segunda-feira, 18 de agosto de 2014

a m o r: era formiga, virou elefante.

Uma formiguinha entrou dentro de mim e foi andando por todo meu corpo, passou pelo pulmão,artérias, faringe, garganta, narinas, boca, língua... até que: Atchin!!!!
Saiu como num espirro rápido e forte. Expeliu do meu corpo. E caiu no chão. Estava toda manchada de sangue, afinal, perpassara o meu corpo inteirinho, dos pés à boca. Vermelhinha, tentou se mexer, mas estava exausta de tanto caminhar por dentro de mim. Agachei, recurvei o corpo e deitei no chão ao lado dela; a peguei com a ponta dos dedos, que logo se mancharam de vermelho também. Observei, tão pequeninha, as patinhas mexiam de leve. Até que eu percebi que a formiga estava numa transformação corporal, se contorcia toda como num bailado contemporâneo, e foi expandindo suas patas, esticando... Crescendo. Seu corpo foi formando uma palavra. Meus olhos atônitos miravam a formiga, que já não era mais formiga. Era palavra, imensa, gigante, bem a minha frente. Escorria vermelho por todo o chão branco. E ela se contorcia cada vez mais: sim essa palavra dançava! O chão, agora rubro, começou a transbordar tinta vermelha -sangue do meu corpo- 
e num mar vermelho
a palavra
que de tão pequena
já fora formiga
agora era elefante
elefanteava pelos cômodos da minha casa
e os mais recônditos espaços do meu coração
pulsavam palavras vermelha-sangue-do-meu-corpo, amarelo-dia-a-dia, cinza-celestial, azul-nós-debaixo-da-coberta, branco-criança, verde-ciranda-na-praça
eu, na doce ilusão de que sabia pintar poemas,
juntava
cor com cor
letra com letra
e logo, formava amor
que com todas suas cores
bailava
tentando ocupar todo o espaço,
como se quisesse alcançar o céu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário