sexta-feira, 11 de julho de 2014

foto por: Gabriela Frigo

como num furacão, a arma disparou. e saiu pétala pra todo canto da cidade. enormes, esvoaçavam conforme o vento e cobriam tudo quanto era corpo. matou muita gente. uns, morreram asfixiados pelo cheiro primaveril, outros, pela coloração. Eram margaridas de enterro. Daquelas que se coloca sobre o caixão, pro morto ficar mais bonito.
Eram todos vivos-mortos naquela cidade de pedra. Sangravam por dentro e cheiravam a azedume de cansaço. Só faltava o caixão.
Dois tiros.
E das flores atiradas
nasceram outras na rua
como aquela do Drummond
que brotou do concreto pútrido ríspido sujo
e fez o mundo virar jardim.


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