segunda-feira, 30 de junho de 2014

vento
sopra na proa
dos barquinhos de papel
que a criança desenhou
com tinta aquarela
e saíram andando por aí
no asfalto de São Paulo.

coloriram
pedra por pedra
rosto por rosto
lixo por lixo
até que
surgiu um mar
de cores
afogando
todos os moradores
daquela cidade-concreto
e então,
ela virou
papel molhado
e tinta escorrida.
cachos
enrolam
seu cachos
se enrolam em mim
cacheiam-me
a vida
que andava tão de soslaio
conturbada
problemática
bem vida mesmo
sabe
quando ela resolve
explodir
em você?
mas aí
num suspiro
alguém surge
e tem cachos
e sorriso
e que sorriso lindo que você tem, moço!
já devo ter te dito
um zilhão de gratidão né?
mas é que
não tem palavra melhor
do que essa
pra alguém
que chega tão de leve
e fica tão de leve
e
se possível,
me beije
e bem de leve
me deixe tocar nesses seus cachos tão bonitos.
tire a sua mão do meu corpo
quando digo não!
tire as suas regras do meu corpo
sendo ele meu.
tire seus gritos esbravejantes
de cima de mim.
tire suas verdades absolutas
sobre eu ser
assim ou assado.
tire seus dizeres hostis
baseados nos padrões
que tem ensinaram.

''fiu-fiu, gostosa, ei! não quer uma chupadinha?!''

SOME.
Desaparece do meu espaço
que é meu
só meu.
PARE.
De invadir a única coisa que me resta
nesse mundo machista
e cheio de opressão.
pare de invadir
o meu corpo
meu espaço
minha fala
minha vida
minhas escolhas.

se coloque no seu lugar
e não venha com suas justificativas-mal-feitas
não é não.
e sou eu quem digo
o que sinto
o que quero
e quem eu sou!

[Sobre significados embaralhados, versos tortos e suspiro confusos.]

sau.da.de

s.f. Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local ou coisa distante, que se deseja voltar a ver ou possuir.
Nostalgia.

vo.cê

s.m Recordação suave e melancólica presente a tempos de distância. Longe. Nostálgico. Vivo como a saudade que sibila em palavras tortas.
Um dia, criarei meu dicionário próprio e lá estarão todas as palavras que criamos juntos. Aquelas que só existem no nosso dicionário.
Bolo de cenoura com chocolate poderia ser uma só palavra. Regina não é um nome próprio, é um substantivo que significa: moça que diz para casais que vai durar. Você lembra da Regina, daquela tarde
da gente, 
e da quantidade de alegria.... e...
eu nunca vou esquecer de quando dormimos juntos.
Casais? Éramos isso? 
Já faz tanto tempo.
Foi antes do outro moço. Antes e ao mesmo tempo.
Você sabe, que eu nunca esqueci de ti. Do teu riso. Do teu beijo...
do seu abraço
mas
aquelas lágrimas que trocamos juntos
foram tão estranhas
e sempre que lembro de ti
de nós
é quase como ver um retrato velho na estante empoeirada
e sorrir, de leve, quase que num suspiro
de saudade
ou

de
amor.

quarta-feira, 25 de junho de 2014


Comecei a escrever, mas queria desenhar. Deve ser porque nunca arranjarei palavras tão confortantes quanto sua companhia e talvez linhas leves de um desenho falariam melhor do que as minhas palavras tortas. Mas não sei desenhar. Pintei até meus 12 anos e quando conheci a escrita: parei. Mas também não sei escrever. Então como é que falarei para você sobre a gratidão que eu tenho pelo universo ou pelo responsável de ter te colocado em minha vida? Não deve ter nada de muito místico. Eu exagero. As pessoas aparecem e pronto, não é? Vão embora e ponto. Você vai embora? Hm. Me fala mais de você e desse seu jeito de fazer pessoas que tão doendo, sorrirem. Me fala do teu abraço. Me abraça. Desenha comigo. Escreve comigo. É que as minhas linhas são tão tortas, moço! Desde que coisas tortas ocorreram, minhas linhas estavam completamente sem rumo. Mas eu tenho uma vontade tão grande de viver, sabe? Que não dava para parar. Tem algo dentro de mim que é maior que eu mesma e que grita: continua Iaiá! Continua que a vida é grande e a morte é certa. Eu. Eu gosto de você. E de pensar em você. E de conversar com você. E rir com você. E ir com... Pera. Tá tudo bem? Ou eu tô exagerando novamente? Mas é que. Eu preciso te abraçar e ver seu sorriso de perto. E rir, como temos rido nos últimos tempos. E ir. Pra onde você quiser. Quisermos, talvez. 
Permite-me que seja no plural?

segunda-feira, 23 de junho de 2014

rompi laços de confiança com o mundo
rompi desde que
opressão.
muita.
enorme.
moço, você nem faz ideia do que passei!
não tinha como não romper
fui estraçalhada por dentro
não, não foi um amor que não deu certo
não, não foi frustração
foi opressão
mesmo.
da pior possível.
porque a gente nunca espera
que a opressão venha
de quem amamos e diz que nos ama
e.
rompi.
rompi versos,
rompi palavras
rompi risos
mas eu juro
que tenho uma vontade imensa de te ver
e saber o que podemos ser
juntos
separados
perto
distante
não sei.
não sei mesmo
mas tenho vontade de arriscar
um toque,
talvez.
gosto de toques,
mas tenho tido medo deles
desde que
opressão.
umas risadas

-como essas, que têm sido, tão nossas-

mas não acredito em risadas
desde que
é.
você não sabe
porque eu não quis contar
não queria te assustar
com o susto que está
dentro de mim
desde que.
ah.
foi machismo
foi vingança
desamor
tanta coisa
das piores
que.
rompe sabe?
as palavras ficam engasgadas
meio tortas
mas eu juro
que
vou tentar
confiar
em você.

sábado, 21 de junho de 2014


'' a nossa música nunca mais tocou''

Estava parada e em um clique não estava mais. Foi só clicar ali e pronto. Estava tonta. De saudade, de raiva. Por que você fez tudo aquilo? Porque você cultivou rancor vinganças desamor? E tinha tanto amor! Você sabe como tinha.
Tinha riso e flores e lembro-me de quando você disse '' o sofrimento não tem nada haver com a gente'' Mas você estava errado. Porque eu nunca sofri tanto.
Engasgada. Sufocada. Estou assim. Sem palavra. Sem voz. Puta que pariu. Até as palavras foram-me arrancadas. Oprimida. Como nunca havia sido antes. Foi fácil não é? Quando somos homens e ex namorados , é bem fácil oprimir uma mulher.
Sem nada. Despida através das lembranças que resolvi recolher. E fui me cortando a cada palavra que eu lembrava. Mistifório do amor com a situação grotesca posterior. Por que você fez isso?
Não precisávamos. Você sabe que poderíamos ter tido um fim melhor.
Porque eu jurava
jurávamos
que o sofrimento não tinha nada haver com a gente.

será que se eu escrever
em todo os papéis das minhas gavetas
em todo o chão da minha casa
em toda parede

nas minhas roupas
no sutiã na calcinha
na coberta no lençol
no chuveiro
no meu corpo
na minha boca
nos meus seios

será que se eu escrever
em todo o canto do mundo
se eu escrever durante seis meses

-tempo que durou-

será que passa?

essa coisa
que todos
os amantes
os artistas
os passantes
que vivem,
sentem.
chorei
chorei
chorei
como nunca havia chorado antes.

doeu
doeu
doeu
como nuca havia doído antes.

aquela moça tava trajada de alegria
mas num suspiro
num fechar de olhos
veio a lembrança
maldita! maldita lembrança!
some da minha vida
some da minha mente
some do meu corpo
some do meu choro
choro
só havia isso
descompassadamente
cachoeiras caiam
e caiam
como algo que não tem fim
e embrulhavam
a alegria
de minutos atrás.

não adianta
fingir
que passou
moça,
não adianta
fingir que durou
moça, grita
grita palavras enormes esculpidas em seu coração
grita mais, grita tudo que houver
mas grita forte
pra ver se assim

alguém te escuta
e de algum forma
entenda
e diga
uma palavra
de alegria
ou de
flor.

sexta-feira, 20 de junho de 2014


[para ouvir ao ler: http://letras.mus.br/rubel/nuvem/]

''Nuvem
é você
Que não
Posso tocar''

-

E quando bate a saudade daquilo que não se tem?
Do abraço que não tá aqui
eu sinto
juro que sinto
quase posso dizer
que seu braço
tocou no meu
mas...
tá longe
tão longe!

-tento tocar, mas ele some como num suspiro momentâneo-

vem ser alguma coisa por aqui 
vem me ver
por favor.

essas conversas tão distantes 
quilômetros e quilômetros 
umas nuvens
uns ares
milhões de casas 
pessoas
prédios
carros
muitos carros.
estrada e mais estrada

eu aqui
você aí

e tanta coisa que parece estar no meio
dessas palavras que se entrecruzaram 
num dia qualquer
que tornou-se nem tão qualquer assim
e desde então
tem se tornado 
dias
de saudade.

Foto por: Klauss Schramm 

quinta-feira, 19 de junho de 2014

[eu precisava dizer, desculpe a precipitação.]


me fala
mas me fala de verdade
o que cê tá querendo?
ou ainda não quer nada?
ou nem sabe o que querer?

me fala
por favor
me fala alguma coisa
sobre carinho
sobre a gente
sobre
conhecer
de verdade,
conhecer na essência
com riso com cor com som

-dias de prosa que não querem fim-

conhecer bem assim
como está
como estamos

me fala bem alto
dos seus medos
dos seus sonhos
dos seus beijos
me beija
me abraça

mas fica.
por favor
fica.
escreva
no concreto chamuscado
na avenida barulhenta
nas paredes tão cinzentas

nos postes
nos vidros
nas janelas

no latão de lixo
no papel de guardanapo
no caderno antigo

nas folhas de outono,
caídas pelo chão.

escreva tudo que vê
tudo que canta
tudo que gira
tudo que sente

escreva na cidade
no meu bairro
na minha rua
na minha casa
na minha cama

escreva
eu
e
você.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Faz um tempo já
que eu conheci um poeta
chamado Pedro
Lembro-me bem de como ele chegou
bateu na porta dizendo: calma moça, sai desse moço-problema
que a vida é grande!

Faz um tempo já
que eu tento escrever
comecei a uns anos
nuns garranchos pequenos
tão descompassados como esse.

Faz um tempo
e hoje o Pedro voltou
bateu na porta
já aberta
e disse: calma moça, sai desse pessimismo-inseguro
que a vida é grande!

Faz um tempo
que eu tento fazer poesia
umas saem outras rodam
outras piram

outras, vixe!
nem sinal de poema.

mas o Pedro disse,

que a vida é grande.
ei
psiu
você mesmo
vem cá vem
quero mais palavra
quero mais encanto
quero um suspiro-doce-amante

ei
psiu
brigada
de novo
por tá aqui
por construir
umas pitadas de prosa
no meio da dor.

ei
você
você mesmo
sabe aquela rua?
sabe aquela música?
essa mesmo!
então,
bora correr
você eu
mãos
abraços
talvez um beijo

feito música-de-rua
em dias de carnaval.


Durante a noite nebulosa

os olhos cansados
dos dias frustantes
calados
imersos
em tanto
olhar que não se olha
abraço que não se abraça
braços que não se tocam
pronde vamos?
até onde aguentaremos
dias árduos sem toque-afeto-arte?
dias de cursinho
de trabalho
faculdade
curso 1 curso 2 curso 3

(faça inglês!)

isso
aquilo
e sei-lá-mais-o-que

dias academicamente-fartos
vestibular tá aí
emprego tá aí
dinheiro tá aí
escolha. faça. compre.

não pense.
nem respire
nem esbarre no outro
o outro é individualmente-só-outro
e você é individualmente-só-você

indivíduos, permitam-se
pelo amor de Deus!
joguem tudo pra cima de vez em quase sempre
esqueçam essa merda de escolher. fazer. comprar.
seja
você
seja eu
seja nós
sejamos
todos juntos,

poesia.


''A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

[Graciliano Ramos]

Não
não há poesia estandarte por aqui
não há holofotes
que explodem
que cegam
que brilham brilham
tanto tanto
que cansam
os olhos que gostam de enxergar.

Não
não há estrela de cinema
nem estrela de tv
nem estrela de empresa

[há um brilho. um brilho pouco, que quer falar.]

Não é fácil.
Não mesmo.
Num mundo tão estrela-por-toda-parte
a gente se pergunta
se é estrela de verdade
ou estrela-estandarte

terça-feira, 17 de junho de 2014

Dois poemas em um só.

C O P A
com opressão para alguns
F I F A
federação internacional filiada à
quem?

vai ter copa sim
vai ter luta sim
vai ter tudo

grite torça
mas lembre
que tem gente que morreu
operário nem cresceu
e já tinhas uns pingos
do sangue dele
escorrido pelo gramado-pedestal

corre corre operário! faz logo que é pra amanhã!
pra hoje
pra agora
que o Brasil tá chegando!

morre.

morreram muitos.

houve bomba também
desde Junho,

vai PM bate bate! bate logo que é pra amanhã!
pra hoje
pra agora
que o Brasil tá chegando!

dói.

doeu em muitos.

Desculpe
não me pintarei de verde-amarelo
não consigo não passa não sustento
diante de tanto erro
erros de prioridades

lá perto de casa não tem casa pra todos
não tem comida pra todos
não tem saúde pra todos
não tem educação pra todos
não tem pão não tem água não tem luz

tem uns olhinhos-brilhantes dos meninos que jogam bola na rua
e sonham em ser jogador da seleção.

tem umas bandeirinhas esverdeadas sob as casas feitas de papelão
tem o seu josé com a TV pequena torcendo torcendo
como em 70

e ele sussurrava baixinho: vai brasil!
não tinha nem voz mais, pra gritar

e seus netos, assistiam todos descalços ao lado do avô

paralelamente

TV trocentas polegadas
home theater
amendoim
cerveja
churrasco
pão
água
luz
saúde
educação

unha feita
verde-amarela

muito pouco pra tantos josés
muito muito pra poucos
poucos poucos

se tornarão jogadores da seleção.



São tantos nomes , tantos rostos, tanta gente, tanta vida, tanto tanto que nem cabe no papel.
Já deparou-se com algum momento de epifania em que a vida lhe confortava com as boas lembranças?
Quais são suas lembranças mais recentes?
Apagaria-as caso houvesse a possibilidade?
Uma. Duas. Três. Quantas lembranças cabem num corpo que ama?
Que dança, que vibra, que grita: v i d a a a a a a a a a a a a a
Explode(?)
Escancaram-se as lembranças dentro de nós e ficam todas ali embaralhadas num mistifório de cores e odores e sentidos. 
lembro-me bem de quando você sorriu pela primeira vez pra mim.
lembro-me bem do meu primeiro tombo quando aprendia a andar de bicicleta
lembro do chá de camomila numa noite de frio
lembro lembro perco lembro
onde está?
ainda está aí? volta volta! não fuja não
que eu te quero concreta, quero sentir novamente e conseguir segurar esse filete que perpassa nossas mentes
e vai
pra tão tão longe
e quando volta a gente abraça com medo de perder
novamente.

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trilha sonora e fotografia do filme: Brilho eterno de uma mente sem lembranças.

[muito bom, por sinal. super indico ♥]

sábado, 14 de junho de 2014

Se eu não escrever
explodo
Se eu não amar
emudeço
Se eu não seguir
paro
Se eu não souber como,

grito
grito
grito

se eu não me achar
nem nas palavras que escorrem
percorrem meu ser
como prosseguir?

faço poesia-mal-feita
pra gritar bem alto
bem claro
tudo tudo
que vier
lá de dentro
daquele lugar escondido que todos temos
da onde brotam as lágrimas
e as paixões
que por aqui, são todas sem métrica
sem tempo
passam-uma-por-cima-da-outra

poesia
dá-me espaço
pra suspir(ar)
nesse tanto de vida
que tira todas as peças de roupa
e deixa o frio contornando a face
arrepiando-me os pelos
arrancando tudo

restando somente eucorpo coração e palavra.
Deliberado pelo universo que ali se encontrariam, lá estavam. Duas carteiras, uma atrás da outra, divididas pelas vozes dos outros que sorriam e falavam sem parar. As moças, não sabiam que ia brotar amor.
Nunca souberam de nada, pra falar a verdade. Nada cuidadosamente concreto sobre o mundo. Nada sobre ir embora.
Não dava.
Daquelas tardes de ensino médio surgiram as mais belas histórias, os maiores abraços quando haviam lágrimas. E os risos tão grandes tão vivos. Tanta coisa. Você sabe.
Mas o que fazer quando a linha que amarra e torna real balança e a cada batida do vento, ameaça sumir?
Impotente. Me sinto impotente por não escutar.
Não devia ser assim.
Tá tudo tão errado
embaralho
que nem saí direito.
Palavras palavras palavras, parece que é só isso mesmo que cabe em mim, não é?
Enquanto teu silêncio cobre os espaços quase que ensurdecedores das histórias que nunca acabam, que nunca param pra ouvir.
Ver. Sei que parece que não, mas eu te vejo, enxergo cada partezinha da tua vontade de fazer dar certo e das tuas magoas que enchem potes. Eu te amo, moça. Eu te amo demais
e eu vou fazer de tudo pra concertar isso
porque não é sempre que a vida nos cede irmãs.
Estou farta dos laços rasgados, dos que vão....... 
como os pontos que escorrem nesse texto-mal-feito.
Não consigo pontuar muita coisa
e tem lágrima demais que não querem sair. -acho que é do medo, de perder.-
Mas eu te juro. Eu te juro que essa não é uma história de pessoas que se vão.
Perdão.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

singelo.


percebi que mesmo nas confluências aquosas e salgadas há espaço pro tintilar dos sons amenos e honestamente bons. os olhos marejados -nem tão passados- pedem que eu escreva sobre essa leve doçura que percorre tuas palavras, essa leve forma de saber rir e r(irmos).
tem algo aqui dentro que aproxima e emana energia translúcida desde que as prosas começaram.
doçura foi uma palavra bem ruim
na verdade acho que algodão cairia melhor
diante de tanta confusão que aqui se passava, e tanta dor. tanta. tanta. é. 
você nem sabe da metade. 
e quando lhe mostrei os textos, não perguntou
e isso
nossa
alivia. sabe. sem perguntas sobre assuntos ruins. sem conversas cansativas sobre dias cansativos.
somente risada com sabor da bala do seu Joaquim 
sim, era o moço da doceria da minha infância.
gratidão. pelas palavras 
mesmo que novo
mesmo que desconhecido
é sempre bom sentir alívios musicais
como aquelas notas bem-vindas
em dias de sol.

"alerta: o opressor pode estar na casa ao lado!"

aí quando tu vê
o machismo, a escrotice, o sem carátismo, a opressão pesada, a vingança-sem-sentido, o ódio, as palavras estupidamente grosseiras, a opressão virtualmente e pessoalmente, a exposição da vítima e todas as formas que o imbecil conseguir de destruir com a tua sanidade mental e emocional podem vir da pessoa que tu mais amava.
aí quando tu vê
você pode ser a vítima de toda essas merdas.
e cê percebe que isso tudo não é histórinha de filme. que quando você menos imagina, as pessoas deixam transparecer o lado mais grotesco e pútrido que possuem. e oprimem da pior forma que puderem fazer. e sentem prazer nisso. e ainda conseguem se safar e sair como inocentes, diante da merda toda que fizeram.
nunca soube o que seria ter que cogitar ir à delegacia da mulher.
nunca soube o que era alguém que dizia te amar, tentar destruir tudo de mais bonito que tu possuí.
nunca senti na pele a opressão provinda de alguém que tu confiava mais que tudo nesse mundo.
e sentir os olhos marejando. e sentir o coração na mão.
e.
dói.
dói demais.