sábado, 26 de outubro de 2013

Pela manhã.

[11 de dezembro de 2012]


Hoje eu tomei um café numa mesa de bar. Não tinha floreios nem falas maquiadas. Não era sujo nem limpo. Era aquilo e ponto. Era real. 
- Por favor, quanto é o café?
- Um e vinte.
Pensei: "Na mulher ali da banquinha da esquina é um real" 
Oh vinte centavos. Vai mesmo fazer tanta diferença?
-Vê um por favor.
-Com leite?
-Não. Puro.

Ele me serviu, num copo de vidro que já perpassara várias bocas e mãos matinais. Que fora lavado e recolocado. Lavado e re... Consecutivamente. 
Agradeci. Ele perguntou:
-Só isso moça?
Respondi:
-Só.
- Um cafézin, só pra acordar , né?
Sorri, meio de lado e disse:
-É. Pra acordar. Isso mesmo.
Ele sorriu, nem tão de lado.
Pensei que era pra acordar mesmo, pra acordar ao lado daqueles raios que batiam no vidro que tapava os salgados fresquinhos. Comecei a tomar, o copo tava bem quente, senti o calor nos meus dedos. Engoli um pequeno gole, tava bem doce e fresco. Observava aquele local, só tinha eu, o balcão, uma moça com olhos um tanto envelhecidos e transeuntes à porta. Coloquei uma música e apreciei os dois ao mesmo tempo. O café com música e a música com café. E eu com os dois. 
Tava tudo bem doce pela manhã. Bem vivo. Sorri e nem sei se tinha motivo. Escrevi isso e talvez o motivo seja mais oculto ainda. 
Foi um bom dia.

-Obrigada moço, bom trabalho.

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