quinta-feira, 12 de setembro de 2013

para ouvir ao ler: http://www.youtube.com/watch?v=CBEAaKcnNRg

''É como esquecer a letra da sua música favorita.''

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Olívia pela primeira vez lidou com a falta, porque ela de fato existia. E nas andanças corridas da vida dessa menina cheia de amor, pela primeira vez, ela de fato consumou o Adeus.
Estava sentada com aquela montanha de folhas -todas suas produções artísticas que faziam parte do período desde a paixão até a dor, especificamente: de janeiro a setembro- e esperava ele chegar. Haviam combinado às catorze horas. ''Mas ele sempre atrasa'' , pensava ela. E voltava a folhear todos aqueles papeis. Era uma e meia, horário em que Otávio chegou; Olívia mesmo que bastante surpresa com seu adiantamento cumprimentou-o naturalmente. Tudo borbulhava dentro dela, não sabia como contar o que consumaria o fim. Estava estudando tragédia grega na semana do término, e pensava com seus botões o quão trágico seria aquela situação. Encarava aquela boca que tanto lhe pertencerá, aquele corpo, aqueles olhos... Ah, aqueles olhos!
Olívia sentia-se perdida, tinha vontade de abrir um buraco e se enfiar e sumir e ir pra bem longe. E.
Ele olhou para ela e disse: - Oi. Bem? Hmm, conte-me o que tem para me contar.
Olívia disse que sentiria-se melhor se eles conversassem sobre como andavam as coisas para cada um e que preferia dizer o motivo pelo qual estava ali na hora deles irem embora. Otávio começou a falar sobre seu preparatório para o maldito vestibular. Olívia falou sobre sua vida frenética da universidade e mais trocentas outras coisas que lhe faziam esquivar-se do motivo real que a levou até ali; doía por dentro só de pensar em como enunciaria todas as palavras que romperiam com qualquer coisa posterior. 
Foram palavras atrás de palavras e sorrisos. 
Até que o moço virou e disse: -Conta.
Pegou a caneta que estava na mesa e começou a riscar a garota. Fizeram algumas brincadeiras e sempre que havia alguma pausa ele soltava um: Conta. Conta. Conta.
Olívia virou-se e perguntou: -Você não faz ideia do que seja?
Otávio sorriu e disse: -Ah, eu imagino, mas prefiro não chutar nada. -O sorriso denunciava que se ele imaginava alguma coisa, com toda certeza, não era o que a garota tinha para contar-

Olívia respirou fundo e desabou, desaglutinou sentenças e desfez a angústia, mas ao mesmo tempo concretizou a tristeza. Foi falando e falando e a cada palavra pronunciada, uma lágrima se escondia dentro de Otávio.Talvez não esteja em minhas mãos contar o que Olívia disse, mas eu vos digo: Ela tinha um fato para contar e o faria por sinceridade consigo mesma, e talvez, inconscientemente por vingança à quantidades de dores que Otávio lhe fez passar em um ano. O ponto é que esse texto mal feito não é para tratar do que Olívia disse e sim do resultado de sua ação.

- Estou puto com todos. Inclusive, com ele. Mas infelizmente, minha Olívia, não consigo me magoar contigo. Na verdade, eu nunca sei bem o que te falar. E nossa, eu...

Olívia não sabia o que dizer, queria que ele a odiasse por ter feito aquilo e estar te contando.

-Você o achava bacana?

- Er, um pouco. -hesitou Olívia- Na verdade, bastante.

Otávio com a maior feição de indignação proferiu um: - Ele é um saco. E não, ele não é maduro. E...

Um. Dois. Suspiros.

Calaram-se, ficaram em torno de vinte minutos encarando um ao outro, Olívia enfiou a cabeça na mesa sobre os braços cruzados e engoliu todo o choro. Otávio abraçou-a bem forte. Catarse. Foi exatamente isso que a garota sentiu: Catarse.

Três. Suspiros.

-Vou embora.

-O que?

-Minha cabeça estava doendo muito antes de vir pra cá , tinha passado, mas agora ela voltou a doer absurdamente. A melhor coisa que faço é ir para casa.

Otávio abraçou Olívia e ficaram ali por um bom tempo. Ela pegou o envelope com vinte e duas folhas de escritos, e entregou pra ele. Na capa do envelope marrom havia escrito com letras meio tortas:

''Quando não tenho mais nada para dar pra alguém,
dou palavras.

Feliz aniversário.
2013

Olivia.''

Nesse dia Olívia roubou uma foto 3x4 de Otávio, para guardar na caixinha de lembranças dela, e colocando-a ali, simbolicamente guardaria teu amor passado. Nesse dia Otávio levou teus escritos e tuas falas. Nesse dia uma montanha de lágrimas se consumou dentro daquele (casal). Nesse dia, ele continuou engavetando o que sentia e Oli continuou seu percurso pelos ladrilhos cheio de amor -cortantes, mas que lhe cediam energia- 

Nesse dia, depois de um ano de andanças e confusões, eles não precisaram dizer nada para enunciar o ponto final, porque eles sabiam que o que Oli tinha lhe dito naquele dia era suficiente para 


Fim.

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