar
em tudo que não há
e em tanto que já tivemos
em tudo que falta
e no tanto que amo

dói pensar
que tento conscientemente
ser melhor
pra nós
mas acabo

sendo eu mesma.

eu mesma sou pior?
ou será só um defeito?

amizade
ah, a m i z a d e

confusamente
gostaria de cuidar de todas.

mas não é bem assim.
muita gente pra pouca iaiá
muito amor pra pouca iaiá

muito amor por você.
perdão, por não cuidar direito

que de alguma forma
consigamos espaço pra ti
pra nós.

não sei expressar
não mesmo
não agora

agora

tô tão sem ar
quanto você.

Honestamente confuso.


(sobre grandes amores)

-

A lã cheirosa e acolhedora de um
O riso-bonito-disfarçado do outro
O lábio saborosamente vivo de outrem

O primeiro
O segundo
O terceiro

Acreditei nele
Acreditei naquele
Acredito nesse

mais uma vez.
em meio a tantos
só três.
três que não incluem o primeiro
porque o primeiro, desde séculos passados já era chamado de primeiro amor.

Parece que depois do primeiro a porta do caos que inflama os corações apaixonados está aberta para todos os por-virem.

Tem o primeiro. E tem o primeiro depois do primeiro. E ele só não é segundo, porque o primeiro de todos está quase num universo de abertura alheio aos posteriores. Especialmente p r i m e i r o.
Depois de provar da primeira vez, você cre que pode dar certo da segunda. Mas pera, o que é dar certo? Terminar é dar errado? Muita pretensão dos corações humanos querer conceber o fim como erro. O fim é fim. E ponto. Assim como a morte pode chegar agora. O fim acontece como a morte e como mais um milhão de coisas que costumamos inferir algo, mas no fundo, é só uma coisa sem nenhum sinal universal ou mistico por trás dela. O fim é assim. Simples. Dolorido. Mas, existente.
Todavia, algo dentro de mim, sempre deu espaço a acreditar nos pós-fins. Nos essés de plural. Plural que abarca novos. Plural que abarca a totalidade de possibilidades.

Estou no terceiro. (E há os que digam que não dá pra se ter mais de um grande amor!) Doeu. Doeu na primeira. Doeu na primeira depois da primeira. Doeu na segunda. Doeu absurdamente também, na milhões de vezes que não foram as três vezes mais doloridas. Sempre dói.

E na terceira, ainda estou no ponto distante do fim.
Todo amor acabada?
Não sei.
Mas todo amor começa.
Em qualquer canto do mundo.
Não tem essa de "pessoa certa". Existem pessoas. E existem pessoas que dão certo. Com fim. Sem fim. Com dores absolutas, ou sem elas. Simplesmente dão. Estiveram. Estão. Foram. Serão.
Porque sempre no meio do caminho tortuoso e completo de pormenores doloridos, pode haver um terceiro que mostre como nunca é tarde pra sentir novamente e novamente e novamente

Há pessoas. Há amor. Há pessoas que sabem amar. E isso está por aí, esbarrando em corpos que dão espaço ao respirar preenchedor de tantos vácuos do mundo. Corpos que amam.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

o vento soprando na janela
suspirando através da cortina branca
gelando meus braços descobertos
-frenesi-

lembrança do teu abraço-segurança
da forma como veio e ficou
da forma como encostou em meu rosto da primeira vez.

da segunda. da terceira. de todas, absolutamente todas as vezes que seu toque confortou-me a alma e cobriu-me do frio da janela aberta.
de cada parte de você. do calor que me esquenta e profere em lábios lascivos que me ama
e te amo
e amamos.
Minhas lágrimas por ti não há
Meus (nossos) abraços e beijos infindáveis ficaram num tempo anterior
Meus pedidos para que ficasse, cansaram
Meu corpo prosseguiu por imposição de algo que dentro de mim dizia: vai ser feliz com quem realmente está disposto a isso. 
Ser feliz? Não faço ideia do que é a felicidade. Mas tenho certeza que ela não tem nada haver com as lágrimas provindas da dor absurda que você me proporcionou. Não tem nada haver com rasgos internos nem com a saudade dolorida que pulsava. Felicidade não tem haver com desistir do outro. 
Hoje vejo que felicidade abarca não insistir nos que desistem de nós.
E eu.
Sinto muito.
Mas larguei a dor de lado e fui banhar-me em água doce de rio, onde um "obrigada por hoje e pelos próximos anos" nunca seria proferido em vão. Pois há amor, paz e vontade de estar. tentar. permitir.

e viver
da forma mais honesta e bonita possível. 
e eu te juro que eu gostaria de ter sido feliz assim com você. Mas essas coisas, moço, nunca seriam nossas; porque elas não se constroem com gente que tem medo de tentar. E eu te digo: Sempre gostei de arriscar. De viver. Dos abraços que querem ficar. Dos ditos sinceros. Do tesão mesclado com amor. De gente que compartilha o cuidar. Não. Eu infelizmente nunca vou te perdoar por todas as coisas bonitas que você conseguiu arrancar de mim. Pela esperança que me fez sentir. Por dizer que gostava de mim. Eu nunca vou te perdoar pela montanha de coisas boas que você me cedeu e arrancou do nada. Mas, obrigada, por me fazer ver que apesar dos bons momentos, felicidade não tem nada haver com você.

E eu te juro que as palavras acabaram. Todas. Uma por uma. Você levou elas embora contigo. Levou elas e parte do meu amor. Mas elas não sumiram. Nem elas nem meu amor. Estão aqui, agora, somente pra quem me faz feliz.