sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

solitude

o mundo desaba por todos os lados em que escorrem as lágrimas salgadas provindas da não confiança.
não confie no mundo.
não confie nem mesmo em você
porque nós humanos, somos capazes de fazer as piores burrices.

o mundo é só.
cada um no seu corpo corrido da rotina.

o mundo agora,
sou só eu.
escorrendo em lágrimas espasmódicas.

não seja ingênua moça,
não há amor no mundo

a bomba de hiroshima está em cada um
explodindo dentro de nós e esparramando para o outro
o outro que não enxergamos e que morre por dentro,
como nós.

dentro do quê?

adentro
em cada palavra confusa
das bombas explosivas que pairaram por aqui
e vejo que não existo 
em mim

e você também
não existe pra ninguém

e somos todos uma montanha de corpos escassos
que vivem só

e não há poesia que salvará dessa vez.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

[verso cinza]

poluição
sonora
de palavras

poeira
sonora

de palavras
pálpebras 
fecham-se lentamente
conforme as palavras tontas
escorrem na sonoridade
que martela a cabeça
da moça
que amou demais
mas ainda
não aprendeu a amar

que viveu demais
mas ainda
não aprendeu a viver

que poeta nunca foi
pois seus versos
são como cinzas
provindas do fogo ardente
que pulsa dentro dela.
Não aguento mais as lágrimas provindas dos poetas fétidos de amor. Não aguento mais o amor, nojento que escorre entre as minhas veias floridas de cores intensas. Não aguento mais sentir. Não aguento mais amar. Não aguento chorar.
As palavras não cabem, escorrem
explodem de cada parte do meu corpo que recorda a sua voz dizendo que me ama, que me enxerga. 
Talvez
eu seja confusão demais pra você aguentar.
Talvez 
as crises de ansiedade me rotulem 
como o caos parte do mundo.
Talvez
o amor não seja pra mim.
Poeta maldita que só sabe escrever em primeira pessoa.
Poeta insana que só sabe amar o mundo inteiro.
Poeta que cospe tudo
pois não cabe nada
em nenhuma fibra do ser
nojo
de mim
do amor que não cabe
e das palavras translúcidas em lágrima.
Sono latente cobre-me a face da onde as lágrimas escorreram e olhavam pra ti e choravam mais ao ver tuas lágrimas.
Contundência plena de versos tortos com palavras incertas de uma madrugada confusa.
Espero.
Durmo.
Fecho os olhinhos remelentos como se tivesse cinco anos de idade novamente. Tiraram o doce de minha boca. Enrolei-me aos edredons pra ver se o mundo sumia. Fechei os olhinhos de novo, e mal conseguia abri-los. Espero que a remela nunca mais me deixe ver o mundo. 
Porque o mundo não é mais mundo
desde que você
enunciou
não ver mais
a poesia
que existe em nós.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Bocas famintas de palavras inteiras.
Corpos escassos com abraços calados.
Danças escuras em baile cansado.

Dores passadas que não querem sumir.
Flores amargas que não querem viver.
Vidas compostas que não vão ajustar.

Noites inteiras pensando no mundo
cores mal-feitas pra tudo que há

muitas palavras
não cabem aqui
tantos poemas
não sabem falar

arte perfeita
não vai existir

só uma poeta
ao mundo olhar.