A moça rodopiava por entre todos os cacos que lhe perfuravam a pele e corria sem parar ao som da música que martelava em sua cabeça tonta de amor bêbada de risos antigos e roupas tiradas e pessoas e ele aquele o outro
tudo misturado encharcado
cuspia palavras pra ver se assim saía toda aquela dor absurda
sem pontos sem vírgulas
sem nada
nua de cor
de riso
só sobrava os cacos
do namoro que ela terminou
do moço que surgiu
do outro que foi (há tempos)
um. dois. três. quatro. outros. muitos.
tanta gente pra pouco coração.
tanto coração pra tanta gente.
eu devo ter dois corações
ou quatro
ou um espaço de mar
dentro de mim
que apita toda vez
que amo
e encharca-me o corpo
e os cabelos que cortarei
e os seios beijados
as mãos que toquei
e cada pitada do amor que explode entre as veias dos transeuntes que passam por aqui. e minhas veias saltitadas expelindo todo sangue do mundo, traduzindo as palavras que não saem.
o sangue que escorre explica
a vida que não cabe
acaba.
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