quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Tarde de dezembro.


Era uma tarde de dezembro. A vida corria como um relógio pulsante, o mundo girava e as flores brotavam. Peguei um café forte, abri um jornal e comecei a folheá-lo, via os horrores que aconteciam no mundo, cada morte e cada assassinato, era cruel e frio ver tudo aquilo.
Abri em uma página sobre um acidente de carro, em que o único sobrevivente foi uma criancinha de 4 anos. Fiquei estática, paralisada, a angustia era tanta que não conseguia falar, observei bem a imagem da criança, meu olhos de um negro intenso estavam semicerrados e nem as lagrimas conseguiam sair. Era uma criança linda, de cabelos escuros cacheados, pele branca como uma flor de hibisco, graciosamente menina. Meu coração pulsava aceleradamente, e foi nesse instante que vi a foto do lado direito da página, dos pais da criança. Eles eram meus. Meus pais. E a sobrevivente minha irmã. Fechei o jornal e vomitei sem parar, meu estomago doía demais. Dei um grito extremamente alto e rasguei o jornal com tamanha voracidade.
A campainha tocou, eu não atendi. Depois de um segundo, resolvi abrir a porta.

Um novo jornal acabará de chegar. Olhei o relógio e vi que já era o do dia seguinte.

4 comentários:

  1. Mesmo que ela tenha ficado em choque, ela nem foi procurar a irmã, que absurdo.

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  2. Gostei bastante do seu testo ina, me lembrou um pouco alvares de azevedo que é um dos meu autores favoritos.

    Eu gosto do bizarro em literatura é algo que me agrada é um momento que o real se mistura com o irreal e toca voce.

    seu texto me deu esta sensação parabéns ^^

    by: klaus

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  3. Se ela foi ou não procurar a irmã, vai do leitor imaginar isso. O objetivo era exatamente esse, incomodar o leitor com um texto um tanto frio e sem um desfecho.
    (para insanidades mentais)

    Ah, obrigado, Chico.

    Quanto ao comentário do Klaus, nossa, sinto-me lisonjeada pela sua comparação. Meus textos não chegam nem aos pés dos de Azevedo e você me dizer que encontrou algumas semelhanças me deixa realmente feliz.
    Klaus, não se esqueça que é sempre bem-vindo ao meus escritos.

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