segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Sobre nós e meu coração bagunçado.


O chão da cozinha era cheio de ladrilhos coloridos. 
Flores sobre a mesa, num jarro de água simples. 
Cheiro de café fresco.
Eu olhava pela janela por onde o vento entrava percorrendo toda a sala e pensava em como é que tudo isso ia acabar.
Nós. 
Fitei o cursor que piscava na tela do computador e não soube prosseguir. Depois de escrever nós, assumo que deu uma pontadinha de dor. Dor ao pensar no fim. E sim, ele existe. Existe com tanta concretude, que às vezes consigo senti-lo sem ao menos ele ter chegado.
Ah, eu tenho pensado em tanta coisa, guri. Na vida, nas escolhas, nos espaços, ocorridos, pessoas... Laços. Acasos. Afeto. Fins.
Escolhas.
Não faço ideia de como fui capaz de escolher viver o que estamos vivendo. Não depois de tanta dor... Opressão. É , você sabe. E aí, você surgiu, do nada! Trazendo essa calmaria e esse jeitin tão doce de estar.
E estamos.
Mas...
Sempre que eu olho pro lado de fora da janela, eu penso que talvez você já esteja indo. Ou eu esteja indo.
Ou na verdade eu só tenha uma mania maldita de boicotar meus próprios relacionamentos.
Eu. Tenho medo de vive-los.
Porque,
tenho medo do fim.
Mas.
Droga.
Eu já te amo.
E eu amo demais tanta coisa nessa vida. 
Tem tanto amor aqui dentro, que eu acho que eu vou explodir.
Por que às vezes cai lágrima dos olhos e a gente não sabe o porquê?
Por que o céu é azul?
Será que eu vou conseguir montar minha trupe de teatro e sair por cidadezinhas do interior me apresentando?
Será que...
Paris já me é tão distante.
E o feminismo que pulsa em mim, onde estou depositando-o?
Tanta coisa.
Reflito.
Esqueço
De tudo

pois penso
em ti.

malditas palavras honestas
que rodeiam viram pulam
mas sempre caem
no que de fato se quer dizer
e eu acho
que eu já nem sei mais
o que quero dizer
porque tá tudo tão embaralhado!
tudo tão cheio de mim
de você
de vida
e tempo demasiado
pra se pensar
e penso
penso
logo
percebo
que tô com medo
porque já te incluí demais nas minhas poesias
e você definitivamente já está fazendo parte delas
e isso
é preocupante...

há afeto demais
certezas de menos

poesia exposta
falando de ti.

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