quarta-feira, 5 de dezembro de 2012



Uma fraqueza cheia de tortura , cheia de lodo , de cuspe , de angústias perpassando o estômago. Uma fraqueza que dizem ser toda a fortificação interna. Veias rasgadas! Dramático mesmo, pra dar nojo. Até desmaiei um dia desses, tomei remédio na veia pra ver se vivia. As borboletas dos filmes românticos ao contrário. As dúvidas do porquê é assim. As dores que não se importam, as filhas da putagem. Insensibilidade. Isso. Aquilo. As flores que aparecem, acho que são , pra dar força. Devem ser... Pra mostrar que tá tudo bem. Apesar dos pesares.
PÃMPÃMPÃM CANTANDO
felicidades e tristezas e cantando e pulando ando ando ando!


Vermelho vivo. Vermelho vulgar. Vermelho viúvo. Vermelho volúpia. Vermelho vindo. Unhas vermelhas com uma boca vermelha e um corpo avermelhado de marcas que vão vermelhando um mistifório de cores.

Um carro dirigindo meu trajeto matinal, eu ele e o outro. Aí resolvemos acelerar, correr correr até não aguentar mais. E fomos no embalo do sol que estava raiando. Até que avistei uma casinha de pau-a-pique , ela tava bem na ponta de uma estrada imensa cujas árvores cobriam as laterais. Resolvemos parar. Descemos do carro e eu fui pisando no asfalto, pisando firme naquele chão que expelia calor e observando as árvores e aquele que me acompanhava, percebi que estamos sempre a fugir da solidão. Então, entramos na casa, parecia uma casa de joão de barro, só que maior. Gostava dali, lá era fresco e tinha cheiro de terra nova. Ninguém morava ali, então resolvemos nos apossar do ambiente por algum tempo... Não precisávamos nem de música, os sons que perpassavam a sala eram suficientes. Era só eu e ele. Numa confusão de sentidos paramos de acelerar. Simplesmente olhamos um para o outro e o silêncio nos dizia que: Tudo estava bem.

''Você tem medo de você.''


Você poderia cuspir tudo fora, toda sua aleivosia, todo o seu egoísmo, todas as falas não ditas, toda preocupação vã, toda insensibilidade, todas as vezes que não pensou no mundo e apenas em você. Você tem medo do quê? De no meio de tanta sinceridade se perder? Ou de encarar os fatos? Do que temos medo? Tenho medo do que poderia ter feito ao ver tanta ingratidão, tanta indiferença. Do sofrimento latente de alguém que é intensa. Tenho medo da fome. Da fome de comida. Da fome de amor. Da fome de ter fome. Tenho medo de perder as pessoas, de fragmentar os sentidos, de cortar os pulsos e sentir na pele que sai sangue. Mas não tenho mais medo da morte, porque ela já bateu na porta de casa tantas vezes, já levou tantos entes queridos. Agora se vivos estamos mortos? Se vivos perdemos as pessoas como se elas tivessem morrido... Se vivos... Vivêssemos.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Uma janela do lado, uma cortina verde e uma parede laranja. Luzes do raiar do dia. Uns lápis coloridos pelo chão marrom. Uma dor de garganta latente, daquelas que faz você ver como está vivo. Pés descalços. Arte. Conversa. Lá pras três da manhã percebi que tinha passado. Senti um gostinho de prazer, aquele momento ocioso de só rir e ouvir e dizer e pensar em nada. Aquele momento feliz e discretamente sincero. Tinha bastante cor.

Um surrealismo sincero.



Elefanteei hoje. Guardei um monte de palavras e sensações. Ingenua, eu. Achei que não ia chover e tava esperando chuva. Então fui crescendo, como um elefante. Um elefante cinza e velho no meio de uma floresta cinza e velha. E aí fui elefanteando mais e mais e mais. Até que quase explodi. Explodi de amor. Foi então que eu percebi que havia um elefante do meu lado, sentado no sofá. Ele era novinho, tinha uma tromba um tanto graciosa, eu diria. E ele veio com graça pra mim, até me tirou um sorriso em meio ao filme dramático que assistíamos. Ele era bonito. E era jovem e cheio de histórias. Ai a gente elefanteou juntos.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Numa tarde qualquer, numa casa nem tão qualquer assim.





Acabar?
Tô aqui pensando besteiras, reclamando pra lá e pra cá... E só então percebi o que é de fato o acabar, percebi esses dias, quando fui visitar uma amiga que está com câncer. 
Aí sim eu vi as coisas acabando, a pele fraca, a língua turgida e seca, nenhum movimento. Apenas os lábios que abriam e fechavam para proferir palavras. Que falavam comigo, bem devagarzinho. Lábios sinceros. Teve um momento que ela me disse: "Nem ler eu consigo mais. Não sinto minhas mãos. Não mexe nada.'' Então eu disse que guardaria um dia da semana pra ir lá ler para ela; seus lábios tentaram sorrir -um sorriso todo delicado de fragilidades- Perguntei-lhe: ''Que tipo de livro você gosta?'' Elas respondeu-me: ''Gosto de drama, aventura, romance... Suspense. É, suspense e terror eu não gosto muito não.'' ''Eu também não gosto muito de suspense.'' , disse à ela. Mas para ela era diferente, ela já viveu 40 anos de amores, de aventuras e dramas, já sentiu uns suspenses, terrores... Mas agora, sente cada pitadinha de suspense e terror em cada pitadinha de momento vivido, em cada suspiro. Percebe o suspense que é o fim. Todo fim é um começo. Todo começo é um fim. Tava aqui, em uma tarde qualquer, andarilhando com meus pensamentos fúlgidos... Pensando nos meus fins. Meus finscomeços começosfins. E lembrei do olhar dela, olhar cálido que junto aos seus poucos fios de cabelo me mostravam a força interna que ela possui, a coragem. Coragem de dizer pro mundo: Tá acabando.




sábado, 17 de novembro de 2012

Afogar. Engolir. Cuspir tudo fora depois, os dejetos de doçuras vãs. Os caminhos percorridos. Os enfeites usados. Os vícios de um sentimento louco, que percorre minha veia. Um cais sem fim. Um vão sem chão. Um emaranhado de dores posteriores clamores de uma noite qualquer,

quinta-feira, 15 de novembro de 2012



Acostumada a viver assim, com flores nos dedos, cores na veia. Tantas, desde o vermelho favorito, até o amarelo que me acolhe. Pulsando, falando, correndo com esse coração acelerado que tenho. Sinto muito, sinto perder, sinto perceber que perco, perdemos tudo. O tempo todo. Morreremos , inevitavelmente. Por ora, me sinto morta, mas ai, vejo que tenho tanta coisa aqui dentro, tanta admiração pelo mundo, pelas essências que perpassam minha vida e sobrepõem as decepções diárias. Sinto muito, por não escrever bem aqui. Acho que só quero dizer. Dizer que amo, amo uma vida assim, viva, ainda que, determinada ao fim. Amo ver e recorrer. Amo sentir lábios, sentir gostos, me arranhar num galho e fazer curativos com bandaids da minha infância. Tomar banho de chuva, rir até a barriga doer, deixar o vento bater nos meus cabelos, ter marcas, sentir frio, sentir calor, ir , vir, ver, ouvir. Verbalizarei por aí, pra ver se vai passar. Passar uma dor, que anda pairando por aqui. É. Sempre assim. Verbalizo, o verbo se enche de adjetivos e tons , até que um dia, vem o ponto final, e rompe... Depois de um tempo dou espaço a vírgulas novamente, que mesclam com novas palavras, novos sentidos e pesares ; amares. É. Três pontos, venham.



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Inconscientemente amei, inconscientemente amei mais. E conscientemente sofri e deixei que a consciência mesclasse com a inconsciência numa inconstância de dizeres e pensares. E senti. É, eu senti. Inconstância: Constantemente ama e sofre.


sábado, 25 de agosto de 2012



Peninhas vão-se embora e voam pra negritude de um céu anoitecido.  Uma por uma, como se eu as soprasse a cada segundo, e meu coração estava despenado, adormecido. Eram penas de pássaros mortos por mim mesma, que cortei-os um a um, pra formar balões, só assim, por bel prazer. E as penas desses foram parar em minhas mãos, e quando saiam iam formando novamente pássaros. Pássaros verdes que tingiram meu vestido, meu cabelo. E iam tingindo minhas mãos, cobrindo o sangue vermelho de verde, até que resolveram ir embora, e me levaram junto. Fomos todos nós, eu, o balão de pássaros e o sangue sonegado por menina.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012




E das botas batidas passadas firmadas no solo, veio o lodo. E do lodo expeliu as flores. E das flores brotaram cores, cores permeadas de passos surrados. E dos passos surgiu um brio pelos pés que ali andavam e semeavam uma nova partida, sem esse limo de penúria, que veio de você.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012



Tesouras cortam, ficam fechadas ou abertas, podem quebrar também. Tem aquelas, sem pontas da terceira série do fundamental, mas elas vão embora com o tempo, e cedem espaço às intrusas tesouras com ponta. Tesouras causam sangue, se quisermos, e se não quisermos também. Tesoura? Qual o motivo de escrever sobre uma reles tesoura? Pergunto-me o que fazer com as tesouras, que aparecem, assim na minha vida, sorrateiramente, e cortam-me os pulsos, por ora, fazem-me sangrar, mas quando surgem, me trazem um desejo de usa-las pra recortar papéis, pra recortar caixas de presentes e cartões, pra fazer e desfazer recortes. Um frenesi louco, por aqui. E só. Digo; é só, assim, isso.

Letras saindo.



(http://letras.terra.com.br/los-hermanos/71328/)

Será que os outros, aqueles que escrevem, também gostam de juntar as letras pra ver no que vai dar? Será que é só dizer ou é falar? A melhor maneira de expressar. Não sei direito como explicar, mas é aquela vontade sorrateira que sempre paira por aqui, vontade de somar as letras e pontuações e deixar sair, assim, soltando mesmo, fluindo. Sem usar dicionário ou definições concretas; sem me preocupar em dizer de fato algo que lhe faça diferença. Não tem que fazer. Tem que ser, ser sincero. Queria poder dizer a raiva que tô sentindo, uma raiva do que não houve, vontade de comer nuvens brancas e tomar banho de chuva, pra ver se passa. Ver se passa a vontade de chorar.


Tenho a impressão de que as cores andam imprimindo em mim com tanta vivacidade que não consigo mais tira-las de perto. Andam imprimindo, exprimindo. Essas cores assim, num vai e vem, cambaleando e tropeçando nas ideias insanas de uma menina que não sabe direito o que diz. Tenho dito da maneira mais torta, porém, mais sincera que consigo. Folhas têm reluzido por aqui e colorido minhas manhãs tão bem. As noites, então, que o digam. Serenamente vão tornando-se gravuras do dia-a-dia, daquelas que fazemos com goiva ou até mesmo com o instrumento perdido da gaveta. Aquelas que marcam.

polícia , pra quê?

http://letras.mus.br/titas/


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Estava eu, ouvindo minha música quando ela é interrompida por passos rasos e de fome. Era um morador de rua no metrô, com um marmitex na mão. Ouço o fiscal da estação dizer: Passa logo pro outro lado, menino. Ele atravessa as catracas com um sorriso de quem está fazendo arte, curioso, diríamos. Mas eu gostei dele. Continuei observando a cena, quando do nada como se houvesse saído de um conto do Poe um PM surge, oh, aqui há um erro, um PM nunca sairia de um conto do Poe, embora foi uma tentativa falha de introduzi-lo ao terror. Ele então, com sua pseudo-postura de ''estou defendendo a civilização'' com seus mais dois companheiros, olha para o garoto e não o dá nem tempo de respirar, começa a encara-lo com seus olhos profanos e grita:
 ''Por que não vai pra casa?'' O garoto se esquiva e diz: ''Não sei voltar pra casa não, tiu''. O PM continua gritando: ''Vai vaza, vaza muleque'' E o menino vai sendo enxotado escada à fora com um PM exacerbando: ''Quer apanhar? Quer apanhar?! Quer tomar no cu, em em?''. Meus olhos inconformavam-se com a cena, tinha raiva e ao mesmo tempo pena, não do menino que possuía menos de 12 anos e sim do policial que no fundo possuía só uma tentativa torpe de dizer ''eu mando nessa porra''. Esse não é um texto jornalistico, e bem longe de ser bonito ou bem escrito. É repugnância, repugnância pura e latente, daquelas que você exorta e joga assim, num texto seco e mal feito.


terça-feira, 31 de julho de 2012

Uma boca palavreando.


Engoli um livro ontem, cheio de palavras bonitas, elas entraram no meu corpo e me enrolaram de mansinho. Cheio de nuances, essas palavras sorrateiras! E ai elas colaram na minha boca e foram saindo pro mundo, tinha uma que eu simpatizei bastante, e ela mudava conforme as páginas, como se em cada página possuísse uma cor diferente, queria se mostrar entre as outras, mas ao mesmo tempo era tímida, tinha medo de dizer o que sentia, expressava e desesperava. Era curta , somente três letras, e passava por entre as folhas, metralhava sensações no meio das tristezas narradas no livro, tristezas do pobre, do que passava frio, do que vivia no mundo suburbano e esperava uma luzinha de calor, que esperava um carinho de mãe, essa palavra faminta perpassava o livro e chegou a mim, conforme fui mastigando-a, abracei e proferia ela com intensidade, pois eu tinha fome, fome de Amor.

vem aqui

Hoje me falaram que meu dois amores são o livro e a música, logo após eu ganhar uma clave de sol de metal para marcar livros. Em um ontem aí, um hippie que talvez estivesse um tantinho ébrio, que após termos um diálogo um tanto engraçado me deu um porta fotos artesanal de estrela.
Hoje eu vi a lua, ela tá tão bonita. Quero arranca-la do céu por um segundo, senti-la e depois devolve-la, assim do jeitinho que gostaria de fazer com você, gostaria também de que existissem mais palavras e pontuações...
Não consigo achar a certa. Procuro. Não acho. Cansaço.
Hoje não sei muito bem como dizer o que quero dizer. Em um ontem aí, talvez soubesse. 

É você. Tudo sua culpa. Menino dos olhos distantes que exala superficialidade mas tem um sorriso que gosto, que irrita quando é usado propositalmente para chamar atenção, mas que quando é natural -e olha que são poucas as vezes- me encanta. Não. Isso não é paixão. É qualquer coisa que não sei definir. Aliás, quem é você? Em? Me diga. Olhe pra mim e converse de fato comigo. Pare de ter medo do mundo. Você não é o único nele; querido distante, de hoje de ontem de amanhã


De quero ajudar.


Vamos, por perto. 
Com o por favor que você não usaria. 


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Sem título.

http://letras.mus.br/skank/36668/


Eu não sei como dizer e nem o que dizer. Tava fitando a lua hoje, e lembrando, do seu olhar pairando no meu, discretamente. Tão discretamente a ponto de você não conseguir encarar-me de fato. Uma imensidão de sentidos devem existir ai dentro, e você sempre mostrando apenas aquele sorriso , mostrando-se amigo de todos. Eu queria ser sua amiga. Queria ser sua. Mas não te conheço, me perco pensando no que realmente você trás ai dentro. Quem é você, afinal? Diga-me de uma vez por todas, diga-me o que pensa de mim, do mundo, de você. És tão peculiar, tão assim, tão você. Não sei definir se foi erro ou não, se foi erro, foram dois, duas vezes seguidas. Eu sempre insisti em você, há alguma coisa ai dentro que me atrai e me impulsiona a te observar, a desvendar cada vez mais o que você faria quando está perto de mim. Queria poder dizer que você é um bom amigo. Mas normalmente, são amigos aqueles que conhecemos, e a gente só conhece o que cativamos e o que nos cativou, e isso, infelizmente, não aconteceu com nós. Talvez assim, nos conformes, no tocar inusitado, no abraço singelo, na vontade de conhecer, talvez assim , cativar-se-á.

vermelhando


As unhas desbotavam , aquele esmalte vermelho-mate desgastando-se com o tempo, e a preguiça que me perseguia não permitia que eu tirasse-o dali. E ia caminhando, passando esmalte por cima de esmalte, e as intempéries do tempo vazavam e corroíam minhas unhas. O vermelho nunca se permitia sumir, e tava sempre me perseguindo, ora no vestido, ora nas unhas, ora na boca. Aquele vermelho vivo, vendo, vivendo voando.   E eu o amava, amava de uma forma tão vermelha, e não tem cor mais clara pra evidenciar o amor que eu sentia. Era amor vermelho. Amor menina. Amorcor. 

domingo, 1 de julho de 2012

manhã falante

http://letras.mus.br/tie/1978257/#selecoes/1978257/

Quero engolir um dicionário, e jogar as palavras vindas dele aqui. Exatamente aqui. Quero me perder nas pessoas, quero sentir o gosto amargo da dor , quero amar o gosto doce do amor. Quero viver! Tenho vivido, quase explodindo de tantas coisas aqui dentro, quase explodindo ao tentar dizer algo. Eu falo muito, sim falo. Mas eu tento falar pra conseguir assim, expressar o que sinto.... E já não é mais sentir, é além disso! Oh, palavras estupidas, não conseguem dizer o quero... Mas tudo bem, agradeço por estarem tentando, estarem tentando soltar-se das amarras que eu mesma criei, tentando criar nas entrelinhas um texto com algum viés de sanidade. Uma frase e ponto, é assim que tem sido os meus escritos, tão fragmentados, tão precipitados, mas tão sinceros, e é tão bom poder ir escrevendo sem parar, sem sentir, é bom não pensar. Estou me segurando pra não abrir o dicionário e procurar uma boa palavra, daquelas irreverentes que a gente usa em textos acadêmicos. Mas pra quê? Pra quê? Se eu só quero dizer assim, do meu jeitinho torto, com sabor de frutas mordidas. Umas palavras assim, encurralando-se no meu pensamento e tentando só expressar algo de uma manhã de sol, que gosta de falar.

sábado, 30 de junho de 2012



Depois de tanto choro, de tanta raiva e angustia aclamada , postulada em uma manhã de sábado e uma noite de sexta. Depois de tanta coisa, de tanto tanto. Depois a brisa leve bateu na porta, e ao abrir, as cores calmas começaram a dizer olá,começaram a balançar dentro de mim, e vieram tão discretamente, que não deu nem pra pensar em não abrir a porta. O tempo tem sido meio insolidário, mas , dá pra ir vivendo e sorrindo, e amando... Amando.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Eu estou viva. Vi-va . Dentes encostando nos lábios e pronunciando a palavra. Fonética, lembra-me as vezes em que eu falei sem parar contigo, falar sem parar matracando sem pensar. Feche os olhos e ouça uma boa música, ou simplesmente, consiga pronunciar: Viva. Consegue dizer as palavras e senti-las ao mesmo tempo? Evidenciar suas cores e nuances. Sim, palavras falam e cantam. Vivem assim, como nós.

Pulmões dizendo



Foi quando entrei no ônibus, que percebi os olhares perpassando-me o corpo, e eram tantas pessoas, mãos, corpos, todos juntos em um só local, todos perdidos encontrando uma fuga em plena quarta-feira. Respiração plena. Inspiro e expiro. Sinto o ar entrando em meus pulmões, pulmões cansados, exaustos, pedem por água, por flores, por cores. E foi quando minha respiração aliou-se com todos os outros sentidos de meu corpo, e foi atribuindo para si mesma uma noção do porque estava funcionando. Uns com respirações ofegantes, outros com uma respiração fragmentada pelo cansaço e eu ali respirando, olhando e sentindo o calor pungente de pessoas, que como eu, possuem sonhos, desejos. Mas nesse momento, eu só queria ouvir minha música, e respirar, sentir na pele o que é o ar entrando, ar sujo da cidade, ar pobre, ar preocupante, agitado e regido pelos relógios , ar faminto, faminto de amor que permeia tantos andarilhos como eu.

Palavras a tintilar


O que seria atingir as estrelas? Escrever sem parar, a ponto de abranger um universo inteiro. Sim, esse universo maior do que as palavras aqui colocadas. Talvez, aqui dentro existam mais palavras do que estrelas. Mas elas vão se mesclando, e se perdendo em um universo de sentidos e vontades. As palavras vêm brilhando em cada um, palavras de amor, de raiva, de dor. São como várias estrelas, a tintilar na nossa boca, querendo sair, e dizer. Dizer, expressar. Comunicar-se com os outros a ponto de ser tangível. Ou não. Ou simplesmente, expressam-se por si só, sem fazer sentindo completo, sem concretude, sem formalidade, simplesmente gostam de sair e brilhar por ai. É sempre bom, observar o brilho das palavras. 

domingo, 10 de junho de 2012

Bom dia amarelo.

http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/43883/ 




Amarelo caminha na minha janela, reflete no vitral colorido e volta, fazendo uma dança de luz. Amarelo acata amor e abrange amar. Amando ver o amarelo pairando no beiral da janela. Abro-a e deixo-o entrar, e ele foi tão abusado que trouxe consigo o verde, sim! Aquele verde pacato que fica me espreitando toda vez que chego em casa. E o verde trouxe o azul, que vive dizendo pra mim parar de olhar pra ele. Eles estão invadindo meu quarto, um por um, é até bonito, não chega a ser magnífico, mas é de uma beleza tão pura que chega a ser sincero. Entraram os três. E a janela ainda aberta e eu fitando-os e vendo-os dançarem nas paredes do meu quarto, foi quando o vermelho apareceu, assim, sorrateiramente me puxando pra perto dele. Ah, vermelho, adoro-te! E quando ele chegou, as luzes se juntaram, fizeram uma festa de cores e tonalidades, até cantaram um pouquinho. Abracei aquelas cores e pedi pro vermelho vir toda manhã me visitar. 
Ah, e bom dia, amarelo; constante invariável de todas as manhãs.


sábado, 9 de junho de 2012

perdendo as palavras


Estava frio, as pontas de meus dedos congelavam, os fios de meu cabelo estavam sem oleosidade, e brilhavam. A sonoridade dos seus batimentos entravam em meus ouvidos profundamente, era compassado; mas tudo aquilo tinha uma ternura sem igual. Sua pele branca, e os olhos negros fechados, delineava seu rosto com meus olhos e com a mão sentia sua pele. Um frio imensurável. Foi quando a campainha tocou, já era dia, lá pras nove da manhã, o sol se abria levemente e entrava pelas frinchas da janela. Tim-dom. E eu continuei ali, entrelaçando meus pés aos seus, sentindo a sua respiração. Não queria sair dali nunca, era a sensação de que ia durar pra sempre. A sensação de que não sente-se nada além de estar. Deixei a campainha tocando, calcei meus chinelos de inverno, e fui até a cozinha, fiz chá de camomila com pitadas de gengibre. Sentei no sofá e tomei-o, estava quente, uma boa pedida pro inverno. Foi quando você levantou, encostou-se na parede e ficou ali parado, aquele olhar misterioso que sugava-me a racionalidade; mãos cálidas e abruptas. Cabelo. Nuca. Boca. Me perdia no sabor bom, um dos melhores. Perdi os sentidos. Perdi a saudade. Perder. Sofrer. Viver. Er. Eu tô perdendo, perdendo a linha de raciocínio ao mesmo tempo que perco a vontade de esperar, em meio a uma confusão de palavras perco o ponto de concretude e não quero perder mais amor, não quero perder o que não tenho. Quero perder a vontade de ter o que pensei que tinha.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

reticências



Palavras estão ai em um burburinho, me chamando, e eu acabei de perde-las, estava aqui escrevendo, quando elas foram apagadas e minha revolta foi grande, mas isso é outra história. Eu falava de palavras, sim, aquelas que andam me perseguindo, e querendo sair de alguma forma, porque a fala está rasa, voz -quase inexistente- dor, dor latente na minha garganta, então, não dá pra falar. Mas escrever, dá. E é isso, são as palavras procurando-me e eu não sabendo o que elas querem, digam-me, digam-me o que dizer! O leitor vai parar de ler, enquanto vocês não saírem. Sinto que vocês só vem à tona pra dizer sobre sentir. Não quero dizer sinto. Não quero dizer. Quero palavras, palavras vivas, latentes, com cheiro de pão fresco saindo do forno. Eu quero adjetivos, substantivos, verbos; ponto finais de vez em quando. Mas reticências, são bem vindas, sempre, sempre... Sempre...



sábado, 2 de junho de 2012

Não é pra Entender.



(http://letras.terra.com.br/los-hermanos/67390/)

Boca imaculada? O que é boca? O que é vermelho? Colar significativo pra mim. Música, andança, vento vento, palavras soltas(?) O que aconteceria se eu batesse nessas teclas como se elas fossem as teclas de um piano tocando Los Hermanos? Assim, do jeitinho que eu tô sentindo a música agora; se as notas musicais virassem palavras conforme eu fosse batendo em cada tecla, a mais b mais nota, mais música, sonoridade, lentidão, mais e mais! As palavras vão flutuando, sabe, vão saindo, e a gente nem percebe como. Sinta as palavras como a música... Essa mesmo. Essa música. Boca. Lábios. Língua. Você subverteu.


domingo, 20 de maio de 2012

Cabides.

Procuro os cabides do guarda roupa, pra pendurar sentimentos, alusões de pensamento, sensações diárias. Cadê? Cabides sempre somem, e por aqui, eles quebram , quando eu coloco muita roupa. Mas eu gosto, gosto de por uma quantidade imensa de roupas, e costumo dividir por vestidos, calças e casacos. Roupas coloridas permeiam meu guarda-roupa, aquele , que quando criança eu abria e entrava achando que ia pra Nárnia. Hoje, são apenas roupas e cabides. Mas tem alguma coisa, querendo explodir dali, por isso tenho deixado-o aberto, aberto pro mundo, pra cabides quebrarem e sumirem. Cadê a palavra certa? Cadê a segurança? Eu não preciso mais de definições. Eu só quero cores, noites sem sono, dias raiando e amor - com cabides, também são bem-vindos. 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sem título, sensações.


Barulho das teclas, minhas mãos frias tocam o teclado e pensam em o que dizer. Mãos dizem? Talvez elas queiram dizer mais que minha mente. Fito as letras, e pergunto-me: Quero A ou Z? Quero todas. Quero sobrepô-las e confundi-las, até eu cansar. Queria poder dizer-te tudo, dizer: Eu te odeio. Eu te amo. Eu te quero. Queria poder gritar pro mundo que eu só queria você de volta. Mas... Amor é A e não Z. A de acaba, de ao menos que você queira... De: Aceite.
Palavras não vão dizer nada hoje, elas vão sair como eu bem entender, vão soltando-se dos meus dedos e amenizando minha dor. Vão ser dramáticas e sinceras. Dançando nas entrelinhas do meu ser, elas me falam cada coisa, elas mentem pra mim mesma, só pra que eu me conforte com as coisas, elas prometem e não cumprem, palavras malditas! Era preferível silêncio do que palavras ditas banalmente, mas eu já nem sei, nem sei se foram ditas ou caladas, naquele momento eu delirava nas sensações de tê-lo por perto, lembro-me do sabor dos lábios, do quero-te pra sempre aqui, do tocar da pele. Da intensa noção do que é sentir desejo. Do arrepio. Do eu, do você. Do nós? 

Do foi. 

segunda-feira, 30 de abril de 2012

17



O que são dezessete? Dezessete anos, dezessete vidas, dezessete pensamentos soltos dentro de dezessete palavras com dezessete possibilidades de entendimento. Dezessete mais noventa-e-nove, eu gosto. Gosto de cem, também. Eu amo a vida mais que dezessete anos, amo os anos passados, futuros e até mesmo aqueles que não vão existir. Eu vou morrer. Você também. Mas e se eu puder morrer dezessete vezes? Será que foram dezessete vividos, de fato? Acho que sim. Foram ao meu modo, mas foram. Tantas risadas que sobressaíram de minha face nesses anos, e lembro-me de tantas vezes que eu me perdi nas mais de dezessete confusões internas, confusões que foram expelidas com palavras, palavras de menina. Não é o aniversário em si, não é o comemorar. É o estar junto, é o amar. Eu tenho medo, medo da morte, eu sou uma criança, ingenuamente tentando expressar pra você o que são meus dezessete.  Eu tenho uma caixinha de coisas especiais, dada por uma pessoa especial, eu guardo lá mais de dezessete lembranças, guardo beijos, abraços e mordidas. Borrões de lembranças estão ali; quando eu a ganhei pensei 'Não terei o que guardar', mas hoje já não cabem mais as lembranças, as fotos, os ingressos, o papel borrado de batom, o feijãozinho da terceira série, isso, aquilo, coisas que eu gosto de ter por perto. Preciso de uma nova caixa. É bom, sabe, abrir essa caixa de vez em quando e ver que eu tenho memória, e nesse momento, eu percebo que são mais de dezessete essências guardadas dentro de mim. Eu falo, falo, e tento dizer algo que nem eu sei o que é. Você tá entendendo? Tá entendendo que você também tem dezessete, dezessete menos dez, mais cinco ou simplesmente dezessete puro, intactos, só seus. Eu tenho sonhos, elocubro ideias e gosto de rock. Escrevo cartas e uso flores. Eu gosto de tomar café quente em dias de chuva, e gosto também de lembrar do sabor dos beijos, eu ando e desando... Ah, eu vivo! Eu canto em voz alta, eu invento a letra e emendo roupas, eu choro fácil, mas eu rio fácil, também. Eu gosto de amar. Me permite? Você me permite dezessete anos amados? 

Me deixa amar-te, meus dezessete. 

sábado, 21 de abril de 2012

Cidade-dorme.

Estavam demorando pra chegar, em palavras?
Uma semana: corpo cansado, mente agitada. Anda. Senta. Levanta. Faz. Fala e fala.
Mas hoje cessou, a angustia sumiu, o corpo cantou.
Como continuar? Se eu não sei ao menos o que escrever. É porque hoje, minha gente, quem quer falar é minha alma, alma essa que permaneceu uma semana trancada, sem poder respirar, que sorriu por segundos, mas estava suplicando espaço ao mundo; ela dizia baixinho para mim: Quero gritar! Gritar pra mãe, pra pai, pra Deus! Pro mundo...
O que eu quero gritar? Fale alma! Fale pra mim.
Tô me perdendo, nos enleios do meu pensamento, tentando escolher a palavra certa, mas pra quê? Hoje é só uma alma pequena, alma criança, querendo dizer com olhos ingênuos que acredita em si mesma.
(...) Pensamentos para final:
...Que acredita no mundo.
...Que acredita em você, 

ou simplesmente,

que acredita no amor.

sábado, 17 de março de 2012

Decida o título, e sinta o corpo.

Leia ouvindo: http://letras.terra.com.br/billy-joel/20077/traducao.html

Vem, vamos viver, nas alusões de pensamentos, no itinerário de um caminho, nos andaimes da construção.
Vai, corre e diga a verdade. Sinta a raiva e sinta o sol queimando sua pele. Sinta a dor pulsando em suas veias. O sangue escorrendo. As flores brotando. Sente o pé, a mão. Sente o beijo ávido de um amigo. O mistifório excitante que pulsa em seu coração. A risada alta e a potência de poder gritar: Eu amo. Eu odeio. Eu vivo.
Sente o vento na face, a água na boca que dá quando pensamos em uma comida gostosa, o sorriso tímido de quando a gente lembra do cálido toque do amante. Cara, sente a vida, por favor. Eu tô me perdendo, no meu próprio caminho, tô trançando, correndo, brincando feito uma criança, foi quando minha irmã falou: 'Quer brincar de barbie?' E eu disse: 'Não gosto de barbies' E ela falou: 'Tudo bem, vou chamar a Fernanda'. E ai é que paramos pra pensar, cadê a essência? Cadê a vontade? 
Eu só quero clarear o pulmão, sim pulmões sentem, minha gente. Quero clarear eles de ar, aspirar e expirar constantemente e perceber que a vida é uma só. É só isso que quero dizer? Ou melhor, eu quero dizer? Você quer ouvir? Não diga. Não pense. Só faça o sentido da palavra. Só solte-se do que acorrenta seu ser, solte-se das amarras da sociedade. Você pode mandar alguém se foder, pode pedir pra ser amado, pode chorar. Você pode ser você. Então seja, seja comigo, seja com outro. Quero dizer, sejamos. Sejamos nós. Sejamos Deus, cor, dor. Sejamos entendimento e desentendimento. Sejamos vida.

Ah, céus! O que estou dizendo? Tá perguntando isso também?

Não sei o que tenho em mente, nem o que dizer. A gramática pode estar incorreta, a vida em um ensaio cantado, a dor no caminho errado. Mas eu estou aqui, e você tá ai. E estamos. E basta.

Luz imarcescível.

A vida proporciona o viver ou o viver proporciona a vida? Eu vivo. Disso eu sei. Mas até que ponto estamos realmente vivos? Digo, na integra. O verbo viver é tão abrangente, o substantivo vida que o diga. 
Os dois estão ai, ora juntos, ora separados... Porque às vezes esquecemos de uni-los, esquecemos que a vida é o viver e o viver é a vida.
Muito confuso isso tudo, mas viver, no sentido lato do verbo, está tão presente em mim que torna-se impossível não escrever sobre isso.
Hoje agradeço ao céu, ao sol, vento, fogo e terra por me ceder vida.
Ouço vozes, leio palavras, sinto mentes, e percebo, meus amores, que vocês trouxeram-me vida de volta. Trazem-me vida todos os dias, a cada gesto, cada olhar. Abraços inesquecíveis de tão sinceros que foram, risadas sem nenhuma métrica dizendo a elas que não devem ser altas e abertas, clarões de vida. Tudo tão verdadeiro, que por ora até me pergunto se é de fato real.
Eu sou assim, tenho medo da morte, choro com lembranças, porém, vivo com o máximo de intensidade tudo, e é isso que desejo que possamos daqui pra frente, independente do tempo, da distância, dos motivos externos que nos rodeiam, dessa rotina que adora permanecer nos acorrentando, desejo que sejamos residentes de um tempo sem forma, de um tempo sem controle. Que seja insano, sem parcimônia. Que seja real. Vocês são luzes, são flores, são pedacinhos de vida me ensinando a viver.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Manifesto do sentir.

Leia ouvindo: http://letras.terra.com.br/vander-lee/49221/

-esboço feito no ônibus-

É incrível como alguns seres humanos tem a capacidade de se apegar facilmente aos outros, de se doar e achar que receberá o mesmo em troca. Acreditamos em promessas, pronunciamos belas palavras e esperamos as mesmas com reciprocidade. Confiamos no sorriso, tragamos olhares. Sinceridade permeia nosso ser. Sofremos demasiadamente, choramos sem receio, falamos sem tabus. Amamos com a mente, com o corpo, sentimos o amar. Beijamos avidamente, tocamos com latência e verdade. Abraçamos com a vontade do ato, gostamos de sentir o corpo do outro nos protegendo.  Amplexos são bons, sempre.

Loucura, insanidade, busca por conhecimento. Ajudar. Permitir. Ceder.  É assim, que encaramos a vida.

E nesse momento eu só lhe peço, novo amigo, irmão, e se me permite, amante, seja como nós. Seja feliz.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Máscara de um olhar .

Leia ouvindo: http://letras.terra.com.br/vivaldi/1601437/ Caso contrário, não leia. hm



Encobria sua face, e delineava parte do seu rosto de uma maneira tão bela, que é difícil descrever. A renda preta era discretamente perfeita para seu rosto, parecia que fazia parte de sua pele. Seu olhar dissimulado enebria tão fortemente, eram negros -os olhos- de um negro intenso e fugaz, o mundo afogava-se nela. Seu vestido reluzia no salão principal, e os olhares eram todos voltados para ela. Não se sabia o nome, não se sabia nada sobre aquela mulher. Seus seios eram tenuemente delicados, e por tanta delicadeza, chamavam a atenção. O vestido contornava sua cintura tão precisamente, que parecia ter sido costurado exatamente para ela. Sua boca era frágil e pálida, virgem talvez, virgem de amor. Mas o que realmente levavam os outros convidados à outra orbita eram seus olhos, negros como a asa da graúna,  profundos, arrastavam qualquer um para dentro dela, tragava os sentidos de qualquer pessoa. E eu em meio a tantos corpos, música, cores, pensava em como dizer para ela que sua alma refletia naquele momento. Não conseguia tirar os olhos dela, seguia cada passo seu pelo salão, foi quando começou a tocar Vivaldi, com os braços meio cansados, ajeitei a gravata e fui ao seu encontro, suavemente toquei-lhe o ombro , e nesse momento ela virou, senti o o calor de sua face encontrando a minha, e então ela parou e simplesmente fitou-me. Eu não sabia o que dizer, meus pensamentos perdiam-se em meio a tantas alusões que essa mulher me trazia. Então, eu não disse nada. Só peguei sua mão, e a convidei com os olhos, a dançar. Ela não hesitou. Passou seus braços finos e alvos sobre meu pescoço e começamos a dançar. Nossos passos iam conforme o nuance da música, por ora rápidos e em pequenos intervalos de tempo devagar. Sentia seu perfume de flores, que me confundiam a mente. Ela possuía algo enfeitiçador. Foi quando a música parou. Ficamos abraçados, e tudo girava ao meu redor, estava ficando tonto, tonto de amor. As imagens foram sumindo, ouvia sussurros e sentia seu hálito fresco cada vez mais forte próximo da minha boca. Foi quando tudo apagou. A música cessou, as cores sumiram, eu só sentia uma coisa: Sua pele na minha, roçando-me o rosto e dizendo algo que eu tentava entender, mas não conseguia. Meus batimentos desvaneceram, o relógio foi voltando a bater e a cortar meus pulsos, que sangrando pediam socorro. Pausa. Eu nunca mais a vi.   


sábado, 3 de março de 2012

Sentir le parler



Nous pouvons parler d'âme
Raconter l'histoire dan les entre lignes
Utiliser le français autrement
Ne pas parler seulement, mais oui sentir, sentir la parole
Le naturel de l'oralitè
Aller pour Paris? Un songe, peut-être.
Mais pour le moment, ça suffit parler.
Dire, est nécessaire
Je m'exprime sans crainte
C'est bon parler, sentir, vivre

Alor, vivez, mais aussi ecoutez.

Inaiara Gonaçalves.

-

Tradução meia tigela rs:

Sentir o falar

Podemos falar da alma,
Contar a história nas entrelinhas
Usa o francês diferentemente
Não só falar, mas sim sentir, sentir a fala
O natural da oralidade
Ir para Paris? Um sonho, talvez.
Mas por ora, já basta falar. Dizer, é necessário.
Eu me expresso sem receios.
É bom falar, sentir, viver
Então, viva, mas também ouça.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Amor temporal

Ouvir a música http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/22489/ ao ler o texto. De preferência não muito alta. hm

"Somos tão jovens (...)"

De longe a vi, sentada entre uma comunhão de cadeiras vazias, a cúpula com a imagem de Jesus logo em a frente, santos de todos os lados suplicava-lhe atenção com o olhar lacrimejante. A menina tinha os cabelos pretos como a asa da graúna e a pele branca, olhos negros e distantes pediam para alguém que seu coração fosse abraçado. "Acalente-me", ela pensava. Os anjos observavam-na e sorriam, tocavam em seus cabelos e ela se arrepiava. Foi quando ela pensou: "Quem é Deus? Por favor, se apresente." Estava distante de toda aquela redoma sacramental, ela tinha a sua fé, sem depender de alguma religião. Os vitrais coloridos eram a única coisa ali que pareciam com ela, uma junção de pedacinhos de vidro colorido formando uma bela imagem, a menina era constituída assim, como os vitrais. Nesse momento era um vitral com medo de despedaçar, um tanto descrente do vai dar certo, não sabia como pensar, o que dizer. Medo de seguir pelo caminho errado. Trilhões de palavras foram jogadas em sua mente, foi obrigada a enxergar as coisas pelo olhar de outro. Confusão total. Por mais que tivesse sua fé própria, estava com a espiritualidade um tanto rompida, precisava sentir mais a presença de Deus. Mas foi observando os vitrais que lembrou de quando observava o céu, sentia o vento, e só dessa forma já tinha certeza de Ele estava ali, ao seu lado. Não precisava vê-lo, porque ele é o amor, e isso é o que ela mais tem.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Fique.

Leia ouvindo essa música: http://letras.terra.com.br/marcelo-jeneci/1524699/

O sol nunca brilhou tanto como ultimamente, a água nunca foi tão límpida, nem o vento tão gélido. O azul do céu toma conta dos meus pulmões, e eu aspiro esse ar novo como se tivesse nascido agora.
Talvez eu tenha mesmo nascido agora, nesse instante. Meus olhos são de criança, tenho me encantado com o novo, questionado o desconhecido, abraçado o sorriso adulto-adulterado. No fundo eu tenho vivido, como nunca havia feito antes. Hoje eu sinto o que é sentir, no sentido mais lato da frase. Redundante? Talvez. Sinto, sentir, sentido.

Por favor, fique. Fique áurea nova. Acalente-me, envolva-me. Viva-me como estou te vivendo.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Para alguém que longe está.

Ouvir ao ler o poema: http://letras.terra.com.br/5-seco/1902674/
De preferência não muito alto.

-

Vem e vai
Volta e fica
Pede e tem

O que estou fazendo?

Claridade de sentidos
Pensamento dançante
Curiosidade andante

O que estou fazendo?

Anceia e permanece
Promete e (des)promete

Saudades intermináveis.
Espero e canso.
Ando.
Volte!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

amo o amar.

Ultimamente tenho tido medo de escrever, é como se as palavras possuíssem o poder de mostrar minhas fraquezas, meus defeitos. É como se toda vez que eu as colocasse no papel elas criassem vida própria e ao desabrochar falassem comigo. Eu as ouço toda vez que escrevo, umas são tímidas, já outras se expõe e gostam de serem vistas.
Certa vez um verbo me disse que não gostava muito de ser usado e que eu lhe dava muito valor. Era o verbo amar. Então eu lhe disse que ele deveria sentir-se lisonjeado por eu usa-lo tanto, e ele falou: -Use-me... Mas só se ao me escrever você me sentir. E eu lhe falei: - Eu te sinto todos os dias, te sinto em mim, nas flores, no céu, na boca, nos outros. Eu vivo você.
E vocês, já conversaram com ele? Já o viveu? Já o sentiu na pele?
Hoje o verbo rompeu meu medo e fez-me escrever. Não são belas palavras, mas são sinceras. Hoje eu só estou aqui porque descobri que eu amo isso. Eu amo escrever. Eu amo o amar.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

À Francesa

Marina Lima


Meu amor se você for embora
Sabe lá o que será de mim
Passeando pelo mundo a fora
Na cidade que não tem mais fim
Hora dando fora hora bola
Uma irresponsável pobre de mim
Se eu te peço para ficar ou não
Meu amor eu lhe juro
Que não quero deixá-lo na mão
E nem sozinho no escuro
Mas os momentos felizes
Não estão escondidos
Nem no passado e nem no futuro
Meu amor não vai haver tristeza
Nada além de fim de tarde a mais
Mas depois as luzes todas acesas
Paraísos artificiais
E se você saísse à francesa eu viajaria muito muito mais