sábado, 30 de agosto de 2014

acho que virei santa
logo após, virei puta
virei moça
virei louca
virei triste
logo, alegre

viro o que quiser
reviro ao avesso
toda a vida
que couber

viro à ti
viro à mim

vejo nós
virando amor,
sem temor
nem pudor.

domingo, 24 de agosto de 2014

Carinho bagunçado.

Acordei.
rodopiei.

pensei

em nós.

Refleti.
insisti.

desisti

de nós.

Repensei.

te olhei.
me olhei.

nos olhamos
e falamos
pelo olhar.

nesse instante
percebi
que não vou
desistir
nem de nós
nem de olhar!

muito menos de sentir
toda prosa
todo gesto
todo toque
sendo honesto

entre nós

manifesto
com amor.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014



Eu não quero ser a Iaiá só pros momentos felizes. Meu mundo, tava desabando hoje. Tinha lágrima pra tudo quanto é canto. Uma montanha de coisas borbulhando dentro de mim. E eu só queria um: O que tá acontecendo?
E se eu não respondi da primeira vez, é porque deu a leve impressão de que você não se importava de verdade.
Eu esperava que você voltasse a perguntar: O que tá acontecendo? E que dessa vez, eu sentisse que você se importava de verdade.
Mas você não voltou.
Falou sobre amanhã. Sobre o show. Sobre eu dormir aí.
Sobre isso , sobre aquilo.
E eu fiquei aqui, engasgada de palavras tortas e de lágrima.
Até que você foi dormir.
E eu continuei aqui, engasgada de palavras tortas e de lágrima.
Até que
você já deve estar dormindo.
E eu tô aqui, na tentativa falha de botar pra fora minhas lágrimas que escorrem
percorrem meu rosto
com palavras aquosas
que borram o papel
e fazem da tinta 
palavras escorridas
que não foram ouvidas
nem se quer percebidas.

E se tem uma coisa que eu faço,
é perceber a dor do outro.

Eu. Eu só queria poder ter contado contigo.
E hoje, não foi possível.
Eu precisava de alguém por perto. Precisava muito. Nem que fosse cinco minutinhos de afago. Mas você definitivamente não foi essa pessoa.

valeu, pela prosa em dias ruins


você que é tão cheio de riso
a onde foi parar teu sorriso?

pergunto à ti
pergunto à mim
que hoje, choro.

talvez você saiba bem o que é
chorar por dentro.

pensei em te fazer um verso
falando sobre as lágrimas de hoje
mas não cabe no poema.

pensei em te fazer um verso
falando sobre o riso de ontem
mas cabe muito menos.

pensei pensei
e não veio nada
além de: gratidão.
meus olhos encharcaram-se
meu coração encharcou
minhas mãos tremulas
não sentiam chão nem teto
pra tatear
segurança
cadê?

meus olhos lacrimejados
misturaram-se com meu coração
mudaram de cor
agora, ofuscados
sem o brilho anterior.

minha boca não profere palavras sensatas
muito menos coerentes

longe de ser poesia,
tento dizer
sobre como
eu
não sei
tem algo aqui dentro
que me diz que tá acabando, sabe?
uma insegurança absurda que me faz pensar o tempo todo:
ele já foi.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

[sobre hoje]

saudade
sopra
pitadas de incertezas

somente
saberei
o que somos
conforme o tempo seguir ?

suspiro
com um medo
bem de leve
...
mas eu sei
que eu gosto de ti
gostamos
estamos
sei lá como
sei lá pra onde
só sei que você me faz um bem danado
que eu amo seu sorriso
seu toque
a gente
bem junto

eu. só queria ouvir sua voz
ou lhe dizer como foi meu dia
mas eu sei que não dá pra estarmos sempre...

de qualquer forma,
pouco tempo
foi o suficiente preu sentir
saudade sibilando
sobre mim.
a diferença entre a saudade do que já foi e a saudade do que está sendo:
a primeira, encharca os olhos, aperta o peito e entorpece o corpo.
a segunda, enxuga os olhos, solta o peito e anima o corpo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

a m o r: era formiga, virou elefante.

Uma formiguinha entrou dentro de mim e foi andando por todo meu corpo, passou pelo pulmão,artérias, faringe, garganta, narinas, boca, língua... até que: Atchin!!!!
Saiu como num espirro rápido e forte. Expeliu do meu corpo. E caiu no chão. Estava toda manchada de sangue, afinal, perpassara o meu corpo inteirinho, dos pés à boca. Vermelhinha, tentou se mexer, mas estava exausta de tanto caminhar por dentro de mim. Agachei, recurvei o corpo e deitei no chão ao lado dela; a peguei com a ponta dos dedos, que logo se mancharam de vermelho também. Observei, tão pequeninha, as patinhas mexiam de leve. Até que eu percebi que a formiga estava numa transformação corporal, se contorcia toda como num bailado contemporâneo, e foi expandindo suas patas, esticando... Crescendo. Seu corpo foi formando uma palavra. Meus olhos atônitos miravam a formiga, que já não era mais formiga. Era palavra, imensa, gigante, bem a minha frente. Escorria vermelho por todo o chão branco. E ela se contorcia cada vez mais: sim essa palavra dançava! O chão, agora rubro, começou a transbordar tinta vermelha -sangue do meu corpo- 
e num mar vermelho
a palavra
que de tão pequena
já fora formiga
agora era elefante
elefanteava pelos cômodos da minha casa
e os mais recônditos espaços do meu coração
pulsavam palavras vermelha-sangue-do-meu-corpo, amarelo-dia-a-dia, cinza-celestial, azul-nós-debaixo-da-coberta, branco-criança, verde-ciranda-na-praça
eu, na doce ilusão de que sabia pintar poemas,
juntava
cor com cor
letra com letra
e logo, formava amor
que com todas suas cores
bailava
tentando ocupar todo o espaço,
como se quisesse alcançar o céu.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

somos o vento
e o que estamos tendo
é algodão.

sinto que o vento
sopra em terra firme
cada vez mais
me trazendo a segurança
de que há nós
de verdade.

e sempre que te abraço
esqueço de tudo

é como se nosso abraço tirasse
todas as dores do mundo.

e sempre que te beijo...
ah...
e sempre que te sinto...

- cama. corpos enlaçados sem nó. prazer. -

e sempre que te tenho pertin
o relógio não importa
a separação do casamento falho deles
não importa
o choro antigo
não importa
as cartas rasgadas
não importam
os dias afogados em fel
não existem

porque
existe só a gente
sendo vento adocicado
que percorre o espaço azul
abraça. toca. sente. enxerga.

a vida torna-se:
corpos quentinhos debaixo das cobertas
que afagam
se encontram
na preciosidade do companheirismo.

a vida segue.
sempre segue.

mas eu te digo
que a vida moço,

fica bem menos pesada
com você.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

colhi no jardim
colei em minhas pernas
achei que assim
elas grudariam no meu corpo
eu viraria flor
e sendo flor
eu viveria
num jardim
imenso
de poesia.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014




a vida é meio bosta
muitas vezes
ela fede
ela soa
ela respinga
água salgada dos olhos
em litros
dispara
todo o mar
de dor
que há dentro de nós

a vida é meio bosta
direto
opressão
fome
cinza
vazio
cansaço
dor
lotado
são paulo
cansa
pessoas
cansam

mas
a vida ainda brilha
ao som do tim maia
na cama com nós dois
em dias coloridos
com amigos cheios de amor
tem tanta coisa boa
chocolate
música
dança rodopia
maracatu!

água fresca
em riacho
novo
que me banha
me leva pras suas profundezas
tão purificadas
em dia claro
clareou!
passou!
o medo passou!
juro. moço, tá passando
aos tiquins
eu tô vendo
que eu não vou deixar
ninguém tirar meu brilho
minha força
e vontade
de viver
tudo que couber
na imensidão que há
dentro de nós.

[nunca ouse ir contra a força de uma mina-flor]

não sou sua
nunca fui
enfie isso na sua cabeça
de merda!

não sou sua propriedade
como você achava
não tô pra opressão
não há mais espaço, tá escutando?

eu sou mais forte
do que você imagina
nós somos
nós mulheres
imensas
de tanta força!

nunca mais
aponte o dedo pra mim
gritando esbravejando
palavras sórdidas
que queriam me ver chorando

chorei
chorei sim
mas voltei
cheia de riso
de brilho
de vida
que você
tentou tirar de mim!

machista!
maldito!
babaca!
some da vida
das mulheres lindas que querem espaço.

se enfia nesse buraco imenso
que tem aí dentro de você
e fica
sozinho
trancafiado
mas não me leva junto!

e não ache
que suas voltas
vão me assustar
sua tentativa
de me quebrar por dentro
já falhou, meu bem
falhou
porque aqui
tem luta pulsando nas veias
tem flor explodindo de mim
e você nem nenhum homem
nunca mais
vão amassa-las com as mãos
porque eu não ando só!
e eu tenho muita mina-flor
perto de mim!

meu sangue
carrega
as opressões de todas as mulheres
que como eu
encontram caras escrotos
como você.

meu sangue
tá pulsando
tão fortemente
de raiva
de tudo que tu fez
comigo.

da próxima vez que você aparecer
você fica esperto
e é bom ter medo
de mim e de todas as outras minas
que vão quebrar sua cara
suas palavras opressoras
e joga-las pra dentro de você
cobrindo-as com todas as nossas flores internas

logo após, sairemos nuas
flore(sendo)
gritando bem alto
pro mundo escutar: vitória!

terça-feira, 12 de agosto de 2014

eu
não sei mais escrever.
nuca soube.

nunca soube de rimas
muito menos de métrica

aprendi jogando as palavras ao papel
como forma de botar pra fora
toda dor
amor
cor
repulsa
tudo
tentando ser poesia.

fui da prosa
uns bons anos
agora
tento versificar
mas não porque quero
simplesmente porque
elas só saem desse jeito!
essa palavras sorrateiras
só saem em verso

quem sabe um dia,
a prosa volte.

não me importo muito
com como elas vão ficar
só deixo elas explodirem no papel

elas têm vontade de gritar
girar e clarear toda forma de dizer
são puro sentimento
que pulsa pra fora de mim
expulsa
tudo!

palavras
ah, palavras
cêis sempre me disseram
que pra escrever
não precisava de diploma.
somos o vento:
sinto mas não vejo

adoro quando ele
me toca
beija
abraça
bem forte

o frescor
faz com que eu feche os olhos
e só me concentre na ventania
que me tira o ar
mas não vejo
não vejo nós
a não ser nos meus poemas

quando você disse: ''eu gosto de nós.''
fiquei pensando a que nós você tava se referindo?
porque eu não consigo segurar a gente
tudo me escapa pelas mãos
como o vento que eu quero tocar.

tenho medo
porque queria um tico mais de terra firme

já tive muitas ventanias por aqui
lindas
levaram toda a minha roupa embora
deixaram meus cabelos esvoaçados
me amaram
estiveram
mas logo,
foram
ventaniar por outros ares.

já tive mares também
com grandes tempestades
ondas salgadas
limpavam-me o fundo da alma
ondulavam-se em mim

teve mar
céu
vento
sol
chuva
tempestade

mas agora
tô num momento
que preciso de terra
onde eu possa pisar
me estirar no chão
saber que não vou cair
e ali, firme
poder sentir o vento
céu, sol, chuva
tudo que quiser vir.

não dá mais pra sentir só o vento
não agora
não pra mim

preciso conseguir
enxergar

e não somente,
sentir.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

de madrugada

ia dormir
mas antes
precisava guardar algum verso sobre você
pra sentir sua paz perpassando meus poemas
e dizer que se você fosse um verso
tu seria uma mistura de abraço
com dias da minha infância
-dos mais ensolarados-
cházinho quente
adoçado com cubinhos de açúcar
amor que acolhe
smiths
chocolate
nós dois
e todas aquelas
minhas coisas preferidas,
juntas
num verso só
sendo você.

sobre estar junto


suamos juntos
beijamos juntos
percorremos um
ao corpo do outro
numa dança frenética
e saborosamente boa

trocamos:
você por cima de mim
eu por cima de ti
risos
afagos
ofegantes
estávamos
diante de tanto tesão,
suas mãos
escorriam sobre meu corpo
sua boca chupava-me inteira
seus olhos
eu via de relance
nas frações de segundos em que
meus cabelos voavam
conforme a força
que nossos corpos
causavam juntos

explosão
das melhores

equilíbrio
gemidos
suspiros
sincronia

eu pedia mais
porque estava perto
perto do prazer máximo
que uma mulher podia ter.

gritamos juntos
através dos nossos suspiros
o ápice do prazer!

foi lindo,
porque foi mútuo

até quando
me deitei na cama
com aquele cansaço maravilhoso
e disse: obrigada.

e você: sorriu.
vento
ventania
você veio
vou tentar
não te fazer ir
por conta das minhas inseguranças
e poemas que assustam.

postulei um fim
antes mesmo dele vir

mas um poeta me disse
que a vida é que decide
quando acaba.
hoje
eu percebi
que todo dia
eu viro pra mim mesma e digo:
acabou.
é mais confortável lidar com o fim
antes mesmo dele chegar.
penso que assim,
quando ele chegar eu já vou ter me acostumado com a ideia.
criei verdades absolutas sobre nós:
não posso contar com você.
você vai sumir amanhã.
não estamos juntos. (essa é a única verdade que talvez eu acredite mesmo, porque eu nem sei o que estamos, nem como estamos, muito menos o que somos.)
você não existe.
sempre que você não está por perto
no sentido físico ou não estamos tendo as nossas boas prosas
eu lido com a sua ''ausência'' como se você não existisse pra mim
nem na minha vida. como se você não estivesse aqui. como se você fosse uma mera palavra imaginária na vida de uma menina que poetisa demais.
é mais fácil, porque aí
se amanhã você não estiver
eu já vou ter lidado com o sentimento.
na verdade, tudo isso é uma droga
porque eu finjo que não há você
quando há
eu penso que não há nós
quando há.
e tá sendo tão bonito
confortável. essa palavra diz muito sobre a gente.
mas é que todas as inseguranças
que estão absurdamente
imensas dentro de mim
me fazem pensar
que fim.
que foi.
que você é só um verso das minhas poesias mal escritas
um verso curto e bonito
azul feito o céu do fim de tarde
em que o sol se põe pra nós dois
só pra gente ficar vendo ele
abraçados.
aquele dia foi tão bom né?
mas você lembra como foi rápido?
um segundo
e o sol já tinha sumido do céu.
já era noite.
eu não queria imaginar o nosso céu com um sol que já se pôs eternamente.
com um fim já postulado. com um
você não está aqui.
mas.
eu.
já percebeu como eu não sei escrever poesia?
mas tudo sai em verso, porque ultimamente minhas palavras
estão todas fragmentadas. enroladas em laços de reflexão.
você é um sol tão bonito, que apareceu
num momento tão difícil...
tenta não se pôr rápido demais,
que eu prometo que vou tentar acreditar
em nós.

sábado, 9 de agosto de 2014

Esse é meu pior poema.

guri
tô pensando em ir
não é por ti
nem nada
pra falar a verdade,
não é nem por mim
mas é porque
puta merda
que bosta
que medo maldito
é esse que tá pulsando aqui dentro
tão desgovernadamente
que esse poema
é quase um papel rabiscado
com força
com choro
com
DROGA
por que?
por que o moço passado
fodeu tanto com as coisas?
por que tanta opressão?
eu. eu nunca tive medo de amar.
juro. nunca.
e agora
tem um medo imenso
pairando dentro do meu coração
da minha mente
do meu corpo
tudo tudo tudo
misturado
com as dores passadas.

choro.
sim, tem lágrima saindo
feito aquelas sinceras que saíram de ti
sabe, eu nunca achei que você ia me deixar te ver chorando...
você é mais forte do que eu imaginava.
você vai me perdoar se eu for embora?
por favor, não deixa.
não deixa que eu vá
me segura
de alguma forma
eu. porra
tá tudo tão engasgado
eu nunca senti o que tô sentindo agora
é enorme
absoluto
e corroí:
dor de fazer o que não se quer.
mas o medo tá sendo maior
medo de sofrer como foi da última vez
e você bem sabe, foi grotesco.
você não é ele, eu sei!
eu repito isso pra mim
todos os dias...
Mas, ele tirou uma parte tão bonita de mim
a parte iaiá que acreditava
no permitir-se
independente do fim
a parte iaiá que confiava
nas pessoas bacanas que apareciam no meio do caminho.
por favor. por favor. por favor, não seja a pedra no meio do caminho!
você...
quanto absurdo sendo expelido pra fora aos farrapos, não é?
obrigada pelo dia da praça. as noites juntos. os milhões de rolês nas férias. o dia da augusta. o dia ocioso na sua casa, tão quentinho. o dia que passamos na sua casa e eu ri de tanto prazer. e até mesmo a quarta-maldita [risos] se não fosse ela, eu não teria tanta certeza de que queria estar perto de ti. obrigada pelos milhões de momentos
pra tão pouco tempo...
ah moço, você me faz tão bem
nos fazemos tão bem
como eu faço
pra arrancar esse medo de mim?
como eu faço pra voltar a acreditar nas pessoas?
como eu faço pra destruir as marcas do machismo-opressor deixado por outrem?
como eu faço?
tá tudo tão embaralhado.
desculpa.
ao leitor, pelo desabafo
a você, por eu ter pensando
em ir embora.

as palavras não saem
nenhuma
nenhum verso final

poderia então
pingar uma das minhas lágrimas aqui
e deixa-la desbotar no papel
quem sabe, ela não diria mais
do que algo que não se verbaliza.

tinha terminado o poema
a uma meia hora atrás,
mas resolvi voltar
pra dizer
que eu gosto muito de ti.
muito. muito mesmo.
só não uso outra palavra
porque: medo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

mundo,
mudo
de lado.

escasso de água doce
e de amores duradouros
mudo de espaço

crio meu mundo
num papel
num verso
onde tem comida pra todos
amores que nunca findam
menos água salgada
escorrendo dos olhos,
crianças brincando de ciranda
um beijo na testa
aperto de mão
é hora da festa
que cabe no vão
entre a minha utopia
e o meu coração.

eu acho que eu te amo
mas acho que eu tenho medo de te dizer que te amo
porque
eu tenho medo de amar.

artista, não aprende nunca

artista é foda
se fode uma,
duas.
três.
quatro.
cinco.
seis.
sete.
oito.
nove vezes.
se despedaça
com os amores-partidos-fodidos
e ainda cede espaço pra viver uma décima vez.
nunca soube escrever
mas sempre precisei
loucamente
jogar pra fora
o mundo que há aqui dentro

tô cansada
de falar de amor
e do que não cabe em mim

raramente, poesia política
raramente.
eu. só queria que escritos mudassem o mundo
queria poder escrever: adeus capitalismo
e pronto. tudo estaria diferente.
queria poder escrever: isso vai durar pra sempre
mas, eu já não acredito mais em conto de fadas.
não vai durar , não é?
puta merda, você de novo aqui
logo vem a palavra
maldita palavra que persegue meus escritos
minha vida
meus pensamentos-conturbados-em-versos
some por favor
ao menos nesse poema
fica longe
não é que eu não gosto de você
é que eu fico me perguntando
porque você aparece tanto por aqui?
quero poder mudar o mundo com arte
mas... o mundo tá tão doente

queria poder fazer algo imenso
que ajudasse o mundo
ou mudasse bruscamente algo
pra melhor

queria ser lispector
cora coralina
frida
mas não sou.
sou iaiá
cujas palavras tortas
tumultuam
dentro de mim
e explodem
falando do amor
que precisa ser divido
entre meu corpo e a poesia.


nadei sem rumo
no mar de palavras
que estavam aqui dentro
silêncio
nós dois
fitando um ao outro
uma fração de segundos,
tudo estava bem.


viver é abrir-se em feridas constantes
e alegrias-instantes
por hora, pensei que viver fosse simplesmente poder acordar e ver o sol. mas aí...
eu cresci e vi que viver é de uma imensidão danada
tão grande, que nem cabe no poema.
não que isso seja de fato um poema [risos]
eu. não sei nada sobre palavras prontas e bem feitas
da vida, sei que é bonita
principalmente quando posso ver seu sorriso
bem pertin de mim
e te abraçar bem forte
de forma que vejamos,
que vivos
estamos
e mesmo com as feridas passadas
enormes grotescas
mesmo com elas
eu tô aqui, viva.
Puta merda, como é bom viver!
Sentir o gosto do chá quentinho em dias de frio
rodopiar na grama, cair no chão
e ver o céu dançar sob meus olhos tontos de tanto girar.
e
eu gostei de te conhecer
sabe, sempre que penso em ti, minhas palavras ficam mais doces
cubinhos de açúcar no chá da tarde
bolo de chocolate. não. pera. você não gosta de chocolate, seu anormal!
foi mal
assim
pelo poema-não-poema
é que eu só queria te dizer
que a vida fica bem menos pesada
com você.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

flores:
façam
flutuar
qualquer
pessoa incolor.

por favor,
flores,
falem com eles
que não olham nos olhos
que têm medo de abraço
desviando da flor diária
que é o outro
desmembrando o afeto

somos tantos
únicos
num jardim de imensidão
chamado mundo

peço as flores
que os façam enxergar
que podemos ser jardim
juntos
em luta
contra qualquer forma de desamor.
amar: derramar: calor

desamar: desabar: em dor

roubar um tico de cor
do amor que me ensinou a crescer
pra ver se assim aprendo a lidar
com a dor que acabou de nascer.
liberdade
de prosa
verso
vida
ida
nós
a sós
numa palavra
que fale de amor

.contra-dor.
conta-gotas
de calor
pinga em mim
e livre
escorre
esquenta
afaga
toda a liberdade
que está se formando
aos tiquinhos
entre nós
que a sós
viramos poesia
de verso livre
feito uma cantiga cálida
que cura
a dor.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Soltei os cabelos
Abri minha roupa
Despi minhas vestes
Tentei um poema
Joguei as palavras
Caí num enrosco
pensei em você.
o sono cobriu-me inteira

pensei: porque diabos
deixei a prosa e nos últimos tempos
só tem tido espaço pra versos

será que é uma fase?
será que voltarei aos meus textos com falas
narrativa e palavras formadas em sentenças extensas?

será que há espaço pra poesia no mundo?
será que há espaço pra tentativa de fazer arte?
mas pera, o que é arte?
nunca fiz um soneto na minha vida
não sei nada sobre métrica
nem mesmo sobre amores pequenos
deve ser por isso
explodo
explodo em palavras
que tentam expressar
tamanho sentimento que há aqui

sou toda desajeitada
feito minha poesia
que roda dentro de mim
respinga no papel
e encharca-o
espalhando histórias
cheiros
cores
pessoas
momentos
pequenos momentos
de palavras pequenas
que provém de um coração grande demais.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

[sobre orgasmos múltiplos]

contornou-lhe o corpo
como se a estivesse pintando

sua língua pincelava
suas mãos nadavam no sexo da flor
e percorriam pelas pernas
coxas
cintura
num ritmo
que crescia
conforme a respiração ofegante
denunciava
a vontade de continuar

encarar
aqueles olhos
que lhe comiam

aquela boca
que lhe tirava o ar
ao chupar seus seios

aqueles corpos
que nus
se entendiam
por entre os risos

e brincando
se divertiam
enrolavam-se
gemiam

já não sabiam mais
sobre relógio
ou medo do tempo

suspiros
encontros
de cada partezinha
dos corpos
que juntavam-se
freneticamente
e bailavam
numa melodia
sem fim

suavam
os dois

giravam
cantavam
gemidos

excitados
sentiam

ofegantes
calavam

quase que como uma nota
musicalmente forte
penetrou-lhe
profundamente

suplicava por mais
e mais
e mais

dança que
ia e vinha
vinha e ia
intensamente
ria

de tanto prazer.
Durante a noite,
uma sentença
mudou tudo.
trouxe diversos pensamentos
confusões lágrimas insegurança
tantas palavras perpassaram minha mente
tantas sensações escorreram dentro de mim
logo pensei:
ele tá indo embora.

mas aí
vi suas lágrimas
pequeninas
tentando me dizer
que não sabiam de nada direito
e que apesar de tudo,
queria estar ali. gostava de nós.

tem sido coisa demais pra ti, não é?
sentimentos novos demais
pessoas
prosa
vestibular
pensamentos
incertezas
mas e
a confiança?
confie mais em si, passarinho
passarinhe por aí
assovie nos dias vazios
assovie uma música bem bonita
como aquelas que você toca no violão

você
é tão bonito
sabia?

eu sei
que às vezes
parece que a gente não vai sustentar
mas você é tão capaz de expandir
conhecer
transcender
qualquer medo!

gosto
tanto
do seu
sorriso

sabe,
sorria
só ria
e segue

se permitir
te abraço
sempre que precisar
sentir-se vivo

te prometo
que te dou a mão
quando precisar

e se quiser
dar-te-ei infinitos beijos
como esses
recentes,
presentes
em nós.

Carol
Caroline-se por aí
nos caracóis que surgirem
nos caminhos que percorrer
carolina
bem assim
do seu jeito carol de ser
e quando tudo enroscar
desenroscará
você sabe
que cabe
do rolo ao desenrolar
das histórias imensas
que nos puxam
enrolam
amam
machucam
vão
mas
você carol
você fica
e brilha
como seus cachos
que encaracolam-se
nessa vida toda emaranhada
e tornam ela menos árdua

tem mais amor
com carol
que carolina
chega a ser um verbo
carol carolina
caroline-se: ato de emanar amor

cacheie-se
carol,
bem desse seu jeito
raro
de ser.

sábado, 2 de agosto de 2014























tenho uma cabeça de flor

que conforme a vida passa
floreia umas ideias jardinescas
sente com asa
danças pitorescas diárias
que fluem
nos dizeres insanos da meninice

confluência de palavras
todas cheias de flor
e amor
pra doar

ando ando ando
e minha cabeça fica lá no jardim
brotando pensamentos
que mimetizam-se em poesia-mal-feita

corro corro
e percebo
que estou flore(ando) demais

meus caules cortados no passado
estão frágeis
precisando de água
terra firme
mãos que afagam
e procuram plantar novo jardim

preciso preciso
de palavras não tão incertas
nada de chuvas tempestuosas
que me arrancam do chão
porque tem muita palavra
e sentimento
pro tamanho da flor.
então,
só me rega
e não permita
que eu morra novamente
num jardim tão colorido
que é a vida.