terça-feira, 28 de maio de 2013

fim

A essa hora da noite os meus olhos que tanto te viram e já acostumados à cegueira mundana só pensam mesmo em se fechar. Se pudessem ficariam séculos fechados e abririam numa primavera qualquer para vi(verem). Adocicado o sabor da boca noturna desgastada pós-dia em que falas foram soltas , em que o ar saiu do âmago e expeliu. Boca. Mãos. Olhos. Vejo que acabou. Lamento, antigo companheiro de chuva e frenesis. Lamento do fundo dos olhos que logo mais esquecerão sua imagem. Lamento do fundo da boca que não lembrará mais o sabor do beijo. E das mãos, e do corpo e até mesmo da fala que desfalecendo-se esquecerá, esquecerá e só terá uns dizeres, dizeres de lembranças de algo que foi bom. Lamento de corpo e alma -eles, que me fizeram, tentar, até o mundo resolver que tinha acabado-

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