terça-feira, 4 de junho de 2013



Disseram-me uma vez que o céu estava engarrafado, pois então resolvi olha-lo e vi que ele tava sim, sendo sufocado pela pressa da manhã, eram tantos pés sincronizados, tantas mentes atreladas ao relógio, um vai e vem de gente e iam se esparramando pelo asfalto junto à poeira asfixiante, às bitucas de cigarro que ainda exalavam o cheiro de pulmão paulistano. Bocas acordando, buzinas a falar, olhares passando despercebidos. Vives correndo. Morrerás às pressas também? E céu estava ali, engarrafando-se, perdendo-se em meio a todos nós; estava quase ficando cego ao ver a nossa cegueira diária... 
Mas o sol estava ali também, misturando-se ao azul do céu e lhe cedendo calma. Tava ali, parado, apenas refletindo seus raios matutinos em nossos fios de cabelos amanhecidos, perpassando nossa pele que se desgastará com o tempo junto com as solas de sapato que continuam andando sem parar. Sem parar pra ver uma luz que está ai todos os dias, ora a noite, ora de manhã ou no sorriso de alguém, no conversar do pipoqueiro, no toque do amante. Uma luz dentro de mim, de você. De todos nós. Uma luz despercebida.

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