sábado, 9 de junho de 2012

perdendo as palavras


Estava frio, as pontas de meus dedos congelavam, os fios de meu cabelo estavam sem oleosidade, e brilhavam. A sonoridade dos seus batimentos entravam em meus ouvidos profundamente, era compassado; mas tudo aquilo tinha uma ternura sem igual. Sua pele branca, e os olhos negros fechados, delineava seu rosto com meus olhos e com a mão sentia sua pele. Um frio imensurável. Foi quando a campainha tocou, já era dia, lá pras nove da manhã, o sol se abria levemente e entrava pelas frinchas da janela. Tim-dom. E eu continuei ali, entrelaçando meus pés aos seus, sentindo a sua respiração. Não queria sair dali nunca, era a sensação de que ia durar pra sempre. A sensação de que não sente-se nada além de estar. Deixei a campainha tocando, calcei meus chinelos de inverno, e fui até a cozinha, fiz chá de camomila com pitadas de gengibre. Sentei no sofá e tomei-o, estava quente, uma boa pedida pro inverno. Foi quando você levantou, encostou-se na parede e ficou ali parado, aquele olhar misterioso que sugava-me a racionalidade; mãos cálidas e abruptas. Cabelo. Nuca. Boca. Me perdia no sabor bom, um dos melhores. Perdi os sentidos. Perdi a saudade. Perder. Sofrer. Viver. Er. Eu tô perdendo, perdendo a linha de raciocínio ao mesmo tempo que perco a vontade de esperar, em meio a uma confusão de palavras perco o ponto de concretude e não quero perder mais amor, não quero perder o que não tenho. Quero perder a vontade de ter o que pensei que tinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário