quarta-feira, 16 de outubro de 2013

-confluências de dizeres-


tava precisando escrever
botá a boca no trombone
te dizer que eu cuido do teu medo
que eu cuido das tuas dores
que eu cuido de você, moço
me deixa fazer parte
me deixa fazer parte
mesmo que a gente sinta que tudo
tudo nessa vida segue um rumo
mais pro fim que pro começo

tava precisando escrever
pra ver se assim me entendo
compreendo meus anseios
meus receios pós-dor-passada
meu medo bem menina
de pisar em campo novo
e colher fruto recente

eu nunca soube amar direito
nunca soube ser vazia
ir com calma
ir deixando

eu nunca soube amar direito
nunca soube ser metade
ir na beira
ir distante

sempre soube
ser inteira
(intensa)
clara
exatamente iaiá
do jeito mais enroscado
cheio de prosa
cheio de cor
de cuidado
-mas não, eu nunca soube cuidar de mim-

cheia de vida
pra dar , receber
pra ver
e engolir cada pedaço de algodão
e doçura
que cola na boca e fica
e dizeres piegas
que dizem mais que muita coisa

Não. Eu nunca tive medo de falar.

-me perdoa moço bonito? por ser tão iaiá!-

por ser assim
bem assim
bem iaiá

ligeiramente amante da vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário