sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

aprendi hoje
que dá pra produzir
na alegria
que dá pra trajar
sapato novo
ou até mesmo,
pés descalços.
que nem sempre
andar no chão machuca o pé.
 
aprendi
que poeta
finge tristeza
pulsa alegria
inventa palavras

aprendi
que nem só de tristeza se faz palavra

e descobri
feito criança comendo doce novo
o sabor de fazer arte sem ser na dor.

''O sofrimento não tem nada haver com a gente'' disse o homem que trajava tristeza no paletó camursa, camisa branca suada gotejando cansaço e sapatos surrados das calçadas paulistanas.  O sofrimento não tem nada haver com a gente. É. Ele arranca o paletó, a camisa branca, os sapatos. Ele arranca o laço passado. E cada enrrosco. De fato, ele não tem nada haver com nós, meu amor. Não tem nada haver com a brancura das estrelas que perfuram o coração. E sim com as estrelas noturnas do interior, onde o céu se forra para nós. Tem haver com os girassóis dos campos altinos que enchem de amarelo a paisagem do quadro recem pintado, onde a tinta fresca solta-se da tela e encharca-nos de vida. Tem haver com sorrisos. E abraço. Sexo. Pulsando em cada fibra do corpo que vive. Tem haver com amor. Com clichês dos mais sinceros. Sem paletó que se esconde e finge-se otimista. Sem risadas forçadas. Sem personagens que dizem palavras vãs sobre sofrimento e sobre o amor. Pois dizem por aí, que só quem já amou de verdade, sabe o que é sofrer. Dizem muito por aí. Eu digo muito também, assumo. Assumo que encanto-me cada vez mais com tuas linhas, teu beijo e cada sensação púrpura que passa aqui dentro. Obrigada por não trajar paletó-camursa-tristeza, nem camisa-branca-cansada, muito menos sapatos-surrados. Obrigada por trajar alegria.
O sofrimento definitivamente, não tem nada haver com a gente. Sabe por que? Porque somos como colinas, esverdeadas e cheirando a terra nova. Onde brotam flores, correm passáros e pulsa amor.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Batiam dentro de mim, todas elas, sucumbidas pela vontade de dizer. Sempre tantas. Das variadas. Sobre dor. Sobre amor. Sobre luzes natalinas que piscavam na praça ao lado, sentada ali, pensei no quanto o natal era frutífero ao sistema, no quanto não gostava daquela redoma escarnecida por falácias de fim-de-ano. Gostava das luzes, mas não de pensar que em alguns cantos, elas não estavam pra iluminar. Ou pra trazer boa sensação por serem pequeninas e bonitas. Pensemos então sobre o lado bom das luzes, sobre os abraços sinceros e os presentes que vem de dentro. Sobre os beijos, sexo, dias de amor e clichês e palavras que pulsam por todo canto. Sobre as grandes luzes que nos contornam diariamente. Quem disse que clichês não são bonitos? Tá cheio deles aqui. Talvez porque eu não tenha medo das luzes honestas que piscam dentro de cada um. Já doeu demais, 
mas eu sempre gostei de amar.
de comer gente, comer vida, comer cor
encher os pulmões de palavra
e arriscar
arriscar da forma mais escancarada possível.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ares
arde
ainda arde um pouco
as lágrimas antigas
dos beijos passados

arde
mas
mais ares
ocupando corpo
voz cabelo vida
ares novos
respiro
respiro pela primeira vez
engulo o ar agarro o vento
encontro paz
sem pontos de exclamação
sem pontos finais repentinos
sem fluidez
sólido.
seguro.
amável.

plumas sobressaem
e perpassam cada parte do meu ser
e abraçam-me junto à luz do sol
de fim de tarde
de começo do dia
sol
solar
só lar

sim, me sinto em casa.
como se eu soubesse onde piso
sem muita onda
como casa de veraneio
nas férias pós-ano-agitado.

sábado, 14 de dezembro de 2013

So(corro)
de você
dos teus olhos
da tua boca
da saudade despedaçada
esfarrapada por sua pessoa.
do choro engasgado engolido e
Não me venha dizer de otimismo!
Você arrancou com toda força,
absolutamente cada parte do meu coração
e aniquilou qualquer pitada de amor.
Tô saindo, pra bem longe
do teu suposto otimismo e do sorriso
que finge que deseja viver.

Um dia,
não escreverei mais sobre ti.

Honestamente?

Eu quero ser feliz.
E eu tô indo.
Pra bem longe da tua
tristeza trajada de felicidade,
da tua não vontade te ter ficado.

pra onde a água é limpa
purifica o coração
afaga o cabelo
contorna o corpo.
-acalento. cuidado. segurança.-

explosão de paz que vem,
fica.
e tem compartilhado amor.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

isso também vai passar
pra longe da conjuntura criada entre nós.
vai passar por uma frincha que se abriu
e cedeu espaço pra novas vidas
honestas
sem medo
sem fim.

minto.
com fim.
mas fim distante.
e se for fim,
não será por medo.
nem por falta de coragem.

porque depois que você passou
e levou um bocado do meu amor
eu aprendi
que não quero mais amores
de passagem
que
agarram
abraçam

despem minhas roupas
arrancam minhas tristezas
conjuram meus poemas
me enchem de paixão

e
um segundo depois

desistem.
Vejo o ponto em que nos esbararemos pelos corredores e seremos desconhecidos. Não haverá noite nem beijos incontáveis que resguardem alguma vontade de sermos. Não haverá sorrisos intermináveis, nem tesão pulsante, nem corpo que no silêncio acalenta e cuida. Nem mensagens de bom dia. Nem saudades absurdas. Não há. Não haverá. Só houve. Ouve o que eu tô te dizendo:
Eu tentei. Tentei ficar. Tentei cuidar até onde coube. Mas não há mais espaço. Você se trancafiou nessa redoma de certezas e medos e tristezas concretas que não deixam o amor entrar.
E não.
Não haverá Regina que diga pra gente que vai durar.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

vou me embora pra pasárgada
onde não existe nós
nem cama a dois
nem dias acumulados de saudade.

vou me embora pra onde as conversas se expandem e não têm medo de entregar-se à prosa sincera da tentativa de compartilhar
um tiquinho
uma pitada
de resquício
do afeto.

vou me embora, pra bem longe de você
e do teu sorriso mal feito
das tuas angústias
do teu medo de amar.

vou me embora.
eu, minhas malas acumuladas do teu corpo
e minhas doces tentativas de estar
perto de ti.
não sabia mais o que escrever
nem por onde começar
nem o que
nem como

não.

não sabia de mais nada.
desde que você se foi
a única pergunta que se passava na mente de Olívia era: Por que?...
Por que a vida segue sempre o rumo do deixar?
Por que diabos o coração quase explode?
Por que lágrimas escorrem e o rasgo no peito e toda a montanha de palavras que gostariam de sair
e tudo isso, por quê?
nunca iria compreender
da onde vinha tanta dor
e palavras rarefeitas
jogadas
partidas.

e foi só um mês

quase nada
tão pouco
tão rápido
tão
tão certeiro.
tão vivido, ao menos por Olívia, foi.
Foi inteiro.
Foi saborosamente bom.

Olívia nunca deixaria de sentir e entregar-se a qualquer conexão bonita que pudesse ser feita. Olívia, pediu pra eu
dizer pro mundo

que ela
faria de tudo

por amor.
Escrevo pra botar a dor pra fora. Farei isso ao menos por trinta dias, dias correspondentes ao motivo da dor. Trinta dias foram necessários pra eu me sentir completamente feliz. Trinta dias mais um pra eu perceber que era completamente louca por você. Trinta dias contando com uma semana distante, um dia após a uma semana: Fim. Pergunto-me então quantas horas e dias e anos e escritos serão necessários para abortar essa dor que você cravou em mim? Quantas junções de segundos pra eu esquecer dos nossos beijos que duravam horas? Quantas palavras serão necessárias pra desafogar tamanha saudade que tenho de cada parte do teu corpo, do teu jeito, do teu sorriso, das nossas conversas e mais um milhão de coisas que me fizeram acreditar e me tirar um sorriso absurdo quando você disse: "Obrigada por hoje e pelos próximos anos." É. Acho que eu acredito demais nas palavras.

domingo, 1 de dezembro de 2013

loucura
loucura
le monde
la vie
conforme
lhe come
lhe corre
lhe vê
lhe agarra

ei vida
sacode
acode!
um grito
que paira

aqui.