quarta-feira, 16 de julho de 2014

- Moço, me ajuda, por favor. Me ajuda a entender porque é que as coisas explodem tão grandemente dentro de mim.
Me ajuda a entender porque tudo é tão difícil, tudo tão complicado, porque todas as barreiras parecem ser intransponíveis. Porque eu tento, tento e nada parece ter resultado. Porque eu sou tão... tão assim, sabe?

O moço fitou a menina e pensou em o que dizer. Mas não saiam palavras. Então, abraçou-a.
Deu-lhe um abraço forte, acolhedor, abraço repleto de carinho, o qual proporcionou um raro e breve momento de segurança à menina, que percebeu enfim que podia contar com ele, que não estava sozinha. Mas, ainda assim, ela se culpava. Julgava-se como a responsável por todos os problemas que se passavam, menosprezava-se. Mas viu nele uma luz, quem sabe um norte.
Um ponto de amor num mundo tão solitário. 
Os dois então resolveram ir ao quintal colher amoras na árvore antiga que havia ali.
A menina, logo após colhe-las, escolheu uma e amassou-a com o dedo indicador, deixando-o todo avermelhado, tocou levemente na boca do moço que logo avermelhou-se também, feito tinta vermelha que escorre e pinta.
Eles sorriam e deliciavam-se com aquele suco da amora. Ela sentiu em seu peito uma alegria que era tão rara, tão única. E era ele, aquele moço, que a fazia sentir assim. Ela pensou em beijar seus lábios, mas esquivou-se. Sentiu vergonha, talvez. Ou medo de ele não aprovar. Quem dera esse moço fosse meu, pensou.
Os dois cheiravam à amora. O moço com a boca toda avermelhada se aproximou da garota. Bem de perto, sentiu sua respiração. Fitou-a. E lentamente tocou-lhe os lábios. Bocas avermelharam-se, juntas. 
Aquele beijo sensual envolveu-lhes, de modo que pareciam estar num mundo em que só eles convivem, tamanha a sintonia e tamanho o amor que brotou. Suspiros. Abraços. Mãos. Boca. Corpos enrolaram-se debaixo do pé de amora. Amorando-se.

por: Iaiá Gonçalves e João Ricardo Würch Selbach

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