segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Sobre lembranças e caixinhas


Eu tenho duas caixas de lembranças, uma eu ganhei a uns dois anos atrás, achava que não ia ter nada pra colocar, hoje tem tanta coisa que nem cabe mais. Entre as memórias ali dispostas, têm pétalas de girassol, um papel com batom borrado, uns ingressos, o feijãozinho da terceira série, tanta coisa.
A segunda caixa de lembranças eu ganhei ano passado, ela é grande e ainda não tá toda ocupada. Dá pra bastante memória.
Lembro-me das vezes em que achei que as lembranças se perdiam com o tempo, mas talvez não seja bem assim, talvez num vai-e-vem de acontecimentos, a gente consiga gravar na mente o que de fato importou. 
Não gosto de cobrir lembranças boas com uma montanha de coisas ruins que surgem. Detesto rompimentos.
Sou frágil e prolixa. Me perco dentro de mim mesma. Perco-me nas lembranças.
Efemeridades ressurgem a cada instante, e ter as caixas é uma forma de guardar tudo, tudo que vai indo vai andando no gerúndio diário.
Aliás, nunca gostei de diários, de escrever todos os dias sobre as coisas que ocorrem.
Eu tenho cadernos de escritos mal feitos, sem estética alguma, sem pensar, só palavras jogadas pro mundo.
No dia que eu morrer, quero que os cadernos e as caixinhas de lembranças estejam lá. Quero que tenha música boa, café quente e muito doce. 

Lembro-me de lembranças embaralhadas com sentidos que surrupiam e perpassam minha boca, até que eu vos diga o que tenho vontade.
Sou um relicário, daqueles bem antigos. Que podem quebrar a qualquer momento.

Memória, não se vá. Que se comemore o memorando da vida. 
Um dia, terei uma caixa só de memórias boas. E cujas lembranças não precisem ser afogadas por decisões ruins.

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