sábado, 20 de agosto de 2011

Sexta-feira



Tudo para. Os carros andam, as luzes acesas permanecem acesas. O revérbero me separa de tudo e e sua concentração da luz externa recrudesce a cada minuto que não passa. As únicas que andam são as buzinas -descontroladamente barulhentas. Em torno das seis horas da noite São Paulo para para mim, e observando-o percebo o contraste de um céu de várias tonalidades de azul, pondo-se a escurecer com o barulho dos ensurdecedores carros. Trânsito intenso, corpo cansado, mente aberta e alma limpa.
Vejo os transeuntes a andar pela calçada, uma sexta feira qualquer, mas nem tão qualquer assim, porque afinal nenhum dia é qualquer, cada dia possui uma linearidade única, é como se nossos passos formassem o dia; mas não se esqueça que o calçado se desgasta com o tempo.
O calor toma conta do ambiente, o ônibus está mais abafado do que nunca, vejo que os parágrafos aqui não fazem sentido juntos e nem possuem uma ligação lógica, mas isso traduz exatamente o pensamento de uma pessoa que sente como se o mundo tivesse parado para ela, para que ela o espiasse minuciosamente e tirasse todas as conclusões possíveis e impossíveis.
Quantas pessoas nesse momento nascem? Quantas morrem? E quantas dançam, comem, amam? Gostaria que nesse momento alguma pessoa do mundo estivesse como eu, dentro de um ônibus colocando seus devaneios em um papel e tentando sentir assim, sem anseios ou pretensões o ar fresco de uma sexta-feira a noite, uma sexta feira que se desfez do relógio e parou... Só para ser observada. Porque ela , minha gente, também precisa de atenção.

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