domingo, 25 de maio de 2014

Não dava pra ir dormir, sem falar a respeito dos girassóis. Sabe moço, acho que cansei da poesia, hoje vou tentar, numa prosa curta (e grossa. digo. grosseiramente sem jeito) te dizer o que se passa. Anabella adorava dias honestos com luzes e bandolins. Você sabe. Sempre soube. Dos olhos gigantes e das rodas gigantes com sabor de céu. Seu beijo, me contaram, que seu beijo tinha gosto de lágrima. Lágrima sem sal. Lágrimas doces e translúcidas. Anabella se afagava com músicas efêmeras e risos partilhados em dias de parque. Mas ela nunca deixou de te amar. Porque tem algo dentro dela que é de uma imensidão absurda. Onde cabe cada pedaço de carta rasgada, fotos antigas e corpos. Elas sempre (des)ajeita tudo dentro de um corpo que não se sabem mais os poetas se era corpo ou palavras, todas amontoadas junto ao vidrinho de aquarela que explodiu. Anabella era meio Olívia, meio Maria, meio Joana. Meio mulher. Meio moça. Meio vida.
Meia vida é quanto?
Vai me cobrar pra viver? Ou os gastos com sapatos de cristais já não bastaram?
Não tenho pé pra sapato de cristal.
Não moro em castelo.
Não sou Anabella.
Mas sei das dores dela
e das palavras todas grandes querendo sair. quase. quase rasgam-lhe a garganta
pra gritar sobre saudade e olhares que ficam.
ah. e o girassóis. sim. um dia amarrarei eles em fita e lhe entregarei junto a um beijo
sem sabor de lágrima.
e ainda te ajudo a explodir um potinho de aquarela
e quebrar sapatos de cristal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário