sábado, 25 de agosto de 2012



Peninhas vão-se embora e voam pra negritude de um céu anoitecido.  Uma por uma, como se eu as soprasse a cada segundo, e meu coração estava despenado, adormecido. Eram penas de pássaros mortos por mim mesma, que cortei-os um a um, pra formar balões, só assim, por bel prazer. E as penas desses foram parar em minhas mãos, e quando saiam iam formando novamente pássaros. Pássaros verdes que tingiram meu vestido, meu cabelo. E iam tingindo minhas mãos, cobrindo o sangue vermelho de verde, até que resolveram ir embora, e me levaram junto. Fomos todos nós, eu, o balão de pássaros e o sangue sonegado por menina.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012




E das botas batidas passadas firmadas no solo, veio o lodo. E do lodo expeliu as flores. E das flores brotaram cores, cores permeadas de passos surrados. E dos passos surgiu um brio pelos pés que ali andavam e semeavam uma nova partida, sem esse limo de penúria, que veio de você.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012



Tesouras cortam, ficam fechadas ou abertas, podem quebrar também. Tem aquelas, sem pontas da terceira série do fundamental, mas elas vão embora com o tempo, e cedem espaço às intrusas tesouras com ponta. Tesouras causam sangue, se quisermos, e se não quisermos também. Tesoura? Qual o motivo de escrever sobre uma reles tesoura? Pergunto-me o que fazer com as tesouras, que aparecem, assim na minha vida, sorrateiramente, e cortam-me os pulsos, por ora, fazem-me sangrar, mas quando surgem, me trazem um desejo de usa-las pra recortar papéis, pra recortar caixas de presentes e cartões, pra fazer e desfazer recortes. Um frenesi louco, por aqui. E só. Digo; é só, assim, isso.

Letras saindo.



(http://letras.terra.com.br/los-hermanos/71328/)

Será que os outros, aqueles que escrevem, também gostam de juntar as letras pra ver no que vai dar? Será que é só dizer ou é falar? A melhor maneira de expressar. Não sei direito como explicar, mas é aquela vontade sorrateira que sempre paira por aqui, vontade de somar as letras e pontuações e deixar sair, assim, soltando mesmo, fluindo. Sem usar dicionário ou definições concretas; sem me preocupar em dizer de fato algo que lhe faça diferença. Não tem que fazer. Tem que ser, ser sincero. Queria poder dizer a raiva que tô sentindo, uma raiva do que não houve, vontade de comer nuvens brancas e tomar banho de chuva, pra ver se passa. Ver se passa a vontade de chorar.


Tenho a impressão de que as cores andam imprimindo em mim com tanta vivacidade que não consigo mais tira-las de perto. Andam imprimindo, exprimindo. Essas cores assim, num vai e vem, cambaleando e tropeçando nas ideias insanas de uma menina que não sabe direito o que diz. Tenho dito da maneira mais torta, porém, mais sincera que consigo. Folhas têm reluzido por aqui e colorido minhas manhãs tão bem. As noites, então, que o digam. Serenamente vão tornando-se gravuras do dia-a-dia, daquelas que fazemos com goiva ou até mesmo com o instrumento perdido da gaveta. Aquelas que marcam.

polícia , pra quê?

http://letras.mus.br/titas/


-

Estava eu, ouvindo minha música quando ela é interrompida por passos rasos e de fome. Era um morador de rua no metrô, com um marmitex na mão. Ouço o fiscal da estação dizer: Passa logo pro outro lado, menino. Ele atravessa as catracas com um sorriso de quem está fazendo arte, curioso, diríamos. Mas eu gostei dele. Continuei observando a cena, quando do nada como se houvesse saído de um conto do Poe um PM surge, oh, aqui há um erro, um PM nunca sairia de um conto do Poe, embora foi uma tentativa falha de introduzi-lo ao terror. Ele então, com sua pseudo-postura de ''estou defendendo a civilização'' com seus mais dois companheiros, olha para o garoto e não o dá nem tempo de respirar, começa a encara-lo com seus olhos profanos e grita:
 ''Por que não vai pra casa?'' O garoto se esquiva e diz: ''Não sei voltar pra casa não, tiu''. O PM continua gritando: ''Vai vaza, vaza muleque'' E o menino vai sendo enxotado escada à fora com um PM exacerbando: ''Quer apanhar? Quer apanhar?! Quer tomar no cu, em em?''. Meus olhos inconformavam-se com a cena, tinha raiva e ao mesmo tempo pena, não do menino que possuía menos de 12 anos e sim do policial que no fundo possuía só uma tentativa torpe de dizer ''eu mando nessa porra''. Esse não é um texto jornalistico, e bem longe de ser bonito ou bem escrito. É repugnância, repugnância pura e latente, daquelas que você exorta e joga assim, num texto seco e mal feito.