terça-feira, 9 de abril de 2013

sobre amor


As palavras estão trancadas, estão querendo ar, mas por descuido próprio, escondi-as de ti, por pensar mais em você do que em mim. Palavras respiram na liturgia diária que me leva a escrever, porém, respiram pra dentro, têm tanto medo de sair por aí, de soltar-se, de dizer o que sentem. Porque elas, até elas, sofreram. Até elas calaram, diante de tanta confusão. As pálpebras dos meus escritos fecham-se a cada vez que penso em dizer algo sobre você. Sobre cortejos de verão e beijos na chuva. Sobre isso sobre aquilo. Sobre abdicar um pouco, pelo outro. Sobre sentir que vale a pena. Ah, Deus, rogo-lhe epifanias literárias! Quem sabe assim mergulhada no tempo da saudade e no tempo que ora pulsa felicidade, ora, no breve espaço do lembrar, traz-me tristeza. Quem sabe mergulhando-me cada vez mais nas cálidas palavras que procuram por paz eu pare. E pense que para seguir , basta ser forte, tão forte como fui a seguir junto. Forte ao entender, que uma hora, finda. Afaste-me de mim a solidão narcótica dos vivos, que possa eu, viver só, mas sentir-me inteira. Que possa viver o outro, viver o eu, viver o nós. Que eu possa viver! Permite-me? Me ajude, ao menos, a te deixar. A esquecer os dedos nadando no sexo da flor, as mãos purpuras da pele real, pele que cola no corpo do outro e não larga mais. A esquecer que devo esquecer, e simplesmente, conseguir com a mesma força que me fez tentar, largar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário