sábado, 16 de novembro de 2013

Quando ouço uma música alta, lembro-me de todas as danças que já vivi. Dos frutos colhidos, deixados, atados. Amados. Sim, lembro de cada sorriso, de cada pessoa, de cada amor. O primeiro. O segundo. O terceiro. Onde estarão nossas caixas de lembranças futuras? Onde se escondem as mágoas e os não-ditos? Pra onde foram as cartas não entregues? E os abraços quebrados. E a vida num ritmo calado.
Não.
Aqui as coisas nunca foram assim.
As cartas sempre foram entregues, os ditos: falados. Os dias, inteiros. A forma, concreta. E tudo, absolutamente tudo foi sentido. Da boca até o último fio de cabelo. Da dor até o amor absoluto. Da presença até a saudade. Do sorriso até o choro de agora. E puta que pariu, quanto choro eu já tive, quanto sorriso, quantos ditos, quantas noites, quantas cores, odores, cafés, conversas, banhos, dias. Quantos dias você já viveu? Quantos dias você está mais perto da morte? Diga-me, diga-me sobre quantas foram as vezes em que você se permitiu ser sincero com a própria vida e arrancar dela cada fibra do sentir. E deixa-la correr por entre as veias, juntando-se ao sangue que pulsa dentro de nós. E deixar que tudo corra capilarmente entre cada caso contraído distraído, acabado. E permitir que mesmo no acabado, aja recomeço. E no recomeço, aja fim. E no fim aja começo. E que tudo se junte num balaio só, e grite, exprima, expresse e que seja exímio e torto. Que seja de tudo um pouco.
Que seja amor. 
E inteiramente vida.

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