segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Uma carta mal escrita.

-amassada que nem papel-



Estava tudo revirado como papel amassado no fundo da gaveta cheia de poeira, papel que você abria e vinha mais amasso e mais pó. A cor rubra da minha dor desfalecida. Mas lá no fundo, um armário, uma gaveta, uma gaveta dentro da gaveta, e o papel. A lembrança. E agora você volta, acha mesmo que pode? Que pode trancar o papel ali com aquele turbilhão de palavras ditas e sentidas e voltar? Voltar como se nada tivesse acontecido. Como se não tivesse desfalecido de corpo e alma por você, pra te ver bem. Será que não percebe? Não percebe que postulamos o fim? Que todas as póstumas felicidades que viveríamos, não cabem mais no papel. Papel passado. Jogado. Você jogou fora. Não soube lidar com meu amor, não era isso que tanto dizia? Que eu amo demais? Que não sabia lidar com essa minha forma bonita de ver o mundo, e nem sei se é bonita mesmo. Mas é minha. E essa sou eu. E eu não existe mais pra você. Não tô mais pro teu amor engavetado. Nem tem mais palavra pra ti, foram tantas, tantas ditas pra você entender a forma como eu via o mundo a forma como eu via a gente. E você viu, mas viu rápido demais. Dizíamos que íamos aguentar o tranco, não é? E você desistiu. E agora no redemoinho de minha vida, você volta? Assim, do nada? 

Vá-se embora. Não tem mais palavras pra papel amassado.

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