quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Rabisco das 22hh00

Não quero te magoar. Não quero ser magoada. Não quero que o que sempre acontece, aconteça com nós.
Já não sei mais o que somos. Nunca soube, pra falar a verdade. Mas sempre foi tão bom, que eu nunca me preocupei demais em definir. Estarmos por perto, bastava.
Mas já não sei se ainda basta. Você é um grande amigo, de fato. Mas você bem sabe que eu não quero ser só sua amiga.
E essa coisa de amigos que se beijam sempre foi tranquilo por aqui. Mas. Contigo é diferente, porque eu não te vejo só como um amigo. Na verdade, eu não sei como te vejo. Não sei nem se consigo ver a gente. É tudo tão leve que eu acho que vai voar pra longe, bem longe num instante rápido em que eu piscar os olhos e... Fim. Sumiu. Virou vento escapulido. Sinto nós mas não consigo tocar. Não tô falando de dizer nada ao mundo. Tô falando de dizer à nós. E. Acho que talvez a gente diga de formas muito diferentes... E não tá sendo tão fácil preu me acostumar. Aqui sempre houve tempestades absolutas cheias de intensos sentimentos... E agora, todo esse riacho de água doce, essa leveza, esse vento que sopra fraquinho. O que você quer?
Ou você ainda não sabe?
Ou tem medo de tentar saber?
Eu sei que está se permitindo, e estamos... 
mas me fala, por favor.
mas me fala de um jeitin leve
que nem a gente
me fala alguma coisa
sobre o que se passa aí dentro
sobre os momentos raros e preciosos
em que consigo tocar na gente
e sentir que de fato
existimos
(não só na poesia)

esses momentos
ah
me fazem sorrir.

sabe que hoje
nossa conversa ao telefone
foi a pior que já tivemos desde que nos conhecemos
pior que os momentos de conversas frágeis
pior, porque as conversas frágeis demonstraram 
o quanto estamos dispostos a entender um ao outro
mas hoje...
eu só liguei porque precisava esclarecer
algo que havia sido dito errado
e eu não queria que você fosse dormir pensando coisas erradas.
e eu queria que você dormisse bem...

-menos de um minuto. palavras frias. telefone desligado. tchau.-

foi estranho
porque eu não senti a leveza gostosa que existe em nós, juntos.
juntos?
é incrível como eu não consigo dizer as coisas que penso pra você a não ser através dos meus textos, não é?
perdão. acho que essa é a sina dos que se envolvem com poetas, encontram-se redoma de textos e versos rabiscados madrugadas a dentro. 
Eu queria poder falar essas coisas pra ti, sem ser por aqui. Mas não dá. Porque eu tenho medo, de você se assustar.
Mas isso aqui assusta muito mais, né?
[risos]
minha poesia só sabe assustar mesmo
essa então, toda confusa e rabiscada
só tá tentando dizer que mesmo que tu não saiba o que quer
quero que sabia
que eu quero estar com você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário