sábado, 14 de maio de 2011

Café sem leite.



O copo descartável encosta em meus lábios e o líquido de um marrom escuro, quase preto desce garganta a baixo.
Ele estava forte, quente, mas ainda assim com açúcar -pois o que seria dele sem uma doçura cristalizada?

Caneta em uma mão. Copo descartável vazio. Mordo o lábio inferior e sinto ainda um leve gostinho adocicado, aumento o volume da música e sinto o tocar do violão, meu corpo intuitivamente começa a balançar em um ritmo leve, acompanhando cada nota. As pálpebras fecham-se e deixo que a calmaria momentânea tome conta do meu ser, sinto o ar entrando em meu pulmão e penso no que escrever.
O som cessa, meus olhos abrem sem que eu peça a eles e eu vejo a vida nitidamente, como ao abrir uma janela e ver o raiar do dia, eu vejo a beleza de cada suspiro, cada passo dado, cada momento...

Duas moças conversam à minha frente, mas só enxergo os lábios abrindo e fechando em uma frequência pautada, soltando provavelmente palavras comuns.
Agradeço por estar nesse instante conseguindo tocar na caneta e desacolchetar a tinta azul que ela possui.

Que venham mais cafés, sem leite e com muito açúcar.

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