sábado, 28 de setembro de 2013

Me ensina a juntar grãos de areia molhada e acreditar que eles podem fazer castelo.

-por favor-

choro guardado
choro escorrido
choro que bate dentro da gente
e fica
e traz choro antigo
e junta todas as lágrimas num pote só.

choro de medo
de medo da dor
da dor que perfura e cobre o corpo
e o corpo, deixa de ser.

choro que vem e vai
e anda e fica
e
oh choro, saia de mim!
saia de uma vez
e permita-me que seja feliz
na verdade, a todo instante que penso na felicidade
meu corpo se arrepia todo
porque eu lembro de uma vez
que eu fui muito muito muito feliz
e aí
foi embora
passou
se foi
assim
como um zumbido que corre nos ouvidos e some.

Como uma caixinha de música quebrada, que para de tocar.

Mundo, ensina pra mim, ensina pra mim mesma
a aprender
a acreditar nas coisas
e não chorar
de medo da felicidade.

escrito meio rabiscado, mas é sincero

Esses dias eu fui assediada, na verdade esses muitos dias eu fui assediada e mais que a metade das mulheres também o foram. 
Um dia desses, eu precisava de espaço, e esse espaço não foi me dado, mesmo eu tendo solicitado ele e dizendo à pessoa que não estava na ''vibe de ficar com ela'', ela insistiu corporalmente, eu repeti que tinha acabado de terminar um vínculo bem importante pra mim e que tava num momento em que não queria pegar nem me relacionar com ninguém. Enfim, por que precisei me justificar tanto? Não é NÃO. A pessoa continuou insistindo, acabei cedendo, por pressão. Agora não me venha com seu argumento de ''Oh, mas você estava se fazendo de dificil'' ''Oh, mas se você não queria, não teria ficado''; não precisam me atar as mãos e me estuprar pra eu me sentir pressionada a fazer algo, pressão psicológica e emocional existem SIM, aliás, existe toda uma persuasão que lhe deixa de mãos atadas, e você acaba cedendo. Nesse dia cheguei a ouvir um ''mas se eu não tentasse isso Iaiá, ia voltar frustado pra casa'', eu pensei ''nossa que ótimo, só minha companhia e um dia agradável deixaria a pessoa frustada''. Tô cansada de não poder sair com um cara simplesmente porque o acho bacana. Mas eu aprendi, desde desse dia, eu aprendi que não preciso ser bem educada com pessoas assim, naquele dia eu pensei em dizer um ''não porra, não, entendeu? NÃO quero.'' depois até do fato deu ter exposto pra pessoa que me senti ''invadida'' e ela ter insistido em me beijar novamente.
Mas essa foi a última vez, a última vez que ficarei com alguém porque me senti obrigada a fazer isso por toda uma questão de pressão por parte do outro.

Esses dias, eu mudei de lado na calçada porque eu tava vestindo uma roupa bonita, daquelas com as quais eu me sentia bem, ela um shorts jeans e uma regata. Mudei porque tinham vários caras sentados na hora de almoço e já me encaravam de longe, pensei: ''Vão mexer comigo, melhor eu mudar de lado da rua''.
Também foi a última vez, não vou mais mudar o meu trajeto porque não posso caminhar em paz na cidade sem ser assediada verbalmente.

Esses dias fui assediada no ônibus, mas essa história fica pra próxima

porque é tanto tanto, que oh.

Esses dias, eu ouvi relatos de mulheres que sofrem tanto o machismo escancarado como o machismo velado socialmente, TODOS OS DIAS. Esses dias, eu vivi isso na pele.

E eu Cansei.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

pintaga
pintaguei
some vai
já deu de pitanga
respingando no meu quintal
aqui não tem mais espaço
pra pitanga que não deu fruto
que caiu
espatifou
e alguém pisou em cima.

sábado, 21 de setembro de 2013

Eu mesma, quero ser eu mesma quando crescer.
Da ponta dos pés até o último fio de cabelo.
Das experiências contidas dentro do arcabouço chamado coração. Da vida corrida que aperta e revira. Da vida calma que aparece de vez em quando.
Da vida.
Sabe, quero ser eu mesma, quando crescer.
Das sapatilhas da infância até as caixinhas de lembranças onde guardo memória. Das crises contidas, expostas como balões de ar que estouram.
Das conversas com minha irmã mais nova e das idas ao parque.
Do primeiro. Do segundo. Do terceiro.
Da caixinha de música que instiga aquele cheiro e do cheiro que instiga aquela cor e da cor que instiga aquela voz e da voz que instiga

oh
que instiga tudo de uma vez só.

Quero ser eu mesma, quando eu crescer.
Onde tudo revira, desvira
encalça
entra no buraco mais profundo
da nudez que despi a tristeza
enrolada as amarguras
passadas,
amarra
desfaz
desajusta
e ajusta o desajustado

escorre
feito liquido que púrpura face a face
nos transeuntes da vida labuta

cai suor
cai tristeza
cai as fitas enlaçadas numa esquina que começou em janeiro

vira-tempo
vira-dor
vira-amor
vira que vira revira o revirado que jaz aqui dentro
de mim de você de cada um de nós

e assim, costurado na roldana da vida
a gente segue
respira
e vai
pra onde der
pra onde quer
que vier e tiver

pra viver.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

-caiu
lágrima-

Da flor do regato nasceu o lírio, das doces e cálidas palavras da garota, nasceu o amor. Da nova ida reconstruída no meio dos cascalhos, nasceu a dor. Da dor antiga com a dor recente, tudo encaixotava-se e dava em algo que nem a própria menina sabia consumar. Diríamos que Olívia escolheu deixar Otávio. Diríamos que Otávio escolheu deixar Olívia. Diríamos que deixar faz parte do ter tido. Teriam tido então, um final mais feliz caso houvessem escolhas diferentes em meio daquele mistifório de sensações que rasgavam a pele de tempos em tempos? Teriam tido então outra escolha, se apesar de tudo a dor era maior? Li uma vez que num universo de ambiguidade, esse tipo de certeza vem uma única vez, e nunca mais, não importa quantas vidas você atravesse. Mas creio que num universo de ambiguidade, existam vários tipos de certeza, e têm umas que ficam


e outras que vão. 


-Lágrima encaixotada.-

acabou chororô
de iaiá e de ioiô

iaiá tirou as lágrimas e pendurou no varal,
enquanto ioiô engavetou todas dentro dele.

iaiá preocupava-se com coração de ioiô
comé será que ele tá?
comé será que vai ficá?

ô ioiô, amo tanto ocê
que cê nem sabe!

iaiá chorou demais
pra uma guria só.
chorou tanto
que encheu seus baldes de melancolia.
rasgou a blusa usada no dia
e torceu o resto de lágrimas
dentro um caixote antigo que estava largado lá no canto do quarto;
ainda tinha umas gotas borbulhando dentro dela
(acho que vai ter pra sempre)

de ioiô, ela num sabia mais não
foi-se embora
desde o dia em que as lágrimas escaparam-lhe pelas mãos
e pelos braços
e abraços

iaiá
só sabia
que não tinha mais
como arrancar seu coração

-e no meio dos rasgos feitos-

da-lo pra ioiô.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

para ouvir ao ler: http://www.youtube.com/watch?v=CBEAaKcnNRg

''É como esquecer a letra da sua música favorita.''

-

Olívia pela primeira vez lidou com a falta, porque ela de fato existia. E nas andanças corridas da vida dessa menina cheia de amor, pela primeira vez, ela de fato consumou o Adeus.
Estava sentada com aquela montanha de folhas -todas suas produções artísticas que faziam parte do período desde a paixão até a dor, especificamente: de janeiro a setembro- e esperava ele chegar. Haviam combinado às catorze horas. ''Mas ele sempre atrasa'' , pensava ela. E voltava a folhear todos aqueles papeis. Era uma e meia, horário em que Otávio chegou; Olívia mesmo que bastante surpresa com seu adiantamento cumprimentou-o naturalmente. Tudo borbulhava dentro dela, não sabia como contar o que consumaria o fim. Estava estudando tragédia grega na semana do término, e pensava com seus botões o quão trágico seria aquela situação. Encarava aquela boca que tanto lhe pertencerá, aquele corpo, aqueles olhos... Ah, aqueles olhos!
Olívia sentia-se perdida, tinha vontade de abrir um buraco e se enfiar e sumir e ir pra bem longe. E.
Ele olhou para ela e disse: - Oi. Bem? Hmm, conte-me o que tem para me contar.
Olívia disse que sentiria-se melhor se eles conversassem sobre como andavam as coisas para cada um e que preferia dizer o motivo pelo qual estava ali na hora deles irem embora. Otávio começou a falar sobre seu preparatório para o maldito vestibular. Olívia falou sobre sua vida frenética da universidade e mais trocentas outras coisas que lhe faziam esquivar-se do motivo real que a levou até ali; doía por dentro só de pensar em como enunciaria todas as palavras que romperiam com qualquer coisa posterior. 
Foram palavras atrás de palavras e sorrisos. 
Até que o moço virou e disse: -Conta.
Pegou a caneta que estava na mesa e começou a riscar a garota. Fizeram algumas brincadeiras e sempre que havia alguma pausa ele soltava um: Conta. Conta. Conta.
Olívia virou-se e perguntou: -Você não faz ideia do que seja?
Otávio sorriu e disse: -Ah, eu imagino, mas prefiro não chutar nada. -O sorriso denunciava que se ele imaginava alguma coisa, com toda certeza, não era o que a garota tinha para contar-

Olívia respirou fundo e desabou, desaglutinou sentenças e desfez a angústia, mas ao mesmo tempo concretizou a tristeza. Foi falando e falando e a cada palavra pronunciada, uma lágrima se escondia dentro de Otávio.Talvez não esteja em minhas mãos contar o que Olívia disse, mas eu vos digo: Ela tinha um fato para contar e o faria por sinceridade consigo mesma, e talvez, inconscientemente por vingança à quantidades de dores que Otávio lhe fez passar em um ano. O ponto é que esse texto mal feito não é para tratar do que Olívia disse e sim do resultado de sua ação.

- Estou puto com todos. Inclusive, com ele. Mas infelizmente, minha Olívia, não consigo me magoar contigo. Na verdade, eu nunca sei bem o que te falar. E nossa, eu...

Olívia não sabia o que dizer, queria que ele a odiasse por ter feito aquilo e estar te contando.

-Você o achava bacana?

- Er, um pouco. -hesitou Olívia- Na verdade, bastante.

Otávio com a maior feição de indignação proferiu um: - Ele é um saco. E não, ele não é maduro. E...

Um. Dois. Suspiros.

Calaram-se, ficaram em torno de vinte minutos encarando um ao outro, Olívia enfiou a cabeça na mesa sobre os braços cruzados e engoliu todo o choro. Otávio abraçou-a bem forte. Catarse. Foi exatamente isso que a garota sentiu: Catarse.

Três. Suspiros.

-Vou embora.

-O que?

-Minha cabeça estava doendo muito antes de vir pra cá , tinha passado, mas agora ela voltou a doer absurdamente. A melhor coisa que faço é ir para casa.

Otávio abraçou Olívia e ficaram ali por um bom tempo. Ela pegou o envelope com vinte e duas folhas de escritos, e entregou pra ele. Na capa do envelope marrom havia escrito com letras meio tortas:

''Quando não tenho mais nada para dar pra alguém,
dou palavras.

Feliz aniversário.
2013

Olivia.''

Nesse dia Olívia roubou uma foto 3x4 de Otávio, para guardar na caixinha de lembranças dela, e colocando-a ali, simbolicamente guardaria teu amor passado. Nesse dia Otávio levou teus escritos e tuas falas. Nesse dia uma montanha de lágrimas se consumou dentro daquele (casal). Nesse dia, ele continuou engavetando o que sentia e Oli continuou seu percurso pelos ladrilhos cheio de amor -cortantes, mas que lhe cediam energia- 

Nesse dia, depois de um ano de andanças e confusões, eles não precisaram dizer nada para enunciar o ponto final, porque eles sabiam que o que Oli tinha lhe dito naquele dia era suficiente para 


Fim.
Queria fazer um conto, mas não tenho paciência nem estilo pra isso no momento. Acho que é por isso que nunca escrevo contos, porque meus escritos acabam se tornando desabafos momentâneos do que se sente e se pensa.
Cansei sabe.
Daquele homem trajado de bebida.
Cansei sabe.
Faz 18 anos. 18 anos de muita andança, e muita luta. Agrura latente, de lábios familiares, que se cansaram com o tempo. Cansaram de dizer.
Essa sua bebida de merda que só trazem problemas dia pós dia.
Já não basta a quantidade de coisas que temos para acertar?
E aí me vem, mais esse problema, que parece que estagnou e não largou mais de ti. Admiro-te, mas não sob efeito do álcool. 
Não vejo mais nada além dos meros ditos pútridos que saem de tua boca.
Não é mais homem.
É carniça e robusta falta de ser.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

uma foto minha,


Tudo Novo de Novo



"Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim

Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim

É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos

Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou

E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou

Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos"

por Paulinho Moska.

Fim

s.m. O que termina; extremidade no tempo e no espaço: o fim do ano; o fim de um livro. / Cessação: o fim de uma luta. / Morte, desaparecimento: sentir chegar o fim. / Termo, objetivo para o qual se tende; intenção: alcançar seus fins. / Destino: o fim do homem. // Pôr fim a, terminar, concluir. // &151; loc. prep. A fim de, com a intenção de, para. // &151; loc. adv. Por fim, finalmente.

-
Hoje acabou. Não há palavra pra pronunciar. Postulamos o fim, sem ao menos dizer: Acabou.
Sabíamos, que sim, acabaria, qualquer resquício de qualquer coisa que nos tornasse dois. 
E veja só, findou-se. Findou-se! 
Estou sem palavras. 

Não há nada dentro de mim.

Vazio preenchido por catarse. Catarse preenchida de vazio.

Espero que tenhamos de fato, vivido tudo que havia para viver.


lidarei com meu amor ou umas cositas mais... E terei o aval de que corações me acalentarão nessa coisa de prosseguir diante do fim. E cuidarão de mim. E me ajudarão, porque é isso que os amigos fazem. Cuida de ti, moço, cuida de ti, porque não poderei mais fazer isso e olha , ah, essas palavras voltando novamente...

Sinto muito, moço. Por nós.

e até mesmo, pelos fins de meus leitores.

Por Este Rio


Uma linda música! Que vale a pena escutar, hm.

''Aqui estamos presos por este rio
Você e eu, abaixo do céu
Que sempre cai, cai cai
Sempre cai

Ao longo do dia como em um oceano
Esperando aqui, sempre deixando de lembrar
Porque nós voltamos, voltamos, voltamos
Eu me pergunto por que nós voltamos

Você fala comigo como se estivesse longe
E eu te respondo com a impressões escolhidas
De outro tempo, tempo, tempo
De outro tempo.''
"As pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra”.

Caio Fernando Abreu 
em Morangos Mofados .

sábado, 7 de setembro de 2013

besteirol , ou não.

Eu desativei o facebook e foi ai que me tomei conta de como a nossa geração é uma geração cibernética. 
Ai eu comecei a reler e-mails antigos e nossa, que nostalgia!
Não sei como me sinto e sei que embora esse blog não seja um diário (aliás, não tenho paciência pra diários, rs), mas esse blog com 285 postagens é quase um reflexo da minha vida, nossa, tem tanta coisa aqui! Tanto tanto! É quase um livro, que conta a história da Iaiá. E acho que é isso que me levou a escrever hoje, não tô aqui pra escrever um texto bonito, ou falar sobre o que penso de forma poética, eu só precisava de um espaço pra conversar com o mundo. Tenho me sentido perdida, desde que você foi embora.
Mas acontece.
A gente anda e perde e continua. 
Até aparecer algo novo pra acalentar o coração.

Provavelmente esse blog já se tornou mais que um espaço de textos literários e sim um espaço de desabafo com o mundo. Mas entre contos, e poemas, e textos líricos , entre tudo isso, espero que eu tenha um espaço, mesmo que pequenino

pra escrever besteiras.
como esse aqui.

Diria que esse blog que às vezes me traz a sensação de vulnerabilidade , têm textos sobre todos meus amores, sobre meu passado, sobre isso sobre aquilo. Sobre uma vida que precisa de palavras para continuar.

Obrigada. Obrigada aos leitores (se é que tenho algum, rs) por acreditarem nas palavras. Por acreditarem nas demasiadas formas de arte que nos escapam pelas mãos.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um texto a uma pequena moça criança.


para ouvir lendo: http://letras.mus.br/cicero/1934000/

''Ainda não fazem pessoas de algodão
Ainda não fazem pessoas que enxuguem
Suas próprias
Mágoas''

Ainda não fazem rodas gigantes que nos leve até o céu. Ainda não fazem moços e moças que se dão bem pra sempre. Ainda não fazem purpurina de graça. Ainda não fazem a máquina do tempo. Ainda não fazem alegria a toda hora. Ainda não fazem problemas sumirem com apenas um sinal de cansaço. Ainda não fazem.
Ah , ainda não fazem!

Mas fazem certezas em meio ao incerto. Fazem pessoas boas, fazem felicidades em meio a tristezas, fazem caretas e cores. Fazem um mundo maluco e fazem pessoas e nessas pessoas se faz muito amor. E nesse amor se faz alegria. Energia que enebria a alma.
Se faz criança, dona Mah.
Que tem muita coisa pra se ver! Pra viver.
Se faz criança, porque és, és na flor da nova idade, onde quase tudo pode-se fazer. Desde rir, até crescer.
Faz feliz.
Faz cidade.
Faz sorriso.
Faz desenho.
Faz de tudo, uma nova ida.

Faz de tudo, que lhe der no coração!

E que se possa fazer comigo. Contar comigo.
Sempre que eu puder

fazer algo, por ti.
Quero me chamar Olívia.
Quero ir pra Olinda.
Quero saber poetizar.
Quero esquecer Otávio.

Quero viver de flores
quero dançar amores
quero afastar-me da dor
ou viver a dor
e lidar com a dor

Quero querer menos
E viver mais.

Quero aprender a me achar
no meio da frenética e pulsante
dança em que me arranjo
todos os dias.

Olívia, vem cá.
Vem fazer de mim nova moça.
Vem fazer parte do pseudônimo
criado
pra
tentar
dizer.

Olívia, vem.
Vem fazer parte de Iaiá.
Vem cantar os clarins de todas as manhãs.
E vem apagar as dores passadas que Otávio causou.

Olívia, digo que sou você
e você diz que sou eu
e seremos uma só
mimetizadas em palavras

e as palavras
ah, as palavras!
um dias essas lindas sorrateiras
palavras

tomaram conta de nós.

''Me fiz em mil pedaços pra você juntar e queria sempre achar explicação pra o que eu sentia''



para ouvir ao ler: http://www.youtube.com/watch?v=J_XUaH0Tmck

Nascida dos cacos de concupiscência que atrelavam-se a vontade de dizer tudo o que se sentia.
Até hoje -deparada com todos os cacos- me pergunto se fomos mesmo só dois corpos que queriam estar ali ou se havia algo místico que permitiu tudo aquilo. Pergunto-me até quando escreverei sobre você?
Até quando haverão palavras para perpassarem minha boca e dizer ao mundo resquícios da nossa história. história?

Até quando propulsará aqui dentro essa vontade maluca de retornar ao passado e sentir aquelas mãos novamente  sobre mim, e nossas palavras e planos e dias felizes cheios de agradáveis risadas, que o tempo resolveu calar. 
E as nossas idas e vindas. Oh céus, lembro-me de cada passo, cada dito, cada sorriso. 
É como um filme que retorna em minha mente sempre que bate a saudade e a preocupação diante das confusões em que você se enfia. Não engavete amor! Quantas vezes precisarei repetir isso a ti?

Nossa primeira conversa foi sobre torrões de açúcar. Lembro-me de morrer de rir com o fato de que eu estava conversando com um cara que usava uma lhama na foto de perfil. Não sei quantas mil mensagens. É, eu nem imaginava que ia dar naquilo tudo. Muito menos que ia dar nisso tudo, aqui dentro de mim.

Nossa primeira conversa.
Nossa primeira certeza.

Pois é. Num mundo tão incerto, não é fácil esquecer suas primeiras certezas de amor. Ou seja lá qual o nome ou palavra o universo queira dar pro sentimento vivido. 

Lembro-me da primeira vez que a sensação de perda tocou-me de perto. Estávamos sentados numa praça, depois de ter tomado muita chuva, abriu aquele solzin de fim de tarde, de pós-chuva, eu estava sentada na sua frente, tagarelando sem parar -como sempre (risos)- Você me olhou e disse:
-Vem cá. Está muito longe. 
Abraçou-me, puxou-me para perto do teu peito. Nos beijamos. Ainda sentia os resquícios de chuva nos fios do teu cabelo. Você se esquivou um pouquinho e minha memória não recorda se disse algo, somente lembro daqueles olhos castanhos fitando-me e da tua boca cantando "Quase sem querer'' do Legião. Comecei a cantar contigo. Lembro da minha mão direita sobre seu joelho e meus dedos acompanhando o ritmo da música.

- Tenho andado distraído,
impaciente e indeciso,
ainda estou confuso só que agora é diferente
tô tão tranquilo e tão contente.

(...)

-Me disseram que você, estava chorando! E foi então que eu percebi, como te quero tanto!

Meus olhos da forma mais discreta possível, enxeram-se de lágrimas. Você não reparou. Continuamos a cantar e nossas vozes cessavam quando nossos lábios pediam para se tocarem.
Foi exatamente nesse momento que bateu-me aquela tristeza momentânea, pois lembrei do ''o pra sempre, sempre acaba'' da Cássia Eller. Piegas tudo isso, não? Mas não tinha como fingir que em meio a tanta vontade de dizer não saísse a mais sincera pieguice do mundo.

Não sei como terminar esse texto. Não sei nem como ele começou. Assim como não sei qual foi nosso ponto final. Assim como não faço ideia de quando é que sentirei-me tão inteira novamente perto de alguém.

Tá faltando um pedaço de mim.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sobre o Congresso da UNE.

Boa tarde, galerë do Juntos! e todos os outros que estão lendo isso aqui. Curso Letras – USP e venho aqui relatar a minha experiência como caloura de São Paulo no meu primeiro CONUNE. Primeiramente gostaria de agradecer pela garra que cada um aqui teve, pela força de seguir sempre em frente, apesar dos pesares. 

Diria que fiquei emocionada com aquela bancada vermelha que vem crescendo cada dia mais, e mais emocionada ainda por ter encontrado o lugar certo pra atuar politicamente. Como já disse várias vezes (até mesmo na plenária do Juntos no congresso) o contato mais próximo que eu tive com movimento estudantil foi no Ensino Médio que cursei na ETEC Guaracy Silveira, e embora já tivesse uma grande noção da conjuntura politica brasileira nunca achei que fosse encontrar um coletivo no qual eu me identificasse tanto. 

Queria relembrar o que muitos companheiros já disseram aqui: Não importa a quantidade de crachás amarelos que a UJS levantou, números pra mim pouco importam quando vejo uma unificação de pessoas que vão contra essa entidade completamente atrelada ao governo, entidade que leva pessoas ao congresso de forma completamente despolitizada convidando-as para festas. Cadê a UNE nas ruas? É dessa entidade que falo, essa que não temos medo de dizer que: NÃO NOS REPRESENTA. 

Ver a bancada da oposição tão cheia só me deu forças pra continuar ativa diariamente na luta por todas as pautas que sabemos que devem ser concretizadas, como a luta contra o aumento da passagem, contra o machismo, homofobia; por uma universidade de fato pública que abarque gente de toda cor e todo gênero, enfim, entre muitas outras. E são nesses momentos, momentos em que vejo a maior bancada da Oposição de Esquerda desde 1999 que tenho certeza absoluta de que a maré já virou! E continua virando, a cada dia. Não é a toa que dizemos que OCUPAMOS a politica, porque é assim, ocupando lugares como o CONUNE, ocupando as praças, saindo as ruas que mudaremos os rumos desse país!

Tenho orgulho de ter feito parte disso. Obrigada. E sabe, termino isso aqui com uma frase que diz muito a respeito da gratidão que tive em ter contato e dialogar com gente do Brasil inteiro que tem princípios tão comuns aos meus:
“Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.” Che Guevara.

E tem também Bertolt Brecht que diz “O amor é a arte de criar algo com a ajuda da capacidade do outro.” E o que eu mais vi na oposição de esquerda desse congresso foi isso, foi amor das pontas dos pés até o último fio de cabelo, amor por uma causa, foi concisamente: A arte de criar algo juntos.

04/06/2013

-Uma carta à alguém que tá longe. Longe.-



E esses pés sairiam agora correndo pra te buscar, te buscar dessa confusão danada em que você se colocou, te buscar daquilo que fingimos deixar pra trás. Te buscar e ajudar-te a se encontrar um pouquinho. Calma moço, que os dilúvios passam e o sol sempre aparece pra dar um sorriso. E não se afobe não, que nada é pra já. Já dizia o seu Chico. Calma a alma, enebria o amor interno que tens dentro de você e deixa as dores tomarem conta do teu ser, mas conforme sentir a tristeza que propulsa ou qualquer outra coisa, porque eu já nem sei mais o que se passa... Conforme sentir os problemas quase que explodindo dentro de si, abaixe a cabeça e lembre-se das coisas boas que existem por aí. Esses pés vermelhos sobre flores amarelas sairiam mais rápido que o vento pra te buscar, e aí a rapidez subiria para minhas mãos e te abraçariam como da primeira vez. Você lembra? Metrô. Dia nublado. Chuva. Quarta feira. É, faz tempo. Houve o tempo em que nos jogamos de cabeça e dizíamos aguentar o tranco, e era bom. Houve o tempo da hesitação. Mas houve um tempo em que te amei. E , houve o tempo depois do tempo, aquele em que nos perdemos e nem diálogo havia mais. Sumiço. Saudade. Mas sei lá. Esse é só um texto mal feito pra dizer: Conta comigo.
E lembre-se: Apesar dos pesares, meu querido, tem sempre coisa boa pro(pulsando) nesse mundo maluco.

Fica em paz.

Um dia de desabafo.

Eu fico me perguntando porque ateus têm que reafirmar o tempo todo pro mundo que são ateus e religiosos têm que reafirmar o tempo todo pro mundo que são religiosos. E o problema não é reafirmar, até porque de certa forma, isso forma a sua ideologia e mais uma porção de coisas mas o problema é reafirmar de forma hostil e generalizada. Porra. Acho até engraçado quando eu digo que sou cristã e a galera vira e fala: ''nossa iaiá, mas você, toda engajada politicamente, feminista, etc etc etc... nossa, você frequenta igreja evangélica?!'' MASOQ, pera, vocês acham que de fato todos os evangélicos apoiam Feliciano, impõe trocentos dogmas e não são abertos a debater as coisas? Véi, parem de acreditar numa visão generalizada sobre religião/crença.